terça-feira, 30 de março de 2010

A lei de Gaia: Revista Ecodebate

março 23, 2010
A lei de Gaia: os grandes predadores da Mãe Terra


A relação dos humanos com o meio ambiente sempre foi marcada por uma concepção mecanicista da vida e pela apropriação dos recursos naturais, ignorando a necessidade de garantir a sua reprodução. E o direito sempre legitimou essas ações predatórias por meio do instituto da propriedade privada.

A análise é de Ugo Mattei, cátedra Alfred e Hanna Fromm de Direito Internacional e Comparativo da Universidade da Califórnia e professor de Direito do Hastings College of the Law, também na Califórnia, e da Universidade de Turim, na Itália. O artigo foi publicado no jornal Il Manifesto, 13-03-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O protagonista masculino dessa história é Gaio, misterioso autor jurídico romano, que viveu há mais de 2.000 anos e é autor de um livrinho de “Instituições”, talvez um Bignami para aspirantes advogados, cuja estrutura fundamental constitui a ossatura da concepção ocidental do direito privado. Um legado da antiguidade romana que ainda hoje fundamenta, em nível global, a concepção dominante da própria “juricidade”. Gaio representa em toda a sua grandeza a concepção romana do “domínio” como espaço de poder individual formalizado e ilimitado sobre as coisas.

O domínio romano não é aberto a todos. É limitado ao “pater familias”. O pai-patrão tem domínio absoluto sobre os seus bens, sejam eles animados ou inanimados. Como o proprietário hoje pode livremente destruir um bem próprio (ou matar um coelho próprio), assim o “dominus” tinha poderes ilimitados sobre os seus bens, incluindo a propriedade fundiária, e direito de vida e de morte sobre escravos, filhos e mulher. A meu ver, Gaio não é visto como um personagem histórico. É, ao invés, o modelo antropológico pressuposto pela ordem jurídica individualista ocidental, assim como ele chegou, por meio de uma longa e aventurosa história, até a nossa modernidade. Gaio é aqui o indivíduo ocidental dotado de direitos de propriedade privada, êxito hodierno do processo transformativo que chamamos de progresso.

Um mito milenar

Hoje, Gaio dirige um automóvel, tem uma casa própria, mora na cidade, vive sozinho ou em uma família nuclear, se comunica com o celular, vê TV, tem direito de voto e pode comprar bens de consumo para satisfazer cada um dos seus desejos. Gaio é dotado de direitos que formalizam o seu poder de ter. Hoje, a propriedade privada de Gaio não se estende aos escravos, e a sua é formalmente igual a ele.

A protagonista feminina é Gaia, a terra viva, um lugar que, há alguns milhões de anos, hospeda o humano. Gaia, há muito mais tempo, é lugar da vida, um agregado complexo de ecossistemas, de nexos, de comunidades, de redes, de relações, de cooperação e de conflito, de hierarquia, de transformações lentas e de revoluções imprevistas. Os mitos sobre Gaia são complexos e fascinantes e variam através das culturas.

Complexa e fascinante é também a história da relação de Gaio com Gaia. Hoje, o jovem Gaio estuda, a partir da escola primária, a evolução da vida sobre a terra. Darwin domina (por enquanto) a sua percepção, e dali ele retira o sentido do progresso e do crescimento. Os antepassados de Gaio nasceram na África. Gaia lhes ofereceu alimento sob forma de frutos e de caças. Depois, Gaio aprendeu a domesticar os animais, para tirar deles alimento e vestuário. Sucessivamente, cerca de 2.000 anos atrás, Gaio compreendeu que Gaia podia ser induzida a produzir mais alimento do que espontaneamente ofereceria. Intuído o nexo causal entre semeadura e colheita, Gaio se tornou sedentário. Os antepassados de Gaio logo inventaram um direito à posse exclusiva, conhecido como propriedade.

A propriedade servia para remunerar os esforços na caça, na criação e na semeadura. Era preciso definir, por isso, quem estava dentro e quem estava fora. Era preciso evitar que a colheita fosse roubada por quem não tinha se esforçado para arar o campo. Uma ampla literatura apologética da propriedade privada se baseia ainda hoje sobre esse seu nexo moral com o trabalho agrícola.

Depois, menos de 300 anos atrás, Gaio inventou as máquinas e fez a revolução industrial: podia até produzir bens de massa extraindo a energia para fazer isso das vísceras de Gaia. Havia passado cerca de 10.000 anos desde a revolução agrícola. Quando a revolução industrial ocorreu, os escritos do Gaio histórico haviam sido redescobertos há cerca de 700 anos (depois de terem se perdido nos séculos escuros) em uma biblioteca perto de Pisa, e a propriedade privada estava plenamente formalizada, e foi a ordem institucional que a tornou possível. Gaio se tornou patrão das minas, foi industriário e capitalista. Hoje, Gaio fez uma outra revolução: usa o computador, e a sua maior riqueza prescinde de todo contato com um bem material. O mais rico e admirado é o financista, não mais o industriário taylorista.

Entre o aparecimento do homem sobre Gaia e a revolução agrícola, a distância é de milhões de anos. Entre a revolução agrária e a industrial, são milhares. Entre a revolução industrial e a informática de hoje, são poucas centenas de anos. Essa impressionante aceleração histórica exalta Gaio e lhe fez viver um senso de onipotência. Enquanto dirige a sua pick-up supertecnológica (e talvez promovida como ecológica), ele se compraz que os seus filhos de cinco anos sabem se adaptar melhor do que os de 14 à progressão geométrica da tecnologia.

Mas qual relação liga Gaio a Gaia? Em muitas culturas, Gaia é vista como mãe. “Pacha mama”, a mãe terra. Mas Gaio não reconhece essa relação. Para ele, Gaia é um objeto, ou melhor, o objeto por antonomásia do seu “dominium”. Antes da estruturação jurídica da relação de domínio (o chamado domínio quiritário) ocorrida na última parte do primeiro milênio antes de Cristo, Gaia já é uma “condenação” para Gaio. A Bíblia conta que ele foi expulso por causa do pecado da sua mulher. Um Deus masculino expulsa Gaio do Éden e o joga entre os braços de uma nova fêmea, Gaia justamente, com a qual ele será condenado a conviver. Gaia se torna mulher de Gaio? Como se desenvolveu o casamento? Por muito tempo, as coisas funcionaram bem.

