quinta-feira, 21 de abril de 2011

RESISTA À TENTAÇÃO DE PERTENCER A UM GRUPO - Augusto de Franco

Postado por Augusto de Franco em 11 abril 2011 às 8:30


http://escoladeredes.ning.com/profiles/blog/show?id=2384710%3ABlogPost%3A97414&xgs=1&xg_source=msg_share_post



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Sobre as dificuldades de se atirar na correnteza quando é tão mais fácil construir diques e ficar boiando na tranqüilidade da represa



As reflexões expostas a seguir são sobre redes sociais voluntariamente articuladas. Mais precisamente sobre a interação entre pessoas em prol de objetivos comuns fora de organizações hierárquicas ou do que chamo de grupos proprietários. Venho ruminando-as há algum tempo. A primeira versão dessas idéias publiquei-a, ainda no início de 2009, no texto Cada um no seu quadrado.



Na mesma época expressei mais ou menos assim uma convicção que estava se formando:



"- Não faça patotas, não construa igrejinhas".



O mundo girou, a luzitana rodou, e tal convicção somente amadureceu. Então vou publicá-la antes que apodreça (sim, conhecimento guardado costuma estragar).



Em geral as pessoas estão acostumadas a interagir em espaços proprietários (fechados), não em redes (abertas). Não estão abertas à interação com o que chamei de outro-imprevisível. Por isso fazem escolas, erigem igrejas, urdem corporações e partidos e servem à instituições hierárquicas (sejam sociais, estatais ou empresariais). E, às vezes, seu quadradinho é um espaço proprietário virtual, um blog ou uma página no Facebook.



Mesmo quando se aventuram a fazer redes, as pessoas, em geral, organizam grupos proprietários, estabelecem contextos que separam quem está dentro de quem está fora, criam sulcos que acabam disciplinando a interação por meio de regras (muitas vezes tácitas, mas não por isso menos efetivas), de um glossário próprio (pelo qual ressignificam os termos que usam recorrentemente gerando algum tipo de jargão) não importando para nada se esta "wikipedia" (ou "contextopedia") privada está ou não publicada em um site aberto ou fechado; enfim, fazem tudo para promover o seu grupo – às vezes chamado de comunidade – à condição de instância mais estratégica do que as demais (os outros ambientes em que interagem, inclusive as midias sociais onde se registram). Este é um dos motivos pelos quais sua interação nesses outros ambientes é, em geral, tão pouco intensa ou tão pouco freqüente. Pudera! Seu tempo está tomado pelo seu próprio grupo (seja uma organização da sociedade formal ou informal, seja um órgão estatal, seja uma empresa).



E o mais interessante é que, muitas vezes, essas pessoas estão convencidas intelectualmente de que devem se organizar em rede. Não raro denominam de redes suas organizações hierárquicas ou seus grupos proprietários. Não estão – em sua maioria – mentindo ou fazendo propaganda enganosa. Elas acreditam mesmo que suas organizações sejam redes, desde que seus membros estejam convencidos (ou “tenham consciência”) de que agora entramos na era das redes (por algum motivo elas acham que consciência é algo capaz de determinar comportamentos coletivos).



Chega a ser fascinante observar como essas pessoas não conseguem viver fora do seu quadrado. E como racionalizam tal aprisionamento lançando mão das mais variadas teorias sociológicas sobre grupos (a sociologia vem aqui, não raro, como um socorro contra a política, como uma proteção contra a experiência direta de uma política não-autocrática). Ah! é difícil, como é difícil se atirar na correnteza quando é tão mais fácil construir diques e ficar boiando na tranqüilidade da represa!















Pois bem. Tudo isso - que já foi dito e repisado, por mim e por outros, nos últimos dois anos - me leva agora a refletir sobre o seguinte: se quiserem realmente tecer redes as pessoas não devem se agregar a outras pessoas em grupos proprietários, comunidades exclusivas, inner circles, bunkers para se proteger do mundo exterior ou outras formas de organização constituídas na base do “cada um no seu quadrado”. Sim, pode parecer surpreendentemente contraditório, à primeira vista, dizer o que vou dizer agora:



- Se você quer fazer redes, resista a tentação de pertencer a um grupo.



Se você se deixa capturar por um grupo ou se põe a capturar outras pessoas para um grupo (que seja considerado - ou funcione como, dá no mesmo - o seu grupo), então você terá imensas dificuldades de interagir em rede de modo mais distribuído do que centralizado. Se você quer, porque acha que precisa, porque sente, às vezes desesperadamente, a vontade de se juntar a outras pessoas para executar algum projeto coletivo, compartilhar com elas suas idéias, seus sonhos (e também suas ansiedades), somar esforços, apoiar e receber apoio praticando a ajuda-mútua dentro de um campo de cumplicidade, enfim, constituir um grupo e coesioná-lo a partir de uma visão comum, de um “falar a mesma língua”, de uma sintonia fina de sentimentos e emoções, então se prepare para fazer o mais difícil: matar essa vontade!



Simplesmente mate essa vontade. Se preciso, vá para o deserto e passe um tempo lá. Se você já está conectado a outras pessoas, por que diabos quer também forçar uma clusterização que selecionará a priori algumas conexões como mais fortes do que outras, alguns caminhos como mais válidos do que outros, alguns planos feitos intra muros (quer dizer, dentro daquele clusterzinho que foi urdido antes da interação) como mais estratégicos do que outros?



Não há qualquer problema em se reunir com muitos grupos para propósitos diversos, públicos ou privados, interagir em vários aglomerados, atuar coletivamente em várias instâncias. O problema só surge quando você faz tudo isso não a partir de você mesmo, mas sempre a partir de um grupo que encara os demais ambientes coletivos como campo de atuação (e uma atuação inevitavelmente tática, mesmo quando você proteste o contrário) desse grupo.



Trabalhar em rede distribuída é diferente de trabalhar num grupo proprietário, numa organização nuclear que compartilha uma visão comum e exige essa visão comum para continuar interagindo. Na verdade, o problema está na construção de mundos baseados na participação.



Portanto, se você quer experimentar redes (mais distribuídas do que centralizadas), nada de grupo participativo, nada de chegar a algum formato com base em participação. Redes não são ambientes de participação e sim de interação. Não temos que decidir o que todos farão em bloco. Vamos interagir e ver o que acontece. O formato final de qualquer ação coletiva será sempre uma combinação fractal, emergente, de certo modo inédita e imprevisível, das contribuições de cada um.



Em outras palavras, se você quer fazer redes não pode esquecer jamais uma coisa: você é uma pessoa. Paulo Brabo (2007), em um texto que não me canso de citar, escreveu assim:



“A primeira coisa a fazer, se você ainda não fez, é desiludir-se por completo de todas as iniciativas comunitárias ou governamentais, por mais bem intencionadas que sejam, e raramente são. Esqueça, meu caro discípulo, o coletivo. A salvação não virá de ongs ou ogs, Gogues ou Magogues, poderes ou potestades. A salvação não virá de igrejas, assembléias, organizações de bairro, sindicatos, asilos, orfanatos ou campanhas de assistência. As ongs têm a tremenda virtude de não serem governamentais, mas contam com a imperdoável falha de serem organizações. Repita comigo: as instituições não existem. Só existem pessoas”.



É claro que é necessário entender o contexto confessional (ou teologal) em que Brabo escreveu sua bela homilia herética e fixar-se nas suas mensagens centrais: desiluda-se por completo das iniciativas comunitárias, esqueca o coletivo, reconheça a imperdoável falha das organizações (aquela que deriva do fato de serem organizações) e convença-se de que as instituições não existem: só existem pessoas.



Fale como uma pessoa. Seja uma pessoa. Não aja como se fosse um grupo, um projeto, uma organização (nem mesmo tuite como se fosse uma coletividade abstrata). Uma pessoa jurídica é uma pessoa imaginária (ou seja, uma não-pessoa). A vida gastou 3,9 bilhões de anos e as coletividades humanas formadas pela convivência gastaram uns 300 mil anos para constituirem essa tão surpreendente quanto improvável realidade que somos (o humano, a pessoa: o encontro fortuito do simbionte natural em evolução com o simbionte social em prefiguração) e na hora em que vamos nos apresentar a alguém, sobretudo a alguma coletividade, temos vergonha de dizer que somos “apenas” uma pessoa e preferimos declarar que estamos representando alguma dessas organizações vagabundas que, em média, não conseguem sobreviver mais do que poucos anos e que, além de tudo, são não-humanas, quando não desumanas.



Mas... atenção! Pessoa não é o mesmo que a abstração chamada indivíduo. Redes sociais não são redes de indivíduos e sim de pessoas. O conjunto dos pensionistas do previdência social não constitui uma rede social, assim como não constitui uma rede social a população de um país. O social, como sempre dizemos, não é a coleção dos indivíduos e sim as configurações móveis geradas a partir do que ocorre entre eles (que, então, deixam de ser indivíduos para passar a ser pessoas). Quando interagimos, tornamos-nos pessoas. Assim, pessoa já é rede.



Se você não tem liberdade para interagir nos seus próprios termos, como uma pessoa, se você diz: “vou consultar primeiro meu chefe ou meus companheiros” antes de decidir sobre isso ou aquilo, então sua porção-borg cresce e sua porção-social diminui. Em outras palavras, sua porção-rebanho cresce e sua porção-pessoa diminui. Em outras palavras, ainda: você perde um pouco daquela qualidade da alma que chamamos de humanidade.



Se você se define como participante de qualquer grupo, quer dizer, restringe suas possibilidades de interagir para se enquadrar nos termos já estabelecidos por outrem (ou, até, por você mesmo, porém antes da interação), então você terá muitas dificuldades de entender, experimentar e atuar em rede (distribuída).



Toda realização em rede distribuída é um projeto que vai se construindo à medida que avança, que vai se formando ao sabor de fluzz, que vai gerando ordem a partir – e no ritmo – da interação. Em tal contexto é desnecessário, a rigor, combinar antes o script. É inútil – e frequentemente contraproducente – mobilizar energia para direcionar um grupo.



Se você quer fazer redes, nada de formar uma comunidade que vá além do seu propósito específico e declarado (como se fosse um comunidade de destino). Não existe ‘a’ comunidade: existem múltiplas, diversas, comunidades. Se você acha que existe aquela comunidade que é ‘a’ comunidade (porque é “a sua”, a escolhida, a predestinável), é sinal de que você se deixou aprisionar por um grupo (às vezes uma prisão que você mesmo engendrou). E aí não vão tardar a surgir aquelas manifestações horríveis de pertencimento exclusivo, de fidelidade... Mesmo que você aceite o direto de uma pessoa de abandonar uma comunidade, isso não basta. É necessário aceitar o direito de uma pessoa de pertencer a várias comunidades ao mesmo tempo! Ou seja, é necessário desconstituir a cultura (ou quebrar a linha de transmissão de comportamento) do “cada um no seu quadrado”.