A obsessão da posse

Gaio observa Gaia, a corteja, procura compreendê-la, talvez se apaixona por ela. Sabe que é intimamente ligado a ela, sabe que a sua própria vida depende da boa relação que consegue ter com a sua esposa. Adapta a ela os seus comportamentos, a acaricia e extrai prazer dela. Busca respeitar suas amizades, os espaços vitais dos quais Gaia tem necessidade. Gaia é comunitária por natureza, é feita de nexos e é na comunidade ecológica que ela se alegra e prospera, belíssima. Gaia, durante muito tempo, compartilha seus gostos. Ama a comunidade. O seu horizonte é constituído pelo grupo, pela relação, pela cooperação indispensável para conviver junto com Gaia. Mas Gaio desenvolve logo a obsessão pela parte de dentro e pela parte de fora. Inventa as fronteiras. Inventa a guerra. Frequentemente, ignora Gaia para se engajar em novos conflitos, distante do seu vilarejo onde abandona as suas mulheres dedicadas ao cuidado do grupo, à busca de água e ao cultivo de Gaia.

Em bem pouco tempo, Gaio começa a enjoar do fato de estar junto com Gaia. Quer possuir suas riquezas, quer ter. Gaio descobre que, para ter, é preciso excluir. Exclui as mulheres, semelhantes a Gaia na índole, as reduz a objeto e reivindica sua propriedade. Exclui os diferentes, os escravos, os desviantes. Também sobre eles exerce o domínio. Gaio organiza o trabalho dos seus submetidos, e com esse trabalho transforma Gaia. Quantifica-a e deseja sempre mais dela, lançando-se à conquista guerreira de novos espaços e colônias.

O seu compromisso se expande e, com isso, as suas riquezas e o seu delírio de onipotência. Nos novos lugares, encontra novas comunidades. Comunidades que respeitam Gaia como uma mãe, como uma amiga ou como uma esposa que vivem com ela em equilíbrio harmonioso; que respeitam e admiram suas qualidades. Gaio não suporta essas amizades de Gaia e as destrói, saqueando suas riquezas. As qualidades não se medem, e o que mais interessa a Gaio é medir, quantificar o valor das suas riquezas para criar organizações sempre mais ricas e poderosas, capazes de um domínio absoluto que agora ele chama de “soberania” e que ele modela sobre a propriedade absoluta e individual de um território.

A ciência da qualidade

Gaio ama o prazer, mas o considera um luxo, um lugar da estética. O prazer gerado pela qualidade, um estado do ser, não o ajuda a acumular e a ter sempre e ainda mais. Por isso, Gaio diferencia entre arte e ciência. A primeira se fundamenta na qualidade, na relação e na comunidade espiritual entre artista, obra e fruidor. A segunda, apenas na quantidade. A ciência de Leonardo, uma ciência da qualidade, é assim esquecida: o protocientista será Galileu, aquele que exclui a qualidade e o “não mensurável” (estética, odores, sabores, harmonias) do mundo da relevância científica.

Gaio inventa a manufatura e a produção em série. Inventa máquinas prodigiosas fundadas em leis absolutas e imutáveis que aprende a descobrir e medir com precisão. Gaia lhe oferece a energia para fazer isso, das suas vísceras sai antes o carvão e depois o petróleo. Gaio se torna sempre mais rico e cobre de honras quem lhe permitiu tornar-se rico. Newton, na Londres do seu tempo, tinha status de superstar. Gaia ama a beleza e a harmonia. A sua essência está no ecossistema, um conjunto de relações mutualistas em que o todo não é uma simples soma das partes. Gaio coloca a si mesmo no centro. Promove a sua visão egocêntrica. Inventa o humanismo. Descobre que Gaia não é mais o centro do universo. Reage a isso colocando a si mesmo ali.

Com Descartes, o eu pensante, Gaio se emancipa da matéria, da qual recusa, ao mesmo tempo, a essência animada. Gaio se emancipa até do seu corpo, do seu ser pessoa. Agora, conta apenas por aquilo que tem. É sujeito abstrato, “dominus borghese”, dotado de poderes ilimitados sobre Gaia, da qual rejeita a identidade viva, reduzindo-a a uma máquina. Para ele, Gaia é governada por leis mecânicas, semelhantes àquelas sob tutela da sua propriedade privada, da qual a força da soberania exige o respeito sob pena de suplícios e galeras.

Gaia deve se revelar inteiramente aos seus olhos, deve lhe confessar todos os segredos de si mesma, justamente aqueles que podem torná-lo ainda mais rico e poderoso. Gaia é agora prisioneira e, como os prisioneiros, deve ser torturada para lhe extrair a verdade: como e onde posso encontrar novas riquezas, novas consciências, novo poder?

Gaio assume as vestes de Francis Bacon, onipotente e cruel Chanceler de sua majestade, que foi há muito tempo um grande jurista e grande cientista. É Bacon que teoriza sobre a inquisição na Inglaterra da Magna Charta. É Bacon que ensina o método científico para interrogar Gaia impiedosamente com o fim último de transformá-la e desenvolvê-la. Gaio, ao mesmo tempo, estende a sua imagem às suas mulheres: se são capazes de ter, terão direito à paridade formal.

Mas Gaia é esposa explorada, dominada e violentada com o direito e com a ciência. Permanecerá inerte? Alguém se levantará em sua defesa?

A Guerra das Rosas

Para ver uma reflexão sobre como o direito codificou as relações com a natureza pode-se ler as teses de Fritjof Capra contidas em: “O ponto de mutação” (Ed. Cultrix) e “La scienza della vita” (Ed. Rizzoli). Sobre as relações entre ciência e direito: “Legal Alchemy. The Uses and Misuses of Science in the Law”, de D. Faigman.

A história da relação entre Gaio e Gaia é uma verdadeira Guerra das Rosas. Vejam-se a respeito: “A ciência de Leonardo da Vinci” (Ed. Cultrix), de Fritjof Capra; “Dopo il Leviatano. Individuo e e comunità”, de Giacomo Marramao (Ed. Bollati Boringhieri); “Law and the Rise of Capitalism” (Ed. Monthly Review Press), de Michael E. Tigar.

Enfim, deve ser assinalada a publicação do panfleto do jornalista francês Hervé Kempf, “Per salvare il pianeta dobbiamo farla finita con il capitalismo” (Ed. Garzanti).

(Ecodebate, 23/03/2010) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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sexta-feira, 26 de março de 2010

Como financiar um negócio Verde - Leah Edwards

Como financiar um negócio Verde

Escrito por Leah Edwards
Publicado em 18 de fevereiro de 2008
Ecopreneurist 12 Comentários
em Negócios
Recebemos um e-mail semana passada de um inventor em Nova York, que desenvolveu um produto verde que quer trazer para o mercado, e ela gostaria de algumas idéias de como ela pode levantar o dinheiro para fabricar e comercializar o produto.

Vou apresentar algumas idéias, alguns dos quais não pode ser perfeito para sua situação, mas que geralmente são opções para ecoentrepreneurs. Por favor, comente este post se você tiver idéias ou perguntas adicionais sobre o financiamento de um arranque verde.

Este será um post relativamente longo, por isso aqui é um resumo das potenciais fontes de dinheiro para os negócios verdes:

Empréstimos SBA
Social-fundos de capital de risco
Amigos e Familiares-financiamento
A parceria com uma organização sem fins lucrativos
Outra opção, que não iria trabalhar para este inventor, seria para o arranque de uma empresa, como descrito em um post anterior.

E outra opção que está fora da tabela é o licenciamento: Este inventor olhou para o licenciamento do produto para uma empresa maior, o que colocaria o dinheiro para a produção e comercialização e, então, o inventor pagar uma taxa de licenciamento, presumivelmente com base no volume de vendas. A desvantagem do acordo seria uma perda de controle sobre a produção e comercialização, bem como o fato de que a empresa que está disposta a licenciar o produto teria a produção feita na China. Porque a vida inventor em Nova York, onde o desemprego é significativa, o inventor quer encontrar alguma maneira de levantar o dinheiro para fabricar o produto em uma fábrica dentro de sua comunidade.

Empréstimos de SBA

SBA empréstimos não são realmente enviadas pela Small Business Administration. Os candidatos trabalham com bancos locais para garantir empréstimos, que são garantidos pela SBA e são oferecidos a taxas de juros favoráveis e muitas vezes com melhores condições do que estariam disponíveis em outros lugares. Estes empréstimos não pode ser apropriado para iniciantes, mas gostaria de incentivar todos os empresários, pelo menos, estar ciente de que está disponível. Além disso, a SBA é executado Small Business Development Centers, que pode ser útil, por escrito, um plano de negócios.

Social-Venture Capital (ou Angel) Fundos

Há agora um número de fundos de capital de risco e investidores que estão procurando por empresas com uma linha de fundo duplo ambos um elevado potencial de retorno financeiro e um benefício social, ambiental ou econômico de uma comunidade em particular. Muitas vezes, esses investidores irão financiar empresas com menores necessidades de capital do que eles consideram para os investimentos que não têm uma missão de benefício social. Eu sei sobre um número, muitos dos quais estão centradas na Califórnia do Norte, por isso considero essa lista apenas um exemplo para mostrar que estes fundos existem. Você pode precisar fazer alguma pesquisa para encontrar investidores similares em sua área:

Bay DBL Investors 'Área Equity Fund, apoia as empresas com muitas missões sociais, inclusive ambientais, mas é focado no San Francisco Bay Area.

O Omidyar fundos Rede de ambas as organizações sem fins lucrativos e empresas. Esta frase de sua página Sobre, soa como o inventor que nos mandou: "Omidyar Network acredita que todos os indivíduos têm o potencial inato para tornar a vida melhor para si e para suas comunidades".

Fundos Khosla Ventures empresas de microfinanças e projetos de saúde, além de preocupações ambientais em todo o mundo.

Amigos e Família Financiamentos

Muitas partidas, verde ou não, são inicialmente financiados por investidores qualificados que conhecem o fundador ou que são amigos de amigos. Muitas vezes o financiamento inicial é sob a forma de obrigações convertíveis, que é convertido em capital quando a empresa passa por uma nova rodada de financiamento, com os anjos ou os capitalistas de risco. Embora nem todos os empresários não podem saber investidores credenciados ou ser confortável levantar o dinheiro, eu acho que esta é a forma mais comum de começar um negócio. Às vezes, uma pequena quantidade de dinheiro vai começar uma companhia fora do chão e provar lendors SBA ou outros investidores que a empresa vale financiamento em nível superior.

Parceria com uma organização sem fins lucrativos

Algumas organizações sem fins lucrativos, tem como parte de sua missão, o objetivo de oferecer formação profissional ou emprego dos trabalhadores mais desfavorecidos, para que operar um negócio como um de seus programas. Acho que esta opção pode ser particularmente interessante para este inventor (ecoentrepreneurs e outros). O inventor ainda pode receber royalties por sua invenção, mas o negócio pode ser executado com outros fins que não a maximização de lucros.

Agora você pode pensar que eu sou louco de sugerir uma organização sem fins lucrativos como fonte de financiamento, dado que tais grupos estão sempre precisando de dinheiro se. No entanto, há capital de risco, como fundos criados por organizações sem fins lucrativos, como REDF (Formerly a Roberts Desenvolvimento Regional), para iniciar ou expandir empreendimentos executados sob os auspícios de uma organização sem fins lucrativos. Outra opção é Social Venture Partners, que tem capítulos em muitos locais ao redor do mundo e oferece o que eles chamam de filantropia de risco, tanto dinheiro e experiência de gestão para organizações sem fins lucrativos.

Se algum de vocês souber de fontes de financiamento específicas para Nova Iorque, por favor comente abaixo.

"Slow Money" Dinheiro Leeeento - Regina Scharf

22.09.2009

Dinheiro leeeento

POR REGINA SCHARF # EM DE LÁ PRA CÁ

"Slow Money"
Você já ouviu falar de Slow Food-, movimento que ataca a cultura do fast food e que prega a volta das tradições gastronômicas e do prazer convivial de uma boa refeição. Talvez tenha ouvido falar de Slow Travel – que propõe que o turista interaja com as paisagens, as pessoas e a cultura do lugar visitado. Agora, Slow Money? Investir sem preocupação com o tempo de retorno do dinheiro?

O conceito cresce nos Estados Unidos, na ressaca do revertério da economia e dos investimentos tradicionais. Seu lema: “investir como se os alimentos, as propriedades rurais e a fertilidade importassem”. Sua bandeira: que as fundações e outros investidores tirem parte dos seus recursos do mercado financeiro e que os transfiram para a produção local e sustentável de alimentos, fomentando cooperativas e um modelo agrário de microcrédito.

Participei dias atrás do lançamento oficial do conceito, numa reunião que reuniu três centenas de pessoas aqui em Santa Fe.

“A voltatilidade do dinheiro e o fato de que ele está totalmente desconectado da Terra é algo danoso”, afirmou, durante a abertura do evento, Woody Tasch, o principal mentor deste movimento. Tasch é um profissional oriundo do mercado financeiro e fundador da não governamental Slow Money. Tasch prossegue: “enquanto circula pelo globo, com velocidade cada vez maior, o dinheiro retira o oxigênio do ar, a fertilidade do solo e a cultura das comunidades locais”.