Você já notou que este direito não é reconhecido nas organizações hierárquicas, mesmo nas privadas, como os partidos e as empresas? Nas empresas esse direito só existe para os donos ou acionistas. Quando lhe pagam um salário, é como se dissessem: “comprei você e agora você é meu; nada de transar fora do meu quadrado”.



Se você quer fazer redes, nada de alinhar visões. Na maioria das organizações burocráticas, sejam sociais, empresariais ou governamentais, o tempo das pessoas é gasto em reuniões para alinhamento (ou seja, agrupamentos forçados para discutir como realizar melhor as diretivas estabelecidas por cima ou por fora da sua interação). Mal saem de uma reunião os “colaboradores” (um eufemismo empresarial para empregados, quer dizer, subordinados) já entram em outra reunião. E assim passam o dia: entre o computador, o banheiro, o café e as indefectíveis reuniões. Revela-se óbvio o motivo de tais reuniões: são ambientes de direcionamento voltados à reprodução de comportamentos, são campos de adestramento, são artifícios para proteger as pessoas da experiência de empreender, de criar, de inovar.



Se você quer fazer redes, nada de virar escola, nem mesmo escola de pensamento. As comunidades ditas de livre adesão, em sua maioria, são algum tipo de escola de pensamento, ou de igreja, ou de corporação, ou de partido, ou de alguma coisa que exija que você adote e professe uma visão coletivamente construída para pertencer ao grupo e poder falar em seu nome. Mas se você quer fazer redes, nada de criar coesões que separem os de dentro dos de fora.



Estar em rede é sempre uma aposta: a aposta de que da nossa interação desorganizada vai surgir algo interessante, não antes, no ensaio (“a vida é beta”, como diz o Silvio Meira), mas sobretudo ali, na hora exata em que ocorre, bottom up.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Capitalismo: risco de ecocídio e de biocídio, artigo de Leonardo Boff

O capitalismo é um modo de produção social e uma cultura. Como modo de produção destruiu o sentido originário de economia que desde os clássicos gregos até o século XVIII significava a técnica e a arte de satisfazer as necessidades da oikos, Quer dizer, a economia tinha por objetivo atender satisfatoriamente as carências da casa, que tanto podia ser a moradia mesma, a cidade, o país quanto a casa comum, a Terra. Com sua implantação progressiva a partir do século XVII do sistema do capital – a expressão capitalismo não era usada por Marx, mas foi introduzida por Werner Sombart 1902 – muda-se a natureza da economia. A partir de agora ela representa uma refinada e brutal técnica de criação de riqueza por si mesma, desvinculada do oikos, da referência à casa. Antes pelo contrário, destruindo a casa em todas as suas modalidades. E a riqueza que se quer acumular é menos para ser desfrutada do que para gerar mais riqueza numa lógica desenfreada e, no termo, absurda.



A lógica do capital é essa: produzir acumulação mediante a exploração. Primeiro, exploração da força de trabalho das pessoas, em seguida a dominação das classes, depois a submissão dos povos e, por fim, a pilhagem da natureza. Funciona aqui uma única lógica linear e férrea que a tudo envolve e que hoje ganhou uma dimensão planetária.



Uma análise mesmo superficial entre ecologia e capitalismo identifica uma contradição básica. Onde impera a prática capitalista se envia ao exílio ou ao limbo a preocupação ecológica. Ecologia e capitalismo se negam frontalmente. Não há acordo possível. Se, apesar disso, a lógica do capital assume o discurso ecológico ou é para fazer ganhos com ele, ou para espiritualizá-lo e assim esvaziá-lo ou simplesmente para impossibilitá-lo e, portanto, destruí-lo. O capitalismo não apenas quer dominar a natureza. Quer mais, visa arrancar tudo dela. Portanto se propõe depredá-la.



Hoje, pela unificação do espaço econômico mundial nos moldes capitalistas, o saque sistemático do processo industrialista contra natureza e contra a humanidade torna o capitalismo claramente incompatível com a vida. A aventura da espécie homo sapiens e demens é posta em sério risco. Portanto, o arquiinimigo da humanidade, da vida e do futuro é o sistema do capital com a cultura que o acompanha.



Coloca-se assim uma bifurcação: ou o capitalismo triunfa ao ocupar todos os espaços como pretende e então acaba com a ecologia e assim põe em risco o sistema-Terra ou triunfa a ecologia e destrói o capitalismo ou o submete a tais transformações e reconversões que não possa mais ser reconhecível como tal. Desta vez não há uma arca de Noé que salve a alguns e deixe perecer os outros. Ou nos salvamos todos ou pereceremos todos.



Esta é a singularidade de nosso tempo e a urgência das reflexões e dos alarmes que aqui são partilhados.



Dizíamos que o capitalismo produziu ainda uma cultura, derivada de seu modo de produção, assentado na exploração e na pilhagem. Toda cultura cria o âmbito das evidências cotidianas, das convicções inquestionáveis e, como tal, gesta uma subjetividade coletiva adequada a ela. Sem uma cultura capitalista que veicula as mil razões justificadoras da ordem do capital, o capitalismo não sobreviveria. A cultura capitalista exalta o valor do indivíduo, garante a ele a apropriação privada da riqueza, feita pelo trabalho de todos, coloca como mola de seu dinamismo a concorrência de todos contra todos, visa maximalizar os ganhos com o mínimo de investimento possível, procura transformar tudo em mercadoria, desde a mística, o sexo até o lazer para ter sempre benefícios e ainda instaura o mercado, hoje mundializado, como o mecanismo articulador de todos os produtos e de todos os recursos produtivos.



Se alguém buscar solidariedade, respeito às alteridades, com-paixão e veneração face à vida e ao mistério do mundo não os busque na cultura do capital. Errou de endereço, pois ai encontra tudo ao contrário. George Soros, um dos maiores especuladores das finanças mundiais e profundo conhecedor da lógica da acumulação sem piedade (ele vive disso), afirma claramente que o capitalismo mundialmente integrado ameaça a todos os valores societários e democráticos, pondo em risco o futuro das sociedades humanas. Essa é, segundo ele, a crise do capitalismo (é o título de seu livro) que exige urgente solução para não irmos ao encontro do pior.



O capitalismo, como modo de produção e como cultura, inviabiliza a ecologia tanto ambiental, quanto social e a mental ou profunda. Deixado à lógica de sua voracidade, pode cometer o crime da ecocídio, do biocídio e, no limite, do geocídio. Razão suficiente para os humanos que amam a vida e que querem herdar aos seus filhos e filhas e netos uma casa comum habitável se oporem sistematicamente às suas pretensões.



Entretanto, há sinais de esperança. Já a partir dos inícios deste século, o paradigma moderno começou, teoricamente, a ser erodido pela física quântica, pela teoria da relatividade, pela nova biologia, pela ecologia e pela filosofia crítica. Estava surgindo então um novo paradigma. Ele tem um caráter contrário àquele capitalista; é holístico, sistêmico, inclusivo, pan-relacional e espiritual. Entende o universo não como uma coisa ou justaposição de coisas e objetos. Mas como um sujeito no qual tudo tem a ver com tudo, em todos os pontos, em todas as circunstâncias e em todas as direções, gerando uma imensa solidariedade cósmica. Cada ser depende do outro, sustenta o outro, participa do desenvolvimento do outro, comungando de uma mesma origem, de uma mesma aventura e de um mesmo destino comum.



Ao invés de ser um universo atomístico, composto de partículas discretas – universo cuja complexidade cabe ser quebrada em componentes menores e mais simples – agora este universo é considerado como um todo relacional, inter-retro-conectado com tudo e maior que a soma de suas partes. A natureza da matéria, quando analisada com mais profundidade, não aparece como estática e morta, mas como uma dança de energias e de relações para todas as direções. A Terra não é mais vista como um conglomerado de matéria inerte (os continentes) e água (os oceanos, lagos e rios), mas como um superorganismo vivo, Gaia, articulando todos os elementos, as rochas, a atmosfera, os seres vivos e a consciência num todo orgânico, dinâmico, irradiante e cheio de propósito, parte de um todo ainda maior que nos inclui: o universo em cosmogênese, em expansão e perpassado de consciência.



Esta visão fornece a base para uma nova esperança, para uma sabedoria mais alta e para um projeto civilizacional alternativo àquele dominante hoje, o do capitalismo mundialmente integrado. Ela nos permite passar do sentimento de perda e de ameaça, que o cenário atual nos provoca ao sentimento de pertença, de promessa e de um futuro melhor.



Quatro eixos dão consistência ao novo paradigma, que se distancia enormemente do capitalismo: a busca da sustentabilidade ecológica e econômica, baseada numa nova aliança de fraternidade/sororidade para com a natureza e entre os seres humanos; a acolhida da diversidade biológica e cultural, fundada na preservação e no respeito a todas as diferenças e no desenvolvimento de todas as culturas; o incentivo à participação nas relações sociais e nas formas de governo, inspiradas na democracia sem fim, como diria sociólogo português Boaventura de Souza Santos, entendida como valor universal a ser vivido em todas as instâncias (família, escola, sindicatos, igrejas, movimentos de base, nas fábricas e nos aparelhos de estado) e com todo o povo; o cultivo da espiritualidade como expressão da profundidade humana, que se sente parte do todo, capaz de valores, de solidariedade, de compaixão e de diálogo com a Fonte originária de todos os seres.



Este novo paradigma não é ainda hegemônico. Perdura vastamente ainda aquele da modernidade burguesa e capitalista, atomístico, mecânico, determinístico e dualista, apesar de sua refutação teórica e prática. Perdura porque é funcional aos propósitos das classes dominantes mundiais. Elas mantém o povo e até pessoas de formação elevada na ignorância acerca da nova visão do mundo. Continua a impôr um sistema global cujos frutos maiores são a dominação, a exclusão e a destruição.



Mas a crise ecológica mundial, expressa especialmente pelo aquecimento global, e o curto prazo que dispomos para as mudanças necessárias conferem atualidade e vigor ao novo paradigma. Ele é subversivo para a ordem vigente. Precisamos de uma nova revolução, uma revolução civilizacional. Ela será de natureza diversa daquelas nascidas a partir da revolução do neolítico, especialmente daquela propiciada pela cultura do capital. Terá por base e inspiração a nova cosmologia.



Mas para isso, temos que mudar nossa forma de pensar, de sentir, de avaliar e de agir. Dentro do sistema do capital não há salvação para as grandes maiorias da humanidade, para os ecossistemas e para o planeta Terra. Devemos ter mais sabedoria que poder, mais veneração que saber, mais humildade que arrogância, mais vontade de sinergia que de auto-afirmação, mais vontade de dizer nós do que dizer eu como o faz sistematicamente a cultura do capital. Por estas atitudes os seres humanos poderão se salvar e salvar o seu belo e radiante Planeta.