Para que o capital não seja danoso à economia, aos indivíduos e ao planeta, ele propõe uma nova modalidade de investimento socialmente responsável. “Quanto do venture capital vai para a produção de alimentos?”, ele pergunta, para logo responder: “um centésimo de 1%”. Tasch diz que uma das razões para número tão baixo é que a idéia de que as fundações invistam de acordo com seus princípios, em projetos igualmente éticos, ainda é considerada radical. Ele cita o exemplo da Bill and Melinda Gates Foundation, que dispõe de mais de US$ 30 bilhões e investe sobretudo na África, mas que admitiu numa reportagem publicada pelo Los Angeles Times em 2007 que faz aplicações em empresas petrolíferas que atuam na Nigéria. Empresas cujo impacto ambiental e político é amplamente questionado. (Leia mais a respeito aqui, em inglês)

Para ele, esses recursos deveriam ser destinados à promoção do orgânico e do local – inclusive por meio de compra de participação em pequenos projetos agrícolas. A proposta do Slow Money é que os investidores arregacem as mangas e acompanhem de perto o progresso de seus investimentos.

Quem tiver interesse no assunto poderá ler mais a respeito num artigo recente da revista Time (leia aqui, em inglês) de semanas atrás.

Qual a sua opinião? O Slow Money tem condições de prosperar ou é apenas mais um modismo passageiro?

TAGS: AGRICULTURA, FINANÇAS SUSTENTÁVEIS, REGINA SCHARF, SLOW MONEY

segunda-feira, 22 de março de 2010

Revolução Empresarial 2010 -2020 - Novas Teconologias, Empresas e Formas de Gestão - Franscisco Ortiz

REVOLUÇÃO EMPRESARIAL 2010-2020 extraido do site www.wikifuturos.com
Novas Tecnologias, Empresas e Formas de Gestão

Francisco Ortiz

Presidente, desde 1985 do WWI WORLWIDE INSTITUTE for Global Freedom, Progress and Peace (Alliance of the People of the Earth) e da WWI INVESTMENT CORP. (BVI) um banco global de conhecimento, gestão, ciência, ecologia e tecnologias do futuro, fundado em 2001 nas Ilhas Virgens Britânicas, aberto a todas as empresas e instituições privadas, em benefício de todos os cidadãos do planeta.

Estamos em um momento da história onde tudo o que nos serviu de referência para produzir, ter poder e influência vai ser renovado e, em muitos casos, descartado. Muitos líderes estão ávidos por entender melhor e saber de antemão quais são nossas vulnerabilidades e oportunidades, outros ainda se sentem confortáveis enquanto ignoram a extensão total do processo de mudanças. Este artigo é um alerta sem fronteiras e faz parte de um processo planetário onde verdades estão sendo reveladas a todos os povos da Terra para permitir que uma nova consciência ética global prevaleça.

Vivemos uma era de profundas mudanças que deve atingir seu ápice no período 2010-2020. Minha visão do futuro tem como base o trabalho diário de identificar fatos que permitam a aplicação prática de novos paradigmas e tecnologias nas empresas e nos governos. Esta informação viva, de que alguns desejam se apropriar, ao estilo antigo, precisa ser do conhecimento de todos os empresários e administradores a serviço do bem público. Os papeis dos dirigentes empresariais, dos políticos, das mulheres e das instituições financeiras vão ser radicalmente novos.

Esta transição favorece o caos e nesse estado é imprescindível que façamos um enorme esforço para manter a lucidez e realizar ações corretas para prevenir maiores crises e reduzir o sofrimento que a maior parte da humanidade suporta.

Em setembro de 2009, por iniciativa do Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, foi iniciada a constituição de um setor de orientação estratégica mundial, denominado ‘Global Impact and Vulnerability Alert System (GIVAS)’ que deve ficar conectado a todos os líderes mundiais, incluindo Governos Nacionais, Associações de Classe, Agências das Nações Unidas, ONGs, Universidades, Institutos e instituições privadas.

Que pretende o GIVAS?
Simplesmente evitar maiores crises e sofrimentos aos cidadãos da Terra. Neste momento o Secretário Geral das Nações Unidas, após a crise financeira que sei ter revelado menos de 5% dos problemas financeiros mundiais, deseja dar, através do poder da informação eficaz em tempo real, uma contribuição decisiva para a Paz. Vai ser uma tarefa difícil, mas não impossível, e se ele conseguir parte do intento, toda a humanidade será beneficiada.

O GIVAS comprova a necessidade de aplicação imediata do processo biodinâmico que criei em 2001 para obtenção de informações e tomada de decisões em tempo real, usando a inteligência lógica, emocional e artificial, bem como a ultra-percepção humana. Este processo de administração que tem a arquitetura S.A.B.I.O.-G. - Scientific, Academic, Biological (Human Behaviour) Objetive and Intuitive Gnosis é referido em minhas obras “Chaves para a Liberdade, o Progresso e a Paz Global” (1999) e “Aliança Mundial dos Povos da Terra” (2004) e está sendo usado parcialmente na contínua atualização de dados através da qual tenho conseguido processar e integrar a maior parte dos conhecimentos que a seguir registro.


Novas Tecnologias

O mundo aos poucos percebe que as previsões mostradas nos livros e filmes de ficção científica estão sendo superadas e se materializam rapidamente. Afirmo com profundo conhecimento dos fatos, na posição de presidente de um banco de conhecimento focado nas novas e nas futuras ciências e tecnologias, que muito do que sonhamos está disponível para aplicação.

Se este mundo novo ainda não acontece, permitindo que a humanidade dê um salto decisivo para um futuro sem pobreza, doenças e guerras, é porque alguns poucos o impedem, outros desconhecem a real situação, outros ainda não têm a grandeza para investir no futuro.

O poder atual deste nosso mundo machista, competitivo e cruel se baseia em cinco fatores: ARMAMENTOS, ENERGIAS PRIMÁRIAS, INFORMAÇÃO MASSIVA, TECNOLOGIAS CONSUMISTAS E VIOLÊNCIAS. As potencias políticas detém seu poder com base nestes fatores. É necessária uma inversão.

Para criar uma nova civilização sustentável, com maior poder feminino, progressista e pacífica precisamos adotar o quanto antes, quatro paradigmas fundamentais para o novo poder global: COMPLEMENTARIDADE, ENERGIA LIMPA, INFORMAÇÃO VERDADEIRA, TECNOLOGIAS BIODINÂMICAS E SABEDORIA.

Estamos à beira de uma verdadeira revolução no transporte, na indústria, na construção, na saúde, no prolongamento da vida e na formas de administrar empresas e governos. Já temos soluções definitivas para os problemas ambientais e de geração de energia. Podemos fabricar geradores-motores de qualquer tamanho para qualquer finalidade que reduzem o custo da energia a menos de 10% do custo atual. Podemos ter carros, veículos e plataformas anti-gravitacionais de transporte de qualquer capacidade, sem poluição, sem ruído, movidos por reatores anti-gravitacionais capazes de levar-nos com segurança e conforto a qualquer lugar do planeta.

As tecnologias biodinâmicas incluem e integram engenharia molecular, nanotecnologia, bioengenharia, fito clonagem, bioneurodinâmica, biocibernética, cibernética quântica, engenharia spin-quântica, aeronáutica e espaço-náutica anti-gravitacionais, engenharia cósmico-termo-eólica, tecnologia monoatômica, ciência e tecnologia da informação, inteligência artificial, robótica, cibortecnologia, tecnologia do ciberespaço, produção de clones, produção de humanóides e andróides, tecnologia dos espaços multidimensionais e os processos integrados S.A.B.I.O.-G. de tomada de decisões e governança empresarial, comunitária e planetária.

A medida que estas tecnologias sejam aplicadas ao correr dos próximos anos deixarão de existir ou deverão mudar radicalmente grande parte das atuais indústrias e atividades produtivas, comerciais e institucionais. Com a revolução tecnológica em curso serão afetados os seguintes setores:

NÍVEL DE EMPREGO - Mais de 1,3 Bilhões de pessoas atualmente empregadas deverão perder o emprego atual por outros que exigem mais qualificação. Será necessário reduzir o número de horas de trabalho para menos de 50% das horas atualmente trabalhadas e aumentar o poder de compra dos salários para manter a economia sustentável e financiar a educação e o lazer cultural.

EDUCAÇÃO – Para podermos viver em uma sociedade planetária, mais de 3,5 bilhões de pessoas precisam tomar consciência de sua cidadania maior e para tanto precisam ser educadas com novos valores e paradigmas. A queda das fronteiras culturais nacionalistas e novos armamentos dissuasivos (que não ferem ou matam) vão permitir que os gastos com armamentos e exércitos sejam reduzidos a menos de 5% dos gastos atuais. Para estes fins a educação à distância e os convênios e vivências interculturais e entre comunidades dos povos da Terra são fundamentais.

INDÚSTRIA – As novas tecnologias desencadeiam o processo de obsolescência e o desaparecimento ou substituição de muitos produtos e serviços, entre eles:

• Uso de energia derivada da queima (combustão) de derivados do petróleo, da cana de açúcar, do carvão e demais bio-combustíveis substituída por energias limpas principalmente pela energia inter-atômica spin-quântica que é gratuita, totalmente limpa e inesgotável.

• Automóveis, caminhões, trens de carga, aviões, navios e veículos substituídos por automóveis anti-gravitacionais, cargueiros anti-gravitacionais, plataformas de transporte e condomínios residenciais antigravitacionais sustentados e movidos por reatores anti-gravitacionais spin-quânticos.

• Motores, geradores e usinas de energia elétrica movidos pela queima ou combustão de carvão, óleos minerais ou vegetais de qualquer natureza, hidroelétricas, usinas atômicas, parques eólicos e assemelhados, substituídos por motores, geradores spin-quânticos que sem gerar qualquer poluição, reduzem o custo da energia apenas para o custo de manutenção e substituição periódica dos componentes destas máquinas que é de menos de 5% do custo atual da energia.

• Sistemas de transmissão de energia elétrica de alta e média tensão que se tornam desnecessários.

• Tratamentos médicos baseados em medicamentos, reações bioquímicas e procedimentos químicos e radioativos, substituídos por equipamentos de cura e combate das doenças por ressonância quântica e bio-nano-unidades de cura com aplicações de elementos monoatômicos.

• Grandes autopistas e principais estradas de rodagem e ferrovias que se tornam desnecessárias.

• Madeiras nobres naturais substituídas por madeiras fabricadas com derivados de petróleo, com veios naturais perfeitos, não repetitivos, muito mais duráveis e baratas.

• Cimento, ferro, gesso e vidros atualmente usados na construção civil que devem ser substituídos por nano-materiais muito mais úteis, resistentes leves e baratos.

E mais de cem outras mudanças revolucionárias, de menor impacto no dia a dia das pessoas, para produzir e conservar alimentos, papel, roupas, livros, móveis, máquinas de limpeza, tratamento de pele, energéticos, reconstituição de tecidos, brinquedos, tapetes, chips, telas de TV gigantes e flexíveis com espessura menor de um milímetro, motores spin quânticos do tamanho de um vírus, equipamentos de defesa pessoal, local e regional que não ferem nem matam, equipamentos para prolongar a juventude e a vida, equipamentos para controlar a qualidade da atmosfera e recuperar a camada de ozônio.

E ainda, naves espaciais capazes de viajar a milhões de vezes a velocidade da luz, robôs, andróides, humanóides, nanomemórias capazes de conter na cabeça de um alfinete todos os livros já escritos no planeta, super microcomputadores de múltiplo uso com memória bilhões de vezes maiores do que os atuais PCs, e muitos outros avanços revolucionários para saúde e a construção de um mundo melhor.

Estas tecnologias vão acabar com:

Os gigantescos estoques de armas atômicas, químicas e biológicas.
A falta de recursos para se ter educação de qualidade em casa.
A pobreza e a miséria crônicas.
O atual sistema clandestino de poder mundial.
A especulação financeira internacional.
O poder dos cartéis do petróleo.
Os governos centralizados.
As grandes metrópoles.
As atividades especulativas das bolsas de valores.
Os grandes gastos com exércitos e armas.

O que era ficção, hoje tende a se transformar em programas de desenvolvimento nas empresas com futuro.

Novas Empresas

A economia atual se divide em dois segmentos principais. Economia produtora de bens e serviços úteis e economia financeira produtora de valor financeiro agregado (juros e ganhos especulativos com a compra e venda de papéis financeiros e ações). A primeira é uma economia real a segunda é virtual, dinheiro gerando dinheiro, impulsos eletrônicos crescendo ou decrescendo em painéis eletrônicos. A economia real cresce de -5% a +15% ao ano. A economia financeira virtual pode crescer exponencialmente à razão de mais de 5% ao dia.

Se esta última assertiva, refutada por muitos, fosse comprovada como verdade, a quem estaria beneficiando a multiplicação do dinheiro? E, quem estaria pagando a conta da excessiva concentração de capitais? Como este fato oculto que pode indignar e assustar as pessoas dignas poderia estar influenciando as crises que periodicamente atingem o mundo? Quem seria responsável por este estado de coisas? Tenho certeza de que o Global Impact and Vulnerability Alert System (GIVAS) das Nações Unidas vai revelar a verdade.

Comprovada como verdade irrefutável esta afirmação procedente de fontes clandestinas, não teríamos outra alternativa melhor do reorientar e regular as atividades do sistema financeiro internacional para o financiamento de capital de risco para a economia real. Desta forma a humanidade teria mais de 250 trilhões de dólares de investimentos em empresas produtivas e úteis terminando com a necessidade de armas e exércitos, principalmente, a partir do momento em que a segurança das comunidades for feita com os novos escudos e armas dissuasivas incapazes de ferir ou matar.