Esposamos a idéia de que estamos na crise de parto, do nascimento de um novo patamar de hominização. Podemos, sim, nos destruir. Criamos para isso a máquina de morte. Mas ela pode ser sustada e transformada. O mesmo foguete gigante que transporta ogivas atômicas, pode ser usado para mudar a rota de asteróides e meteoros ameaçadores da Terra. É a hora de darmos o salto de qualidade e inaugurarmos uma aliança nova com a Terra. A chance está criada. Depende de nós sua realização feliz ou o seu inteiro fracasso. Desta vez não nos é permitido nem protelar nem errar de objetivo.



Leonardo Boff é Teologia e Filosofia e autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Ecologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos.



EcoDebate, 18/03/2011



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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Investigação apreciativa - UMA ABORDAGEM POSITIVA PARA A CONSTRUÇÃO DA CAPACIDADE COOPERATIVA

Fonte: Nutriredes   http://tinyurl.com/28nqrwe







Organizações de todos os tipos estão se empenhando no sentido de ampliarem suas competências para enfrentarem os desafios do novo século; fazer mais com menos, crescendo e superando-se para benefício das pessoas, do planeta e dos seus resultados. Somos desafiados em nossos sistemas humanos a fazer mais, servir mais, criar mais, trabalhar de maneira mais inteligente, trabalhar melhor com menos pessoas, menos recursos e até mesmo com menos tempo para sua realização. Em resposta, os executivos e líderes, nas duas últimas décadas, precisaram trabalhar intensamente para aprimorar a capacidade de suas organizações buscando a solução de problemas, resolver conflitos, transmitir informações, interagir com os clientes e aprimorar, cada vez mais, seus padrões de qualidade.





Esquecida ou ignorada em todos esses esforços para desenvolver e modificar a capacidade organizacional é o que poderia ser chamada de a competência afirmativa de uma organização. Através de um processo de Investigação Apreciativa, esta habilidade coletiva para alinhamento de visões positivas do futuro a partir de um profundo entendimento das forças do passado, o que, mais do que nunca, está desencadeando uma onda gigantesca de formas e atividades inovadoras de organizar para transcender os desafios de hoje.





A Investigação Apreciativa (IA), uma abordagem para a análise organizacional, propõe a descoberta, a compreensão e a promoção de inovações nos acordos e processos sociais. Refere-se tanto à pesquisa e a uma teoria de ações coletivas intencionais, que se destinam a promover a evolução da capacidade cooperativa de um par, grupo, organização ou sociedade como um todo.





A Metodologia da Investigação Apreciativa foi desenvolvida por David Cooperrider, Ronald Fry, Suresh Srivastva e seus colaboradores, no Departamento de Comportamento Organizacional da Case Western Reserve University, localizada em Cleveland – Estados Unidos. - e tem sido estudada, aplicada em organizações e comunidades de todo o mundo: África, Ásia, Austrália, Europa, América do Sul e do Norte. Desde o planejamento estratégico até o desenvolvimento da equipe, desde o estabelecimento de parcerias até a participação em conferências globais, de avaliação de desempenho a coaching, dos valores primordiais a realizar grandiosas mudanças culturais de sistemas, relacionamentos de pessoa para pessoa até a unificação de todas as religiões do mundo, a IA está sendo aplicada para ajudar a organizar o futuro de maneira que venha a desencadear e promover o espírito da cooperação humana em cada um de nós.





Em sua forma mais prática, IA é uma abordagem inovadora que, seletivamente, busca localizar, ressaltar e iluminar as propriedades daquilo “que dá vida” a qualquer organização ou sistema humano. Com referência a esse assunto surgem duas perguntas básicas por trás de cada investigação apreciativa:





(1) O que, neste contexto particular, torna possível organizar (trabalho em equipe, experiências excepcionais com clientes, etc)?





(2) Quais são as possibilidades, expressas ou latentes que propiciam oportunidades para formas mais efetivas ou com valores congruentes de se organizar no futuro?





A arte da apreciação é a arte da descoberta e de valorizar aqueles fatores que dão vida ao um fenômeno ou ocorrência. Através de entrevistas ou contando histórias, o melhor do passado pode ser revelado estabelecendo-se o estágio para uma visualização efetiva daquilo que poderia ser. A IA procura pelo melhor de: “o que é” (a experiência de alguém até o momento) para proporcionar a base para a imaginação “do que poderia ser”. O objetivo é gerar um novo conhecimento, que possa expandir “o domínio do possível” e ajudar os membros de uma organização a visionar juntos um futuro desejado.

Tais imagens futuras, baseadas em esperança – uma imagem antecipada positiva – e conectada à experiência real de ser o melhor, são naturalmente interessantes e atraentes. Elas atraem energias e mobilizam intenções. Grupos e organizações passam a se comportar de maneira a alcançarem essas visões.





Esse método de análise organizacional – ou simplesmente uma forma de estar no mundo ao nosso redor – é diferente da solução administrativa de problemas convencionais. A básica suposição de que se vai solucionar um problema pode dar a impressão de que o fato de organizar consiste em problemas a serem solucionados. A tarefa subseqüente para o aprimoramento então passa a ser a remoção das deficiências, obstáculos ou problemas de raízes. Este processo inclui basicamente (1) identificação dos problemas-chave ou deficiências; (2) análise das causas; (3) análise das soluções e (4) desenvolvimento de um tratamento ou plano de ação.





Em contraste, a base da IA não preconiza que organizar seja “um problema a ser resolvido”, mas uma “solução a ser abraçada”. Quando nós ficamos maravilhados, cheios de curiosidade sobre o milagre de organizar – quando o processo estiver no seu ponto melhor – ele requer uma mudança radical nos processos e na linguagem. São os 4 passos chamados de 4Ds Este processo basicamente inclui: (1) “Discovery”- descoberta das coisas boas oferecidas verificando-se as melhores práticas existentes; (2) “Dream” (sonhar) sobre as qualidades reais do processo atual e possíveis melhorias (3), “Design” – quando se traça os caminhos para concretizar o sonho e “Destiny” (destino) que é o momento de colocar em prática aquilo que foi planejado.





Primeiro você descobre e valoriza aqueles fatores que “dão vida” à organização quando ela estiver em sua melhor fase. O desafio da valorização é descobrir, por exemplo, o nível de comprometimento da organização e detectar quando esse comprometimento atingiu um ponto máximo. Não importa se os momentos de comprometimento foram poucos, a tarefa é verificar quais foram esses “momentos de pico” e discutir os fatores ou forças que os tornaram possíveis. A lista de tópicos afirmativos ou positivos para a descoberta é imensa: alta qualidade, integridade, trabalho em equipe, resposta do cliente, autoconfiança, parcerias, excelência tecnológica, senso de propriedade, etc. De fato, podemos fazer qualquer tipo de pergunta em uma organização; a escolha é nossa. Qual a pergunta (tópico) que teria a maior probabilidade de indicar os passos em direção ao futuro, para alcançar aquilo que mais queremos?





Segundo, Dream (sonho) – Você sonha com aquilo que poderia ser. Quando o melhor tiver sido descoberto, a mente começa naturalmente a pesquisar, e vai além disso, começando a imaginar novas possibilidades. Sonhar significa “pensar com paixão” sobre imagens positivas de um futuro que se deseja ou prefere.





Em seguida, promover um diálogo sobre Design (elaborar). Um debate aberto sobre descobertas e possibilidades que geram um consenso entre todos os membros “sim, este é um ideal ou visão que temos que valorizar ao máximo e devemos aspirar”. A vontade individual baseada em uma imagem antecipatória positiva – transforma-se em uma vontade coletiva. A IA ajuda a criar, deliberadamente, um contexto de apoio que orientará as conversas. É através do compartilhamento desses ideais que surge a “visão compartilhada”.





Em quarto lugar, você colabora na construção compartilhada do “Destiny” (destino) através da inovação e ação. A IA estabelece um momento propício. Uma vez que os sonhos baseiam-se no passado (as melhores histórias passadas que sempre incluíram a cooperação), há uma crescente confiança para tentar fazer as coisas acontecerem. Os participantes, de maneira natural, encontrarão novas maneiras de aproximar as organizações para que cheguem mais perto da imagem ideal – algumas vezes sem qualquer mudança nas técnicas tradicionais administrativas de planos de ação, forças de trabalho, prazos para projetos e assim por diante.





Na realidade este não é um exercício para a solução de problemas, mas sim para um aprendizado antecipado. Quando a IA é aplicada e experimentada, ocorrem muitas asserções importantes que podem ser feitas em relação à natureza do organizar quando observada em relação a essa perspectiva afirmativa e investigadora:





• Destino e conhecimento organizacional estão entrelaçados. Para que se possa ser eficiente - como administradores, agentes de transformação, ou líderes – todos nós precisamos ser adeptos da arte de entender, ler e analisar organizações como construções humanas vivas. Os líderes “lêem o mundo” de suas organizações (departamentos, seções, etc.) de uma forma que possam atrair pessoas que queiram engajar-se em ações cooperativas. Conhecer bem a organização é o ponto principal de qualquer atividade gerencial. A maneira como nos comportamos ao tomarmos conhecimento de alguma coisa é muito importante; portanto, as organizações seguem a direção daquilo sobre o que mais foi discutido.





• As sementes da mudança organizacional estão implícitas na primeira pergunta que fazemos, (“quem”? versus “o quê”? “versus por quê ?”) estabelecem o estágio para aquilo que encontramos e o que encontramos (os dados) torna-se o material sobre o qual o futuro é concebido e realizado. As indagações começam no momento em que fazemos uma pergunta. Assim, nossas perguntas são extremamente persuasivas.





• O recurso mais importante que temos para transformar organizações é a nossa imaginação cooperativa e nossa capacidade para desencadear a mente coletiva de grupos. A investigação apreciativa é uma forma de reivindicar nossa competência imaginativa. As mudanças profundas têm origem na primeira mudança de nossas imagens antecipatórias do futuro.





• As organizações, como construções humanas, são altamente afirmativas em sua natureza e, portanto, respondem a pensamentos, linguagem e conhecimento positivos. As pessoas e as organizações são, portanto, “heliotrópicas”. “Elas crescem em direção à luz” de uma imagem antecipatória positiva. Imagens positivas geram ações positivas.