Novas Formas de Gestão

As mudanças institucionais e logísticas decorrentes de um mundo cada vez mais interdependente; a necessária injeção de capitais de risco para renovar e tornar sustentáveis e ecologicamente corretas milhares de empresas industriais, comerciais e de serviços; a correção imediata dos principais problemas ambientais, o desmantelamento das velhas indústrias, construções e explorações predadoras; a boa administração dos investimentos para modernizar muitas atividades produtivas na cidade e no campo; a necessidade de criar nova infra-estrutura urbana, social, educacional e política; os impactos resultantes para financiar milhares de novas tecnologias para empresas capazes de atender a acelerada e crescente demanda dos bens tradicionais e dos novos produtos e serviços; vão tornar o mercado altamente dinâmico exigindo também novas formas de gestão.

Um dos aspectos relevantes das novas formas de gestão de empresas e organizações é a necessidade de acesso barato a sistemas de informação e tomadas de decisão em tempo real do tipo S.A.B.I.O.-G. Este sistema serve também para criar uma rede de centros cívicos municipais onde em “ciber-congressos permanentes” os atos dos governantes locais e nacionais possam ser vetados ou apoiados em tempo real pelos cidadãos. Estes serviços devem ser colocados à disposição de qualquer empresa ou cidadão sem quaisquer vinculações com os interesses de quaisquer grupos políticos ou econômicos

Frente aos desafios que os problemas climáticos e ambientais geram à mãe Terra e frente a necessidade de termos postura criadora na gestão das organizações sem dúvida alguma os seres humanos que têm competência, intuição e amor estão mais bem preparados para liderar com assertividade biodinâmica e obter resultados do que aqueles que ainda estão influenciados pelo pensamento competitivo, guerreiro e destrutivo que caracteriza os machos primários. No futuro estas atividades serão delegadas exclusivamente aos esportes radicais, às máquinas e aos robôs.

Por isso a gestão ao estilo feminino deve ser valorizada, não apenas colocando nas empresa e nas organizações sociais e políticas igual número de homens e mulheres mas e principalmente levando para as mesmas aquelas qualidades femininas de intuição e amor à vida. Isto significa maior consciência, sensibilidade e estímulos permanentes à complementaridade dos indivíduos. Essa visão feminina deve banir das organizações a competitividade doentia e o incentivo as rivalidades, conflitos e confrontos emocionais de muitos líderes, sejam eles homens ou mulheres. ■ FJOC-Set/2009

Recuperado a partir de "http://www.wikifuturos.com/index.php?title=Futuros/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Empresarial_2010-2020_-_Novas_Tecnologias%2C_Empresas_e_Formas_de_Gest%C3%A3o"
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sexta-feira, 12 de março de 2010

Grátis, o futuro dos preços - Chris Anderson

(Original inglês, Free, the future of a radical price, 2010)


Chris Anderson é autor muito conhecido por sua excelente obra anterior, The Long Tail (no brasil, A Longa Cauda) em que mostrou que as novas tecnologias de informação e comunicação mudavam as regras do marketing, ao possibilitar manter em estoque virtual inúmeras obras criativas muito depois de se esgotar o surto de vendas do lançamento. Apesar de pensarem mais nos Best Sellers, os intermediários do processo precisariam passar a pensar em Long Sellers. E para os usuários, isto siginfica ter acesso não só ao que está no Blockbuster, mas ao conjunto de iniciativas da chamada economia criativa, revitalizando os nichos de demanda diferenciada.

Anderson escreve muito “pé no chão”, digamos assim, com uma visão pragmática, recorrendo muito a consultas com os que estão abrindo novos caminhos. Na presente obra, ele sistematiza os argumentos em torno da economia da gratuidade. Não por alguma razão ideológica ou idealista: mostra bem que se trata simplesmente de bom senso econômico.

Os jovens têm muito tempo e pouco dinheiro. Os mais velhos têm pouco tempo e bastante mais dinheiro. Os primeiros não se incomodam em rodear as barreiras artificiais com que as corporações mais ou menos oligopolizadas tentam impedir o acesso gratuito, e na realidade o conseguem rapidamente. As corporações entram numa corrida inútil de proibições, tecnologias de travamento e até de apelos patéticos na mídia, do tipo “seja ético”, como se formar oligopólios e cartéis fosse ético. Quando a reprodução é virtualmente gratuita, ou tende para isto, querer cobrar se torna mais caro do que assegurar o acesso gratuito e encontrar outras formas de equilibrar as contas.

Os mais velhos têm pouco tempo e mais dinheiro. Em geral vão pagar por uma versão mais sofisticada do mesmo produto gratuito, pois ganham em competência e ritmo de produção, e muitas empresas descobriram que assegurar gratuidade geral, e cobrar por serviços avançados e especializados referentes ao mesmo produto permite perfeitamente sobreviver. E entrar em guerra com a imensa maioria, e em particular com a nova geração, não é o ideal para uma empresa. O próprio Bill Gates, na citação trazida por Anderson, se refere a piratas dos seus produtos com certa diplomacia: “se estão roubando, nós queremos que eles roubem os nossos” (“as long as they’re goint to steal it, we want them to steal ours”.(102) Até ali já chegou a luz das novas regras do jogo, na nova economia.

Chris Anderson parte de uma clara distinção, entre a economia de bens materiais (os átomos), e a economia da criatividade (os bits). O que gera desacertos é tentar aplicar as regras dos bens materiais, do século XX fabril, à economia da criatividade. O bem material, quando apropriado por alguém, deixa de ser propriedade de outro: é um “bem rival”, no jargão da economia. Um bem criativo não é apropriado, é compartilhado, e quem o tinha no início não o perde. Isto não significa que o valor econômico do bem deixa de existir, e sim que a natureza da transação e a incidência da remuneração mudam. São novas regras. Achar bandidos de um lado ou de outro não resolve.

Quando a internet permite a conectividade quase gratuita de inúmeros pequenos comerciantes que passam a racionalizar os seus negócios, é óbvio que as empresas telefônicas – em particular com o que cobram no Brasil – ficam indignadas, pois os seus lucros se baseiam em proibir o livre acesso, de forma a que seja obrigatório passar por elas. É compreensível neste sentido, do ponto de vista delas, a guerra que travam contra a ampliação do acesso. Mas por outro lado, se considerarmos que o acesso à banda larga torna mais produtivos zilhões de atividades, precisamos pesar o que perdem alguns oligopólios e o que ganha a sociedade. Manter as coisas mais caras para privilegiar uns poucos não tem muito sentido. Interessa, a prazo, a produtividade sistêmica mais elevada da sociedade. No caso da abertura do acesso, avalia Anderson, “os ganhadores são muito mais numerosos do que os perdedores. A gratuidade desarticula, sem dúvida, mas tende a deixar os mercados mais eficientes no seu rastro”. (the winners far outnumber the loses. Free is disruptive, to be sure, but it tends to leave more efficient markets in its wake” (134) Em termos econômicos, trata-se aqui da tão mencionada destruição criativa, que de repente os oligopólios esqueceram.

O caso da Enciclopédia Britânica e da Wikipedia é neste sentido interessante: sai muito mais econômico captar o imenso capital acumulado de conhecimento da sociedade, nos mais diversos aspectos, inicialmente disperso, mas agora sistematizado. A contribuição para o nível geral de conhecimento da sociedade é imensa, os verbetes estão permanentemente atualizados (quem já comprou a Britânica sabe o peso da poeira), e as perdas de uma empresa que não soube evoluir para novas modalidades é simplesmente compreensível. Em todo caso, são incomparavelmente menores do que os ganhos sociais. Em termos de PIB, não aparece a Wikipedia, porque é gratuita e se baseia no prazer das pessoas fazerem uma coisa útil. Mas o valor-conhecimento (que o Pib não mede) é imenso. (“it’s shrinking the value we can measure (direct revenue), even as it’s hugely increasing the value we can’t (our collective knowledge)”. (130) Compensaria cobrar de cada pessoa que consulta a Wiki? Segundo Jimmy Wales, o criador, os estudos e pesquisas que o acervo permite viabilizam as contas.

É claro que “não há almoço grátis”, e Anderson repete isto várias vezes. Mas muito posto de gasolina não cobra o cafezinho e não perde com isto. Ou seja, temos de deixar um pouco de lado o histerismo ideológico que denuncia a pirataria, e pensar na lógica dos processos econômicos. A universalização do acesso gratuito à banda larga seria um escândalo? Claro que as infraestruturas e a gestão da banda larga têm custos. Mas deve-se cobrar de cada uso? A banda larga é a avenida onde trafegam os conhecimentos. São ondas eletromagnéticas, espectro que aliás é público, não foi criado por nenhuma telefônica nem pela ABERT. Por isso são concessões de uso de recurso público. O acesso livre à banda larga é tão natural como a minha livre circulação na rua. A rua também tem custos, mas travar o acesso, cobrar o meu passeio, resultaria em perda de valor social, ainda que significasse enriquecimento de alguns.

Na realidade, a dificuldade não é propriamente intelectual, e sim de postura. A economia da criatividade é nova, e toda a nossa formação, do que é econômico ou não, do que é ético ou não, prendem-se a outros tempos. Anderson neste livro simples e divertido, mas muito bem documentado, nos ajuda a fazer a transição para uma outra lógica. “Ideias, escreve o autor, não podem ser travadas para sempre”. (83)

L.Dowbor

[dicas de leitura]

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Copyright © 1999 Ladislau Dowbor

A lógica da abundância - Augusto de Franco

Texto publicado originalmente, aqui na Escola-de-Redes, em 06/02/09.

Uma das coisas mais bacanas das redes sociais distribuídas é a chamada “lógica da abundância”. Dizendo de outra maneira, de uma perspectiva menos estrutural e mais processual: se você não produz artificialmente escassez quando se põe a regular qualquer conflito, produz rede (distribuída); do contrário, produz hierarquia (centralização).

Os problemas que se estabelecem a partir de divergências de opinião são – em grande parte – introduzidos artificialmente pelo modo-de-regulação. Por exemplo, queremos escolher 5 pessoas para uma função qualquer, mas 10 pessoas estão postulando. Problema? Que nada! Basta escolher as 10. Quem disse que teriam que ser apenas 5? Essa determinação está, por acaso, nos “10 Mandamentos”? Isso só será um problema se nos tornarmos escravos dos estatutos e regimentos: sim, em algum lugar foi definido que teriam que ser 5 pessoas, mas e daí? Qual o problema de mudar essa definição?

Ah! Mas é muita gente, não cabe na sala, vai dificultar o processo de decisão... Todas essas são, é óbvio, desculpas esfarrapadas para produzir artificialmente escassez. Não cabe na sala? Arrumamos uma sala maior ou fazemos um rodízio de quem entra e quem fica fora de cada vez. Vai dificultar o processo de decisão? Criamos duas instâncias e redefinimos as responsabilidades pelas funções.

O fato é que somente em estruturas hierárquicas essas coisas são realmente problemas. Porque nessas estruturas o que está em jogo não é a funcionalidade do organismo coletivo e sim o poder de mandar nos outros, quer dizer, a capacidade de exigir obediência ou de comandar e controlar os semelhantes.

Quanto mais distribuída for uma rede, mais a regulação que nela se estabelece pode ser pluriarquica. Uma pessoa propõe uma coisa. Ótimo. Aderirão a essa proposta os que concordarem com ela. E os que não concordarem? Ora, bolas, os que não concordarem não devem aderir. E sempre podem propor outra coisa. Os que concordarem com essa outra coisa aderirão a ela. E assim por diante.

O papel dos administradores das ferramentas de netweaving usadas em uma rede não é o de chefes, nem mesmo o de líderes. Eles devem ser netweavers, não coordenadores. Nem sempre um netweaver é a pessoa mais importante. Tem os hubs. Tem os inovadores. Todos esses papéis são tão os mais importantes em uma rede do que o de netweaver.

Muitas vezes os administradores de sites e grupos em uma plataforma interativa como o Ning ou o Drupal não cumprem nem mesmo o papel de netweavers. São apenas pessoas que tomaram a iniciativa de abrir um site, formar um grupo, colocar um tema em discussão em um fórum ou marcar um evento. Quem deve aderir a essas iniciativas? Quem quiser. E quem não quiser? Quem achar que não é bem assim, que poderia ser melhor “um pouquinho”, que o desenho não está adequado, que a proposta está equivocada etc., pode sempre dizer isso para as pessoas que tomaram a iniciativa. E se não adiantar, se essas pessoas insistirem em manter o que propuseram? Ora, nesse caso, também não deveria haver o menor problema. Quem não está totalmente satisfeito ou confortável com o que foi proposto, pode propor outra coisa.

Vamos pegar o nosso próprio exemplo, o da Escola-de-Redes. Aqui nunca se admite a votação como método de regular majoritariamente qualquer dilema da ação coletiva. E quando há discordâncias de opiniões, como fazemos? Ora, não fazemos nada! Por que deveríamos fazer alguma coisa? Viva a diversidade!

Se você estabelece alguma coisa a partir da votação, cai numa armadilha centralizadora ou hierarquizante. Produz “de graça” escassez onde não havia.