Consideremos o exemplo do planejamento estratégico. Geralmente, reunimos pessoas-chave do sistema para se reunirem e começar algum exercício no “céu azul” pensando ou vislumbrando o futuro. São fornecidas informações adicionais para ajudar a compreensão das tendências e características do ambiente para que as pessoas possam calcular as condições e limitações. Tudo isso assumindo que, com base em nosso passado, já temos condições de saber tudo o que podemos realizar. Sabemos que nosso passado determina aquilo que antecipamos para o futuro, mas raramente paramos para perguntar: “há mais alguma coisa a ser descoberta em relação ao nosso passado que pudesse nos ajudar a vislumbrar um futuro que seja desejável e possível”? Quando a IA é aplicada para ajudar o pensamento estratégico, os participantes descobrem novas informações sobre suas melhores experiências no passado, antes de formar uma imagem do futuro. A diferença entre a ousadia e a difusão de suas imagens é muito grande. A tendência natural para que eles queiram agir para fazer com que o futuro se concretize incorpora o milagre do empowerment (empoderamento), aprendizado auto-dirigido, e um alto desempenho que desejamos para o momento atual.





É importante observar que a prática da IA está ainda na infância. Como uma criança curiosa que fica maravilhada com o mundo ao seu redor, uma ampla rede de professores, cientistas e pesquisadores está realizando experiências com princípios apreciativos, fazendo novas perguntas decisivas e documentando suas histórias diariamente. O que realmente vem emergindo de toda essa atividade pioneira é uma tese, ou proposição provocativa: já conseguimos alcançar os limites para a solução dos problemas como um modo de investigação capaz de inspirar, mobilizar e sustentar a mudança no sistema humano; o futuro do desenvolvimento organizacional pertence a métodos que afirmam, compelem e aceleram o aprendizado antecipatório envolvendo níveis cada vez maiores de participantes.





Esses novos métodos prometem vislumbrar a “realidade” como mais radicalmente racional, ampliando os círculos de diálogos para grupos de 100, 1.000 e mais – com relacionamentos no espaço cibernético chegando aos milhões. A tarefa mais intensa das mudanças organizacionais abrirá caminho para a velocidade da imaginação e inovação. Em vez de negativismo, críticas, cinismos e usando vocabulário sobre deficiências, haverá (4ds) descobertas (discovery) sonho (dream), elaboração (design) e destino (destiny): estaremos realmente preparados para entrar no novo milênio sem limites para a cooperação.

A minha lista de 25 livros imprescindíveis em sustentabilidade - Ricardo Voltolini*

O primeiro artigo da coluna Pensamento Sustentável de 2011, com o título Para botar em dia a leitura sobre sustentabilidade, gerou elogios, bons comentários e uma provocação que invariavelmente sucede a publicação de textos sobre livros, mas também filmes e até empresas sustentáveis. Resultado da fixação das pessoas por listas e rankings – que o sociólogo italiano Umberto Eco capturou bem no seu mais recente livro, a Vertigem das Listas -, alguns leitores cobraram deste especialista a indicação de um ranking dos “10 melhores livros” já publicados sobre sustentabilidade.



Tarefa complexa, por três razões. Primeira: sustentabilidade é um campo de conhecimento novo, multidisciplinar e compreende uma infinidade de subtemas e enfoques que, para serem perscrutados em sua totalidade, exigiriam um conhecimento, na maioria dos casos, muito específico em cada uma das diferentes ciências – exatas, biológicas e humanas. Em segundo lugar: a “audácia” de escolher os “10 melhores” só pode ser cometida, a rigor, por alguém que tenha lido senão todos, a grande maioria dos títulos sobre o tema. Não é o meu caso. Não creio que seja o de ninguém. Em terceiro: à falta óbvia de indicadores objetivos e universalmente consagrados (maior vendagem não significa necessariamente maior qualidade), o processo de seleção de livros é e sempre será algo subjetivo. Livros diferentes provocam impactos diferentes em diferentes leitores.

Feitas tais ressalvas, e afastada, portanto, a pretensão de parir “a” lista, fico à vontade para eleger os “meus” 25 melhores de sustentabilidade. O leitor certamente terá os dele.



Para essa tarefa, convém recorrer a Waine Visser, professor do programa de Liderança em Sustentabilidade da Universidade de Cambridge, que já se deu ao trabalho de elaborar uma lista. Tem sua coordenação uma obra chamada Top 50 Livros de Sustentabilidade (editora Greenleaf, 2009). A partir de uma pesquisa feita com cerca de três mil líderes, ex-alunos da famosa universidade, Visser levantou os 50 melhores livros (lista está disponível no final do artigo), registrando, nesse inusitado compêndio, o que considera o melhor do pensamento já produzido em sustentabilidade. Muitos desses livros já foram publicados no Brasil. A maioria pode ser obtida pela Amazom.com.



Uma segunda lista merece menção. Trata-se daquela em que a WiseEarth recomenda as 25 melhores obras (também no final do texto). Fundada por Paul Hawken, autor do famoso Ecologia do Comércio, um clássico lembrado com justiça na lista, essa organização global com mais de 20 mil integrantes se propõe a conectar pessoas interessadas na sustentabilidade. É uma comunidade de gente antenada com o tema.



Cruzando as duas listas, a acadêmica e a de especialistas, há seis livros comuns, cinco dos quais figuram no meu ranking pessoal dos “imprescindíveis.” Quatro estão na categoria “clássicos”, pois marcaram época, representando importante avanço no debate sobre as questões ambientais: (1) Do Berço ao Berço, de William McDonough e Michael Braungart; (2) Capitalismo Natural, de Paul Hawken, Amory e Hunter Lovins; (3) Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, e ainda (4) A Ecologia do Comércio, de Hawken – este último livro, vale lembrar, influenciou decisivamente Ray Anderson na famosa revolução verde que ele promoveu em sua InterfaceFlor. O quinto título, Colapso, de Jared Diamond, associa a extinção de algumas civilizações com desrespeito aos limites do meio ambiente.



Dos “top 50” da Universidade de Cambridge, incluiria na minha lista seis “clássicos”: (1) Gaia, de James Lovelock; (2) Small is Beautiful, de EF Schumacher; (3) Nosso Futuro Comum, de Gro Bruntland; (4) Desenvolvimento como Liberdade, de Amartya Sen, (5) Banqueiro dos Pobres, de Muhamad Yunus; e (6) Canibais com Garfo e Faca, de John Elkington. E também outras sete obras que considero, cada uma a seu modo particular, provocativas e inspiradoras. São elas: (1) O Relatório Stern, de Nicholas Stern; (2) O Capitalismo na Encruzilhada, de Stuart Hart; (3) O Fim da Pobreza, de Jefrrey Sachs; (4) Riqueza na Base da Pirâmide, de C.K. Prahalad e (5) o inspirador Espírito Ávido, de Charles Handy. Os outros dois, (6) A Corporação, de Joel Bakan, e (7) Uma Verdade Inconveniente, de Al Gore, acabaram transpostos para o cinema, resultando em filmes polêmicos e interessantes.



Dos “top 25” da WiseEarth, tomo de empréstimo três para a minha estante essencial: (1) A Economia Verde, de Joel Makower; (2) A Vantagem da Sustentabilidade, de Bob Willard e (3) Plano B 4.0 – livro que tive a honra de editar no Brasil, em 2011, pela Ideia Sustentável.



Não constam em nenhuma das duas listas, mas certamente não faltariam na minha cesta básica da bibliografia da sustentabilidade, outros quatro títulos: (1) Inteligência Ecológica, de Daniel Goleman; (2) The Natural Step, de Karl-Henrik Robert; (3) A Empresa Sustentável, de Andrew Savitz; (4) Verde que Vale Ouro, de Daniel Easty e Andrew Winston.



Se essa lista servir para provocar o debate sobre livros, já terá cumprido sua função. Listas não devem ser objeto de consenso. Monte você também a sua. E, mais do que isso, comece a ler os livros que vão fazer diferença na sua formação.



*Ricardo Voltolini é diretor de Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade e publisher da revista de mesmo nome. ricardo@ideiasustentavel.com.br

twitter: @ricvoltolini









Serviço:



Site do Ideia Sustentável: www.ideiasustentavel.com.br



Ricardo Voltolini ainda sugere:



A lista Top 50 de Cambridge



(1) O Banqueiro dos Pobres, Muhammad Yunus (1999)

(2) Biomimetismo, Janine Benyus (2003)

(3) Blueprint para uma Economia Verde, David Pearce, Markandya Anil e Edward B. Barbier (1989)

(4) Business as Insólito, Anita Roddick (2005)

(5) Canibais com Garfo e Faca, John Elkington (1999)

(6) Capitalismo: Como se o Mundo Importa, Jonathon Porritt (2005)

(7) O Capitalismo na Encruzilhada, Stuart Hart (2005)

(8) Mudando o Rumo: uma Perspectiva Empresarial Global sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, Stephan Schmidheiny e o WBCSD (1992)

(9) O Ponto do Caos: o Mundo na Encruzilhada, por Ervin Laszlo (2006)

(10) A Corporação Civil: A Nova Economia da Cidadania Empresarial, Simon Zadek (2001)

(11) Colapso, Jared Diamond (2005)

(12) A Corporação, Joel Bakan (2005)

(13) Do Berço ao Berço, William McDonough e Michael Braungart (2002)

(14) O Sonho da Terra, Thomas Berry (1990)

(15) Desenvolvimento como Liberdade, por Amartya Sem (2000)

(16) A Ecologia do Comércio, Paul Hawken (1994)

(17) A Economia das Alterações Climáticas: o Relatório Stern, Nicholas Stern (2007)

(18) O Fim da Pobreza, Jeffrey Sachs (2005)

(19) Fator Quatro: um Relatório para o Clube de Roma, Ernst VonWeizsäcker, Amory B. Lovins e L. Hunter Lovins (1998)

(20) O Falso Amanhecer: os Equívocos do Capitalismo Global, John Gray (2002)

(21) Fast Food Nation, Eric Schlosser (2005)

(22) Um Destino Pior que a Dívida: a Crise Financeira Mundial e os Pobres, Susan George (1990)

(23) Para o Bem Comum: o Redirecionamento da Eeconomia para Comunidade, Meio Ambiente e Futuro Sustentável, Herman Daly e John Cobb (1989)

(24) Riqueza na Base da Pirâmide, CK Prahalad (2004)

(26) Gaia, James Lovelock (1979)

(27) A Globalização e os seus Malefícios, Joseph Stiglitz (2002)

(28) Calor: Como Parar a Queima do Planeta, George Monbiot (2006)

(29) Escala de Desenvolvimento Humano: Concepção, Aplicação e as Novas reflexões, Manfred Max-Neef (1991)

(30) O Espírito Ávido, Charles Handy (1999)

(31) Uma Verdade Inconveniente, Al Gore, 2006

(32) Os Limites do Crescimento, Donella H. Meadows, Dennis L. Meadows, Jorgen Randers (1972)

(33) Maverick, Ricardo Semler (1993)

(34) O Mistério do Capital: Por que o Capitalismo Triunfa no Oeste e Falha em Toda a Parte, Hernando De Soto (2000)

(35) Capitalismo Natural, Paul Hawken, Amory Lovins e L. Hunter Lovins (2000)

(36) Sem Logo, Naomi Klein (2002)

(37) Sociedade Aberta: Reformar o Capitalismo Global, George Soros (2000)

(38) Manual de Operação para Espaçonave Terra, Buckminster Fuller (1969)

(39) Nosso Futuro Comum, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1987)

(40) The Population Bomb, Paul Ehrlich (1968)

(41) Presença, Peter Senge, Otto Scharmer, Joseph Jaworski e Betty Sue Flowers (2005)

(42) A River Runs Black: O Desafio Ambiental para o Futuro da China, Elizabeth C. Economy (2004)

(43) Sand County Almanac, Aldo Leopold (1949)

(44) Primavera Silenciosa, Rachel Carson (1962)

(45) O Ambientalista Cético, Bjorn Lomborg (2001)

(46) Small is Beautiful, EF Schumacher (1973)

(47) Staying Alive: Mulher, Ecologia e Desenvolvimento, por Vandana Shiva (1989)

(48) The Turning Point, Fritjof Capra (1984)

(49) Unsafe at Any Speed, Ralph Nader (1965)

(50) Quando as Corporações Regem o Mundo, David Korten, 2001



Os Top 25 da WiseEarth



(1) Biomimetismo, Janine Benyus (2003)

(2) Confissões de um Industrial Radical, Ray Anderson (2009)

(3) Do Berço ao Berço, William Mc Donough e Michael Braungart (2002)

(4) Capitalismo Natural, Paul Hawken, Amory e Hunter Lovins (2000)

(5) Primavera Silenciosa, Rachel Carson (1962)

(6) Estratégia para a Sustentabilidade, Adam Werbach (2009)

(7) A Economia Verde, Joel Makower (2009)

(8) Indicadores de Sustentabilidade: Medindo o Imensurável?, Simon Bell e Stephen Morse (1999)

(9) Valor Sustentável, Chris Lazlo (2008)

(10) A Ecologia do Comércio, Paul Hawken (1994)

(11) O Fim da Natureza, Bill McKibben (1989)

(12) O Colar da Economia Verde, Van Jones (2008)

(13) The Natural Step for Business, Brian Nattrass e Mary Altomare (1999)

(14) A vantagem da Sustentabilidade, Bob Willard (2002)

(15) Tripple Bottom Line, de Andrew Savitz e Karl Weber (2006)

(16) A verdade sobre o Green Business, Gil Friend, Nicholas Kordesch e Benjamin Privitt (2009)

(17) Walking the Talk, Chad Holliday, Stephan Schimidheinny e Philip Watts (2002)

(18) Capitalismo: Como se o Mundo Importa, Jonathon Porrit (2005)

(19) Colapso, Jared Diamond (2005)

(20) Criando um Negócio Social, Muhammad Yunus (2009)

(21) Prosperidade sem Crescimento, Tim Jackson (2009)

(22) O Zeedbook: Soluções para um Mundo Cada Vez Menor, Dunster, Simmons & Gilbert (2007)

(23) Plenitude: a Nova Economia da Verdadeira Riqueza, Juliet Schor (2010)

(24) Plano B: 4.0, Lester Brown (2009)

(25) Permacultura, David Holmgren (2001)



















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Outras Opiniões











12/04/2011 - A minha lista de 25 livros imprescindíveis em sustentabilidade

21/03/2011 - Água: reaproveitar e usar bem é bom para todos

10/03/2011 - Jovem relata sua experiência no Fórum Econômico Mundial na Suíça

16/02/2011 - Mortes, dor e sofrimento: quem é que vai pagar por isso?

10/02/2011 - Mais uma vez: três empresas brasileiras na lista das TOP 100 em sustentabilidade

01/02/2011 - Brasileiro está mais consciente quanto ao consumo de energia elétrica

14/01/2011 - Lia Diskin, fundadora da Associação Palas Athena, reforça a importância da cultura pacífica no cotidiano, nas redes sociais

22/12/2010 - Natal: época de doar ou de investir na esperança?

16/12/2010 - Superintendente da APAE de São Paulo reforça a necessidade da união de diferentes atores em prol do movimento de inclusão de pessoas com deficiência

07/12/2010 - A gestão do lixo requer uma gestão compartilhada

06/10/2010 - Nutricionistas ressaltam uma alimentação sustentável e dão duas receitas: cheeseburguer saudável e brigadeiro de casca de banana

01/10/2010 - Em seu artigo, jornalista defende que a comunicação atua como ferramenta e processo contínuo para defender causas sociais

16/09/2010 - O papel da comunicação no terceiro setor

23/07/2010 - Lixo: de quem é a responsabilidade?

15/07/2010 - Apesar de avanços em alguns setores, escritora pontua distância do ECA no dia a dia de crianças e adolescentes e descrença político partidária

10/06/2010 - Arquiteta defende legislação, ainda não aprovada, para colaborar com uma gestão responsável do lixo

03/05/2010 - Por um trabalho doméstico decente

22/04/2010 - Esgotamento sanitário e a profilaxia tardia

19/03/2010 - 15 de março: o direito e o engajamento

10/03/2010 - A contribuição das mulheres para a segurança alimentar e nutricional









A minha lista de 25 livros imprescindíveis em sustentabilidade

12/04/2011 10h43min
Ricardo Voltolini*















O primeiro artigo da coluna Pensamento Sustentável de 2011, com o título Para botar em dia a leitura sobre sustentabilidade, gerou elogios, bons comentários e uma provocação que invariavelmente sucede a publicação de textos sobre livros, mas também filmes e até empresas sustentáveis. Resultado da fixação das pessoas por listas e rankings – que o sociólogo italiano Umberto Eco capturou bem no seu mais recente livro, a Vertigem das Listas -, alguns leitores cobraram deste especialista a indicação de um ranking dos “10 melhores livros” já publicados sobre sustentabilidade.



Tarefa complexa, por três razões. Primeira: sustentabilidade é um campo de conhecimento novo, multidisciplinar e compreende uma infinidade de subtemas e enfoques que, para serem perscrutados em sua totalidade, exigiriam um conhecimento, na maioria dos casos, muito específico em cada uma das diferentes ciências – exatas, biológicas e humanas. Em segundo lugar: a “audácia” de escolher os “10 melhores” só pode ser cometida, a rigor, por alguém que tenha lido senão todos, a grande maioria dos títulos sobre o tema. Não é o meu caso. Não creio que seja o de ninguém. Em terceiro: à falta óbvia de indicadores objetivos e universalmente consagrados (maior vendagem não significa necessariamente maior qualidade), o processo de seleção de livros é e sempre será algo subjetivo. Livros diferentes provocam impactos diferentes em diferentes leitores.

Feitas tais ressalvas, e afastada, portanto, a pretensão de parir “a” lista, fico à vontade para eleger os “meus” 25 melhores de sustentabilidade. O leitor certamente terá os dele.



Para essa tarefa, convém recorrer a Waine Visser, professor do programa de Liderança em Sustentabilidade da Universidade de Cambridge, que já se deu ao trabalho de elaborar uma lista. Tem sua coordenação uma obra chamada Top 50 Livros de Sustentabilidade (editora Greenleaf, 2009). A partir de uma pesquisa feita com cerca de três mil líderes, ex-alunos da famosa universidade, Visser levantou os 50 melhores livros (lista está disponível no final do artigo), registrando, nesse inusitado compêndio, o que considera o melhor do pensamento já produzido em sustentabilidade. Muitos desses livros já foram publicados no Brasil. A maioria pode ser obtida pela Amazom.com.



Uma segunda lista merece menção. Trata-se daquela em que a WiseEarth recomenda as 25 melhores obras (também no final do texto). Fundada por Paul Hawken, autor do famoso Ecologia do Comércio, um clássico lembrado com justiça na lista, essa organização global com mais de 20 mil integrantes se propõe a conectar pessoas interessadas na sustentabilidade. É uma comunidade de gente antenada com o tema.



Cruzando as duas listas, a acadêmica e a de especialistas, há seis livros comuns, cinco dos quais figuram no meu ranking pessoal dos “imprescindíveis.” Quatro estão na categoria “clássicos”, pois marcaram época, representando importante avanço no debate sobre as questões ambientais: (1) Do Berço ao Berço, de William McDonough e Michael Braungart; (2) Capitalismo Natural, de Paul Hawken, Amory e Hunter Lovins; (3) Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, e ainda (4) A Ecologia do Comércio, de Hawken – este último livro, vale lembrar, influenciou decisivamente Ray Anderson na famosa revolução verde que ele promoveu em sua InterfaceFlor. O quinto título, Colapso, de Jared Diamond, associa a extinção de algumas civilizações com desrespeito aos limites do meio ambiente.



Dos “top 50” da Universidade de Cambridge, incluiria na minha lista seis “clássicos”: (1) Gaia, de James Lovelock; (2) Small is Beautiful, de EF Schumacher; (3) Nosso Futuro Comum, de Gro Bruntland; (4) Desenvolvimento como Liberdade, de Amartya Sen, (5) Banqueiro dos Pobres, de Muhamad Yunus; e (6) Canibais com Garfo e Faca, de John Elkington. E também outras sete obras que considero, cada uma a seu modo particular, provocativas e inspiradoras. São elas: (1) O Relatório Stern, de Nicholas Stern; (2) O Capitalismo na Encruzilhada, de Stuart Hart; (3) O Fim da Pobreza, de Jefrrey Sachs; (4) Riqueza na Base da Pirâmide, de C.K. Prahalad e (5) o inspirador Espírito Ávido, de Charles Handy. Os outros dois, (6) A Corporação, de Joel Bakan, e (7) Uma Verdade Inconveniente, de Al Gore, acabaram transpostos para o cinema, resultando em filmes polêmicos e interessantes.



Dos “top 25” da WiseEarth, tomo de empréstimo três para a minha estante essencial: (1) A Economia Verde, de Joel Makower; (2) A Vantagem da Sustentabilidade, de Bob Willard e (3) Plano B 4.0 – livro que tive a honra de editar no Brasil, em 2011, pela Ideia Sustentável.



Não constam em nenhuma das duas listas, mas certamente não faltariam na minha cesta básica da bibliografia da sustentabilidade, outros quatro títulos: (1) Inteligência Ecológica, de Daniel Goleman; (2) The Natural Step, de Karl-Henrik Robert; (3) A Empresa Sustentável, de Andrew Savitz; (4) Verde que Vale Ouro, de Daniel Easty e Andrew Winston.



Se essa lista servir para provocar o debate sobre livros, já terá cumprido sua função. Listas não devem ser objeto de consenso. Monte você também a sua. E, mais do que isso, comece a ler os livros que vão fazer diferença na sua formação.



*Ricardo Voltolini é diretor de Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade e publisher da revista de mesmo nome. ricardo@ideiasustentavel.com.br

twitter: @ricvoltolini









Serviço:



Site do Ideia Sustentável: www.ideiasustentavel.com.br



Ricardo Voltolini ainda sugere:



A lista Top 50 de Cambridge



(1) O Banqueiro dos Pobres, Muhammad Yunus (1999)

(2) Biomimetismo, Janine Benyus (2003)

(3) Blueprint para uma Economia Verde, David Pearce, Markandya Anil e Edward B. Barbier (1989)

(4) Business as Insólito, Anita Roddick (2005)

(5) Canibais com Garfo e Faca, John Elkington (1999)

(6) Capitalismo: Como se o Mundo Importa, Jonathon Porritt (2005)

(7) O Capitalismo na Encruzilhada, Stuart Hart (2005)

(8) Mudando o Rumo: uma Perspectiva Empresarial Global sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, Stephan Schmidheiny e o WBCSD (1992)

(9) O Ponto do Caos: o Mundo na Encruzilhada, por Ervin Laszlo (2006)

(10) A Corporação Civil: A Nova Economia da Cidadania Empresarial, Simon Zadek (2001)

(11) Colapso, Jared Diamond (2005)

(12) A Corporação, Joel Bakan (2005)

(13) Do Berço ao Berço, William McDonough e Michael Braungart (2002)

(14) O Sonho da Terra, Thomas Berry (1990)

(15) Desenvolvimento como Liberdade, por Amartya Sem (2000)

(16) A Ecologia do Comércio, Paul Hawken (1994)

(17) A Economia das Alterações Climáticas: o Relatório Stern, Nicholas Stern (2007)

(18) O Fim da Pobreza, Jeffrey Sachs (2005)

(19) Fator Quatro: um Relatório para o Clube de Roma, Ernst VonWeizsäcker, Amory B. Lovins e L. Hunter Lovins (1998)

(20) O Falso Amanhecer: os Equívocos do Capitalismo Global, John Gray (2002)

(21) Fast Food Nation, Eric Schlosser (2005)

(22) Um Destino Pior que a Dívida: a Crise Financeira Mundial e os Pobres, Susan George (1990)

(23) Para o Bem Comum: o Redirecionamento da Eeconomia para Comunidade, Meio Ambiente e Futuro Sustentável, Herman Daly e John Cobb (1989)

(24) Riqueza na Base da Pirâmide, CK Prahalad (2004)

(26) Gaia, James Lovelock (1979)

(27) A Globalização e os seus Malefícios, Joseph Stiglitz (2002)

(28) Calor: Como Parar a Queima do Planeta, George Monbiot (2006)

(29) Escala de Desenvolvimento Humano: Concepção, Aplicação e as Novas reflexões, Manfred Max-Neef (1991)

(30) O Espírito Ávido, Charles Handy (1999)

(31) Uma Verdade Inconveniente, Al Gore, 2006

(32) Os Limites do Crescimento, Donella H. Meadows, Dennis L. Meadows, Jorgen Randers (1972)

(33) Maverick, Ricardo Semler (1993)

(34) O Mistério do Capital: Por que o Capitalismo Triunfa no Oeste e Falha em Toda a Parte, Hernando De Soto (2000)

(35) Capitalismo Natural, Paul Hawken, Amory Lovins e L. Hunter Lovins (2000)

(36) Sem Logo, Naomi Klein (2002)

(37) Sociedade Aberta: Reformar o Capitalismo Global, George Soros (2000)

(38) Manual de Operação para Espaçonave Terra, Buckminster Fuller (1969)

(39) Nosso Futuro Comum, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1987)

(40) The Population Bomb, Paul Ehrlich (1968)

(41) Presença, Peter Senge, Otto Scharmer, Joseph Jaworski e Betty Sue Flowers (2005)

(42) A River Runs Black: O Desafio Ambiental para o Futuro da China, Elizabeth C. Economy (2004)

(43) Sand County Almanac, Aldo Leopold (1949)

(44) Primavera Silenciosa, Rachel Carson (1962)

(45) O Ambientalista Cético, Bjorn Lomborg (2001)

(46) Small is Beautiful, EF Schumacher (1973)

(47) Staying Alive: Mulher, Ecologia e Desenvolvimento, por Vandana Shiva (1989)

(48) The Turning Point, Fritjof Capra (1984)

(49) Unsafe at Any Speed, Ralph Nader (1965)

(50) Quando as Corporações Regem o Mundo, David Korten, 2001



Os Top 25 da WiseEarth



(1) Biomimetismo, Janine Benyus (2003)

(2) Confissões de um Industrial Radical, Ray Anderson (2009)

(3) Do Berço ao Berço, William Mc Donough e Michael Braungart (2002)

(4) Capitalismo Natural, Paul Hawken, Amory e Hunter Lovins (2000)

(5) Primavera Silenciosa, Rachel Carson (1962)

(6) Estratégia para a Sustentabilidade, Adam Werbach (2009)

(7) A Economia Verde, Joel Makower (2009)

(8) Indicadores de Sustentabilidade: Medindo o Imensurável?, Simon Bell e Stephen Morse (1999)

(9) Valor Sustentável, Chris Lazlo (2008)

(10) A Ecologia do Comércio, Paul Hawken (1994)

(11) O Fim da Natureza, Bill McKibben (1989)

(12) O Colar da Economia Verde, Van Jones (2008)

(13) The Natural Step for Business, Brian Nattrass e Mary Altomare (1999)

(14) A vantagem da Sustentabilidade, Bob Willard (2002)

(15) Tripple Bottom Line, de Andrew Savitz e Karl Weber (2006)

(16) A verdade sobre o Green Business, Gil Friend, Nicholas Kordesch e Benjamin Privitt (2009)

(17) Walking the Talk, Chad Holliday, Stephan Schimidheinny e Philip Watts (2002)

(18) Capitalismo: Como se o Mundo Importa, Jonathon Porrit (2005)

(19) Colapso, Jared Diamond (2005)

(20) Criando um Negócio Social, Muhammad Yunus (2009)

(21) Prosperidade sem Crescimento, Tim Jackson (2009)

(22) O Zeedbook: Soluções para um Mundo Cada Vez Menor, Dunster, Simmons & Gilbert (2007)

(23) Plenitude: a Nova Economia da Verdadeira Riqueza, Juliet Schor (2010)

(24) Plano B: 4.0, Lester Brown (2009)

(25) Permacultura, David Holmgren (2001)



















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Outras Opiniões











12/04/2011 - A minha lista de 25 livros imprescindíveis em sustentabilidade

21/03/2011 - Água: reaproveitar e usar bem é bom para todos

10/03/2011 - Jovem relata sua experiência no Fórum Econômico Mundial na Suíça

16/02/2011 - Mortes, dor e sofrimento: quem é que vai pagar por isso?

10/02/2011 - Mais uma vez: três empresas brasileiras na lista das TOP 100 em sustentabilidade

01/02/2011 - Brasileiro está mais consciente quanto ao consumo de energia elétrica

14/01/2011 - Lia Diskin, fundadora da Associação Palas Athena, reforça a importância da cultura pacífica no cotidiano, nas redes sociais

22/12/2010 - Natal: época de doar ou de investir na esperança?

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terça-feira, 12 de abril de 2011

Pára e Pensa: a realidade do dinheiro

Pára e Pensa


outubro 11, 2008 http://imycena.wordpress.com/




O dinheiro é hoje essencialmente virtual. Tem por realidade uma sequência de 0 e 1 nos computadores dos bancos. A maior parte do comércio mundial tem lugar sem papel-moeda, apenas 10% das transacções financeiras diárias correspondem a trocas económicas no “mundo real”. Os mercados financeiros constituem um sistema próprio de criação de dinheiro virtual, de lucro não baseado em criação de riquezas reais. Graças ao jogo dos mercados financeiros (que permite transformar em benefícios as oscilações das tendências), os cuidadosos investidores podem ser declarados mais ricos por uma simples circulação de electrões em computadores. Esta criação de dinheiro sem criação de riquezas económicas correspondentes é textualmente a definição da criação artificial de moeda que a lei proibe aos falsificadores e que a ortodoxia económica liberal proibe aos estados. É por conseguinte possível e legal para um número restrito de beneficiários. Para compreender o que é realmente o dinheiro e para que serve, invertemos o proverbial “tempo é dinheiro” para dinheiro é tempo. Dinheiro é o tempo. O que permite comprar o tempo do outro, o tempo necessário para produzir os produtos ou serviços que consumimos. Dinheiro sem a correspondente criação de riqueza (tempo) é falso.



Pára e pensa: os atributos do poder



As organizações multinacionais privadas dotam-se progressivamente dos atributos do poder dos estados: redes de comunicação, satélites, serviços de informações, ficheiros sobre os indivíduos, instituições judiciais. A etapa seguinte e final para estas organizações será obter a parte do poder militar e policial correspondente à sua nova potência, criando as suas próprias forças armadas porque os exércitos e polícias nacionais não são adaptados à defesa dos seus interesses no mundo. A prazo os exércitos são chamados a tornarem-se empresas privadas, prestadores de serviços a trabalhar sob contrato com os estados, ou não importa qual cliente privado capaz de pagar os seus serviços. Na etapa derradeira deste plano, os exércitos privados servirão os interesses das grandes multinacionais e atacarão os estados que não se dobrarem às regras da nova ordem económica. Em antecipação, este papel é assumido pelo exército dos Estados Unidos, o país melhor controlado pelas multinacionais.



Pára e pensa: estratégias e objectivos para o controlo do mundo



Os responsáveis do poder económico são quase todos do mesmo mundo, dos mesmos meios sociais. Conhecem-se, encontram-se, compartilham as mesmas visões e os mesmos interesses. Por conseguinte compartilham naturalmente a mesma visão do futuro ideal do mundo. Portanto é natural que atribuam a si próprios uma estratégia que sintonise as suas acções respectivas para objectivos comuns, induzindo situações económicas favoráveis à realização dos seus objectivos, nomeadamente:



* Enfraquecimento dos estados e do poder político. Desregulamentação. Privatização dos serviços públicos.

* Desobrigação total dos estados e da economia, incluindo sectores da educação, da investigação e a prazo, da polícia e do exército, destinados a tornarem-se sectores exploráveis por empresas privadas.

* Dívida dos estados mantida através da corrupção, de trabalhos públicos inúteis, de subvenções dadas às empresas sem contrapartida, ou às despesas militares. Após a montanha de dívidas acumuladas os governos são forçados às privatizações e ao desmantelamento dos serviços públicos.

* Precarização dos empregos e manutenção d’ um nível de desemprego elevado, mantido graças às deslocalizações e a globalização do mercado de trabalho. Isto aumenta a pressão económica sobre os assalariados, então prontos para aceitar não importa que salário ou condições de trabalho.

* Redução das ajudas sociais, para aumentar a motivação do desempregado a aceitar não importa que trabalho a não importa qual salário.

* Impedir a subida das reivindicações salariais no Terceiro Mundo mantendo regimes totalitários ou corrompidos. Se os trabalhadores do Terceiro Mundo fossem melhor remunerados, quebraria o princípio das deslocalizações e a alavancagem exercida no mercado trabalho e nas sociedades ocidentais. Isto é por conseguinte um ferrolho estratégico essencial que deve ser preservado custe o que custar. A famosa ” crise asiática” de 1998 foi desencadeada com o objectivo de preservar este ferrolho.



Pára e pensa: a informação desapareceu



Desde o início dos anos 90, a informação desapareceu progressivamente dos meios de comunicação social destinados ao grande-público. Os noticiários emitidos pela televisão continuam a existir mas foram esvaziados de conteúdo. Um jornal emitido por televisão contém no máximo 2 a 3 minutos de informação verdadeira. O resto é constituído de assuntos ” magazine”, de reportagens anedóticas, factos diversos, curiosidades e reality-shows sobre a vida diária. As análises de jornalistas especializados, bem como as emissões de informação quase foi totalmente eliminada. A informação reduz-se doravante à imprensa escrita lida por uma minoria de pessoas. O desaparecimento da informação é o sinal tangível que o nosso regime político alterou de natureza.



Pára e pensa: a ilusão da democracia



A democracia já deixou de ser uma realidade. Os responsáveis das organizações que exercem o poder real não são eleitos e o público não é informado das suas decisões. A margem da acção dos estados é cada vez mais reduzida por acordos económicos internacionais sem que os cidadãos sejam consultados ou informados. Todos os tratados elaborados nestes cinco últimos anos (GATT, OMC, AMIGO, NTM, NAFTA) visam um objectivo único: a transferência do poder dos estados para organizações não eleitas num processo chamado ” globalização”. Note-se que proclamar a suspensão da democracia provocaria uma revolução, assim foi decidido manter uma democracia de fachada e paralelamente deslocar o poder real para novos centros. Os cidadãos continuam a votar, mas o seu voto foi esvaziado de qualquer conteúdo. Votamos por responsáveis sem poder real algum, como tal não há diferença alguma entre um programa político de “esquerda” ou de “direita”. Para resumir, nós não podemos escolher o prato mas podemos escolher o molho. O prato chama-se “nova escravatura” com molho de direita apimentada ou molho de esquerda agridoce.



Pára e pensa: a anatomia do Poder



Os verdadeiros mestres do mundo não são mais os governos, mas os líderes dos grupos multinacionais financeiros ou industriais e das opacas instituições internacionais (FMI, Banco Mundial, OCDE, OMC, bancos centrais). Ora estes líderes não são eleitos apesar do impacto das suas decisões sobre a vida das populações. O poder destas organizações exerce-se à dimensão planetária, enquanto que o poder dos estados é limitado à dimensão nacional. Além disso, o peso das sociedades multinacionais nos fluxos financeiros há muito excedeu o dos estados, são também as principais fontes de financiamento dos partidos políticos de todas as tendências e na maior parte dos países, estas organizações estão de facto acima das leis e do poder político, acima da democracia.







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Os 4 superpoderes dos cogumelos

setembro 18, 2008 por imycena

Para vencer a balança, a gula que faz você pedir bis no jantar, a baixa imunidade que abre portas para doenças ­ da gripe ao câncer – e o colesterol alto, shimeji e shiitake, os cogumelos do momento, são os grandes heróis dessa história. Vamos tirar proveito da força desse alimento do bem





por Débora Lublinski

Eles não são figurinhas tão fáceis no nosso cardápio como o champignon. Mas se você nunca experimentou os cogumelos shimeji e shiitake, a hora é essa. Grelhados com shoyu como são servidos na culinária japonesa, incrementando risotos ou massas, como acompanhamento de peixes ou carnes assadas, salpicados na omelete e até na nossa amada pizza, eles estão cada vez mais populares nos pratos dos restaurantes badalados. Mas não é só pelo sabor e pela versatilidade que a família dos cogumelos merece aplausos. Agora, esse fungo comestível (não faça cara feia antes de provar, menina!) entrou na lista dos alimentos campeões. Estudos científicos, a maioria da Universidade de Osaka, no Japão, elegeram esse alimento como um dos queridinhos da nutrição funcional depois de comprovar sua ação de prevenção e cura contra algumas doenças. Tanto que, apesar do preço ainda salgado, é possível comprá-lo fresco ou congelado com mais facilidade em feiras e até nas grandes redes de supermercados. A gente revela só para você, garota antenada em alimentação, os superpoderes dos cogumelos mágicos.



poder nº 1: ativa o botão da saciedade e diminui a fome

Dependendo da receita, um prato à base de shiitake ou shimeji pode ser considerado para lá de light. O alimento soma apenas 35 calorias, em média, para uma porção generosa de 100 gramas, 1 xícara e meia de chá ­- um valor menor que a metade da mesma quantidade de kani, por exemplo, que já é considerado pouco calórico. “Sem falar que o sabor intenso dele aciona uma espécie de centro de recompensa do nosso sistema nervoso. Ativado, esse centro manda uma mensagem de saciedade ao cérebro”, explica Vanderlí Marchiori, nutricionista de São Paulo. Mas atenção: para conservar o baixo valor calórico do cogumelo não vale banhá-lo na manteiga (troque-a por uma colher de chá de margarina light) nem regar o risoto com uma lata de creme de leite.





poder nº 2: garante tanta proteína quanto a da carne vermelha (e engorda menos!)

Ele contém vitaminas, fibras e minerais, mas é o alto teor protéico o carro-chefe nutricional do cogumelo. Dá para dizer que quatro colheres de sopa de shiitake equivalem a um bife de carne vermelha pequeno. Tanto o shiitake como o shimeji contêm uma composição privilegiada de aminoácios essenciais, aqueles nutrientes fundamentais para o metabolismo funcionar a pleno vapor e que o nosso corpo não sintetiza sozinho. Outra grande vantagem dele sobre a carne está na baixa quantidade de gorduras. Enquanto 100 gramas de contra-filé têm cerca de 13 gramas de lipídios, a mesma quantidade de cogumelo não ultrapassa um grama de gordura. Aí, não importa se você é fã da proteína para ganhar músculos ou se quer emagrecer comendo menos carboidrato, o ponto vai para o cogumelo.



poder nº 3: recruta o exército de defesa do organismo e previne da gripe ao câncer

Estimular o sistema imunológico está entre os principais benefícios terapêuticos dos cogumelos shimeji e shiitake e, só por isso, já podem ser considerados alimentos mais do que funcionais. Essa missão fica a cargo de uma substância chamada lentinan. “Segundo estudos da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, o lentinan seria capaz de estimular o funcionamento dos macrófagos, células responsáveis pela produção da interleucina, uma outra substância relacionada ao combate da gripe e de outras infecções, até mesmo as causadas por doenças crônicas como hepatite e Aids, além de prevenir o aparecimento de tumores cancerígenos”, constata Jocelem Mastrodi Salgado, professora titular de nutrição da Escola Superior de Agricultora Luiz Queiroz (ESALQ/USP), em Piracicaba, interior de São Paulo.



poder nº 4: afina o seu sangue e afasta o mau colesterol

Ao lado de uma lista que inclui a cevada, o farelo de arroz, a alga marinha e o chá verde, os pesquisadores apontam o shiitake e o shimeji como alimentos capazes de proteger o organismo contra doenças ligadas ao coração. Entre elas, o colesterol alto, a hipertensão, o enfarte e o diabetes. São duas as substâncias responsáveis pela tarefa: a eritadenine que diminui a agregação de gordura no sangue (e que, quando em excesso, entope as artérias) e as betaglucanas, fibras que ajudam no controle do mau colesterol. Não é à toa que os chineses chamam os cogumelos de tônico da longevidade e os utilizam, há muitos anos, secos ou na forma de extratos como medicamentos para tratar o corpo e viver cada vez melhor.



siga o modo de fazer

O truque para tirar o melhor proveito desses super-heróis, o shimeji e o shiitake, é prepará-los em molhos, sopas, cremes, refogados ou chás. É que as receitas em que eles passam por aquecimento multiplicam seus poderes. “Aquecidos a 65 graus (temperatura que antecede o ponto de fervura), durante pelo menos dois minutos, eles atingem uma boa concentração dos princípios ativos”, justifica a nutricionista Vanderlí Marchiori. “Além disso, quando o assunto é prevenção, indica-se consumir 30 gramas ou três colheres de sopa desses cogumelos por semana para afastar os problemas de saúde”, complementa.



Fonte: Revista Boa Forma – março 2005

Termodinâmica da sustentabilidade por Fábio de Castro

12/9/2008


Agência FAPESP – O matemático e economista romeno Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994) ficou conhecido por aplicar à economia o conceito de entropia, emprestado da termodinâmica. Ao mostrar que as concepções tradicionais da economia pecavam pelo extremo mecanicismo, o autor foi um dos precursores da chamada economia ecológica.



Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) mostra que as idéias de Georgescu-Roegen, hostilizadas por muito tempo na academia, podem ser fundamentais para o debate atual sobre o desenvolvimento sustentável e sobre os problemas relacionados à energia e ao meio ambiente.



O trabalho, uma pesquisa de mestrado realizada por Andrei Cechin, com apoio da FAPESP, foi defendido no Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam) da USP no fim de julho. O orientador da dissertação foi José Eli da Veiga, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e pesquisador do Centro de Capacidade e Sustentabilidade da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.



De acordo com Veiga, o trabalho recebeu elogios do principal discípulo de Georgescu-Roegen, o economista Herman Daly, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, que é considerado um dos mais importantes economistas ecológicos vivos.



“Pouca gente resgatou o trabalho de Georgescu-Roegen com essa profundidade. É raro que um estudo de mestrado tenha tal qualidade. E mais raro ainda que seja bem recebido por colegas do hemisfério Norte. Daly recomendou que o trabalho seja publicado em inglês e português”, disse Veiga à Agência FAPESP.



Segundo Cechin, o objetivo do estudo foi resgatar as idéias de Georgescu-Roegen e contextualizá-las nos debates da atualidade, especialmente em relação ao que se chama hoje de desenvolvimento sustentável.



“Os manuais de economia sempre começam com o diagrama do fluxo circular, que mostra como o dinheiro, mercadorias e insumos circulam entre famílias e empresas. Para Georgescu-Roegen, isso é um sintoma claro do mecanicismo que predomina na economia”, disse Cechin à Agência FAPESP.



Em seu livro A lei da entropia e o processo econômico, Georgescu-Roegen mostrou que o sistema econômico não era um moto-perpétuo, que alimenta a si mesmo de forma circular, sem perdas. Ao contrário, é um sistema que transforma recursos naturais em rejeitos que não podem mais ser utilizados.



“O autor mostrou que o sistema econômico não pode contrariar as leis da física. A segunda lei da termodinâmica estabelece que o grau de degeneração de um sistema isolado tende a aumentar com o tempo, impedindo a existência de moto-perpétuos. Da mesma forma, o sistema econômico não pode se mover para sempre sem entrada de recursos e saída de resíduos”, explicou Cechin.



Os processo produtivos possuem diferentes agentes, como capital construído, trabalho e fluxos de recursos naturais, produtos e resíduos. “Ao desenvolver uma nova representação do processo, o autor destacou que ele não é circular e isolado, mas é linear e aberto”, disse.



Respeitado pelos economistas convencionais entre as décadas de 1930 e 1960, Georgescu-Roegen foi praticamente banido dos círculos acadêmicos depois da publicação de seu livro, segundo Cechin. “A partir daí, ele passou a estudar as bases biofísicas da economia, conhecimento que ele chamou de bioeconomia. Esses estudos deram origem à economia ecológica, embora ele nunca tenha usado esse termo.”



Desenvolvimento sem crescimento



Uma das principais conseqüências dos estudos do economista romeno foi a tese do decrescimento. Mas condenar o crescimento da economia – visto como solução para todos os males sociais e até ambientais – soou como um verdadeiro delírio.



“Era uma tese considerada muito radical não apenas para economistas conservadores, mas até para alguns ambientalistas. Ele dizia que um dia a humanidade terá que pensar em estabilizar as atividades econômicas, pois não haverá como evitar a dissipação dos materiais utilizados nos processos industriais. Isso certamente exigiria um encolhimento da economia”, afirmou.



Para Cechin, as idéias de Georgescu-Roegen podem se conciliar com a noção de desenvolvimento sustentável. Mas isso depende do que se entende por desenvolvimento sustentável. “A idéia de um crescimento que se sustenta é incompatível com Georgescu-Roegen. Portanto, se desenvolvimento sustentável for a manutenção da capacidade produtiva da humanidade, o conceito é incoerente com as idéias dele.”



Segundo o pesquisador, não seria correto dizer que o economista romeno se opõe ao desenvolvimento, mas que ele defende que a sociedade precisará se desenvolver decrescendo.



“Ele vê a economia não do ponto de vista monetário, mas da perspectiva material. Por isso enxerga que a devolução de resíduos precisará não apenas se estabilizar, mas diminuir efetivamente. A sociedade terá que produzir menos. Mas se o desenvolvimento é a ampliação das liberdades humanas – como defende o prêmio Nobel Amartya Sen –, diminuir o crescimento não significa deixar de se desenvolver”, explicou.



Para Cechin, o ambiente hoje é mais propício para a aceitação das idéias de Georgescu-Roegen, seja em virtude da percepção dos problemas ambientais globais – incluindo o aquecimento global e a questão energética –, seja pela percepção científica contemporânea de que fenômenos complexos não podem ser compreendidos com arcabouços mecanicistas e reducionistas.



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http://imycena.wordpress.com/biomimese/

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A civilação da empatia - Entrevista com jeremy Rifkin

Publicado na
www.ihu.unisinos.br


No novo livro de Jeremy Rifkin que é publicado agora na Itália, "La civiltà dell'empatìa" [A civilização da empatia] (Ed. Mondadori, 648 páginas), há uma primeira mensagem que, aparentemente, é tranquilizadora. Com uma robusta evidência científica, o autor explica que nós somos uma espécie animal "empática", treinada a provar compaixão, participação, solidariedade.



A reportagem é do jornal La Repubblica, 05-03-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.



A segunda mensagem é decisivamente alarmante. A nossa empatia, durante milênios, foi exercida dentro de círculos restritos, da família à comunidade agrícola até o Estado-nação, não se adaptou à extensão global da nova comunidade humana. Reprogramar a nossa consciência, aplicar a empatia em escala planetária é urgente se queremos evitar a destruição da nossa espécie (e de muitas outras).



Um terceiro componente interessante do livro é um plano ambicioso para resolver a equação energética. Trata-se de aplicar à energia o modelo da Internet, no sentido de uma revolução a partir de baixo, um sistema de produção e de consumo difuso, capilar, descentrado e flexível.



Presidente da Foundation on Economic Trends de Bethesda, professor da Wharton School, autor muito popular no mundo inteiro com livros como "La fine del lavoro" [O fim do trabalho] (1995) ou "A economia do hidrogênio" (Ed. M. Books, 2003), Rifkin discute nesta entrevista as teses da sua última obra, a mais ambiciosa e comprometedora de todas.



Eis a entrevista.



A advertência que o senhor lança não pode ser tomada levianamente: estamos próximos de uma espécie de implosão global, o estágio final e autodestrutivo das várias revoluções industriais.



Não quero soar como o enésimo profeta do apocalipse, mas muitos sinais indicam que estamos verdadeiramente em um ponto de mudança na história da espécie humana. O nosso destino pode ser jogado de modo fatal dentro de poucas décadas. Dois sinais recentes confirmam isso. Um foi a grande crise alimentar de 2008, que precedeu (e na realidade provocou) o colapso das finanças globais: sob a pressão do crescimento chinês e indiano, o petróleo chegou aos 147 dólares por barril, o aumento da produção agroalimentar provocou tumultos por causa do arroz e do pão em muitas nações emergentes. O segundo sinal foi o fiasco da cúpula de Copenhague sobre o ambiente: os mesmos líderes que não souberam prever o desastre de 2008 foram incapazes de enfrentar as mudanças climáticas.



O senhor acusa a cultura por meio da qual nós e as nossas classes dirigentes interpretamos o mundo.



Somos ainda prisioneiros da tradição iluminista, do pensamento de Locke e de Adam Smith: aquele que nos representa o homem como um ser racional, materialista, individualista, utilitarista. Se continuarmos usando esses instrumentos intelectuais do século XVIII, estamos verdadeiramente condenados. Dentro desse quadro cultural é impossível que seis bilhões de pessoas enfrentem a escassez de recursos naturais. Copenhague fracassou porque líderes como Obama e Hu Jintao continuaram pensando em termos geopolíticos tradicionais, segundo os interesses dos Estados-nações, em vez dos interesses da biosfera.



A empatia pode ter efeitos perversos, aumentando a entropia: esse é um conceito que o senhor já usou no passado, no sentido de uma degradação que destrói a energia disponível. Pode nos dar um exemplo histórico?



O Império Romano foi capaz de expandir a empatia dos seus cidadãos criando uma comunidade muito vasta, unida pelo mesmo destino. Mas, ao mesmo tempo, impulsionou a exploração da sua base agrícola até o extremo, até provocar um exaurimento que foi a verdadeira causa do declínio, antes das invasões bárbaras. A história se repete. Hoje, em escala bem mais ampla.



Quanto mais as civilizações se tornam complexas, mais se multiplicam as conexões entre os seres humanos. Mas ao mesmo tempo são exigidos maiores fluxos de energia, e estes aumentam a entropia. A Terceira Revolução Industrial que eu projeto nascerá da necessidade de mitigar o impacto entrópico das duas primeiras. Como as outras revoluções industriais, será impulsionada por uma convergência entre as novas tecnologias da comunicação e da energia. As primeiras civilizações hidráulico-industriais se fundaram sobre a invenção do alfabeto. A segunda revolução industrial do século XVIII ao XIX foi o encontro entre corrente elétrica, telégrafo, rádio, TV.



Por isso, hoje o senhor vê na Internet uma oportunidade benéfica e tem confiança nos jovens que cresceram dentro desse novo universo da comunicação?



A geração que se expôs ao conhecimento no terceiro milênio dá por óbvio que o mundo é feito de partilha e cooperação. As velhas gerações ainda têm uma ideia da mudança ditada do alto para baixo. Os jovens vivem em uma dimensão descentralizada, estão interconectados horizontalmente, sem hierarquias. A minha geração admirou as fotos da Terra tiradas da Apollo na expedição à Lua, foi a nossa primeira experiência de empatia para com todo o planeta visto de fora. Os nossos filhos, a cada dia, por meio do Google Maps, se percebem como cidadãos do planeta Terra.



Desastres como os terremotos no Haiti e no Chile, se transformam, com o Twitter, na ocasião para uma imediata solidariedade humana em escala global. Esses rapazes habituados a usar o Skype para falar com o colega de Tóquio intuem que somos uma única família planetária. Para eles, é mais fácil compreender que todo gesto cotidiano em todos os cantos do mundo tem um impacto em tempo real sobre a biosfera e atinge a espécie humana em qualquer lugar em que ela se encontre. Ali já se iniciou a transição para uma nova forma de consciência.



Nessa Terceira Revolução Industrial que está às portas, o modelo da Internet pode nos salvar também da crise energética? De que modo?



As novas tecnologias da comunicação convergem com as energias renováveis. É o que eu chamo de energia distribuída ou difusa. Porque as fontes renováveis – sol, vento, energia biotérmica, biomassa de rejeitos – encontram-se em nosso meio, igualmente repartidas em cada metro quadrado da superfície terrestre. Diferentemente das energias fósseis, como o petróleo e o carvão, cuja concentração territorial foi fonte de enormes problemas geopolíticos.



Na prática, o que significa abraçar o modelo da energia difusa?



Significa converter toda casa individual, toda mansão, em uma pequena central energética que usa o sol, o vento, os rejeitos, estocando-os e redistribuindo-os. Significa que a energia não consumida para as próprias necessidades será repartida segundo uma lógica de cooperação e de solidariedade. Não é socialismo, mas sim uma economia de mercado híbrida, exatamente como a Internet, com fenômenos como o software "open source", prefigurou uma superação do capitalismo puro, hibridizando-o com elementos de socialismo. Tudo isso já está começando a ocorrer e está mais próximo de vocês do que vocês acreditam.



Para ler mais:



•O meu alfabeto da esperança. Por Jeremy Rifkin

•‘É uma mudança, mas não suficiente. É necessária uma revolução ecológica’. Entrevista com Jeremy Rifkin

•O tempo não é o clima. Entrevista com Jeremy Rifkin

•A terceira revolução industrial e a crise ambiental. Entrevista com Jeremy Rifkin

•“A era do petróleo acabou. Surge a intergrid”. Entrevista com Jeremy Rifkin

•‘Estamos destruindo a Amazônia para alimentar vacas’. Entrevista com Jeremy Rifkin

•Aproveitem o sol e o vento, aconselha Jeremy Rifkin

•O nosso consumo de carne é um risco para a estabilidade do clima. 'Um americano médio come sete novilhos de seiscentos quilos'. Entrevista com Jeremy Rifkin

•Virada dramática na história da humanidade. As propostas de Jeremy Rifkin

•A terceira revolução industrial necessita de energia casa por casa, computador por computador. Entrevista com Jeremy Rifkin

•Seleção assistida por marcadores. Esta revolução pode ser a tecnologia certa . Artigo de Jeremy Rifkin

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