Vamos imaginar, por hipótese, que exista alguém que não esteja muito contente com a maneira como o administrador de algum grupo ou do próprio site da Escola-de-Redes está conduzindo a coisa. O que essa pessoa pode fazer, além de externar sua opinião e colocá-la em debate?

Ora, no limite, essa pessoa descontente pode abrir um novo site aqui no NING (é fácil e gratuito) e chamá-lo de Escola de Redes (acrescentando, por motivos técnicos – para satisfazer exigências do sistema, se não quiser lançar mão de outro – um diferencial designativo qualquer, como ‘Escola de Redes 2’, ou Escola de Redes B’). Ela tem toda a liberdade – e legitimidade – para fazê-lo. Se mantiver os objetivos (investigação sobre redes sociais) e os requisitos organizacionais da escola (topologia distribuída), não será outra coisa, senão a Escola de Redes. E quem vai aderir? Quem quiser.

A rigor, cada nodo já é uma outra-e-mesma escola. Cada nodo pode, se assim desejar, abrir seu próprio site no NING (ou em outra plataforma interativa qualquer) ao invés de figurar como um grupo aqui.

Considerando, porém, a aceitação geral desta Escola-de-Redes e o seu nível de atividade (relativamente alto em vista do pouco tempo de existência), tudo indica que ainda é melhor ficar por aqui. Um dia, entretanto, pode não ser. Mas o mundo não vai cair por causa disso.

A Escola de Redes não é uma organização se expandindo e sim uma idéia se disseminando. Como a vida – na bela imagem de Lynn Margulis – ela não se apossa do globo pelo combate e sim pela formação de redes. No plural.

Foi pensando nisso que escrevi, no segundo semestre do ano passado, o texto “Articule você também uma escola de redes”.

terça-feira, 2 de março de 2010

Viver Bem : La Razón

Viver Bem: proposta de modelo de governo na Bolívia
11 de fevereiro de 2010
Publicado no jornal boliviano La Razón*


Viver Bem, modelo que o governo de Evo Morales busca implementar, pode ser resumido como viver em harmonia com a natureza, algo que retomaria os princípios ancestrais das culturas da região. Estas considerariam que o ser humano passa a um segundo plano em relação ao meio ambiente.
O chanceler David Choquehuanca e um dos estudiosos aimara desse modelo e especialista em cosmovisão andina, conversou com La Razón durante uma hora e meia e explicou os detalhes destes princípios reconhecidos no artigo 8 da Constituição Política do Estado (CPE).


“Queremos voltar a Viver Bem, o que significa que agora começamos a valorizar a nossa história, a nossa música, a nossa vestimenta, a nossa cultura, o nosso idioma, os nossos recursos naturais, e depois de valorizar decidimos recuperar tudo o que é nosso, voltar a ser o que éramos”.
O artigo 8 da CPE estabelece que: “O Estado assume e promove como princípios ético-morais da sociedade plural: ama qhilla, ama llulla, ama suwa (não sejas preguiçoso, não sejas mentiroso nem ladrão), suma qamaña (viver bem), ñandereko (vida harmoniosa), teko kavi (vida boa), ivi maraei (terra sem males) y qhapaj ñan (caminho ou vida nobre).


O Chanceler marcou distância com o socialismo e mais ainda com o capitalismo. O primeiro busca satisfazer as necessidades humanas e para o capitalismo o mais importante é o dinheiro e a mais-valia.
De acordo com David Choquehuanca, o Viver Bem é um processo que está apenas começando e que pouco a pouco irá se massificando.


“Para os que pertencem à cultura da vida, o mais importante não é o dinheiro nem o ouro, nem o ser humano, porque ele está em último lugar. O mais importante são os rios, o ar, as montanhas, as estrelas, as formigas, as borboletas (...) O ser humano está em último lugar, para nós o mais importante é a vida”.


Nas culturas

Aimara – antigamente os moradores das comunidades aimara na Bolívia aspiravam a ser qamiris (pessoas que vivem bem).
Quechuas – igualmente, as pessoas desta cultura desejavam ser um qhapaj (pessoa que vive bem). Um bem-estar que não é econômico.
Guarani – o guarani sempre aspira a ser uma pessoa que se move em harmonia com a natureza, isto é, que espera algum dia ser iyambae.


O Viver Bem dá prioridade à natureza mais que ao ser humano
Estas são as características que pouco a pouco serão implementadas no novo Estado Plurinacional


Priorizar a vida

Viver Bem é buscar a vivência em comunidade, onde todos os integrantes se preocupam com todos. O mais importante não é o ser humano (como afirma o socialismo) nem o dinheiro (como postula o capitalismo), mas a vida. Pretende-se buscar uma vida mais simples. Que seja o caminho da harmonia com a natureza e a vida, com o objetivo de salvar o planeta e dar a prioridade à humanidade.


Obter acordos consensuados

Viver Bem é buscar o consenso entre todos, o que implica que mesmo que as pessoas tenham diferenças, na hora de dialogar se chegue a um ponto de neutralidade em que todas coincidam e não se provoquem conflitos. “Não somos contra a democracia, mas o que faremos é aprofundá-la, porque nela existe também a palavra submissão e submeter o próximo não é viver bem”, esclareceu o chanceler David Choquehuanca.


Respeitar as diferenças

Viver Bem é respeitar o outro, saber escutar todo aquele que deseja falar, sem discriminação ou qualquer tipo de submissão. Não se postula a tolerância, mas o respeito, já que, mesmo que cada cultura ou região tenha uma forma diferente de pensar, para viver bem e em harmonia é necessário respeitar essas diferenças. Esta doutrina inclui todos os seres que habitam o planeta, como os animais e as plantas.


Viver em complementaridade
Viver Bem é priorizar a complementaridade, que postula que todos os seres que vivem no planeta se complementam uns com os outros. Nas comunidades, a criança se complementa com o avô, o homem com a mulher, etc. Um exemplo colocado pelo Chanceler especifica que o homem não deve matar as plantas, porque elas complementam a sua existência e ajudam para que sobreviva.


Equilíbrio com a natureza

Viver Bem é levar uma vida equilibrada com todos os seres dentro de uma comunidade. Assim como a democracia, a justiça também é considerada excludente, de acordo com o chanceler David Choquehuanca, porque só leva em conta as pessoas dentro de uma comunidade e não o que é mais importante: a vida e a harmonia do ser humano com a natureza. É por isso que Viver Bem aspira a ter uma sociedade com equidade e sem exclusão.


Defender a identidade
Viver Bem é valorizar e recuperar a identidade. Dentro do novo modelo, a identidade dos povos é muito mais importante do que a dignidade. A identidade implica em desfrutar plenamente de uma vida baseada em valores que resistiram mais de 500 anos (desde a conquista espanhola) e que foram legados pelas famílias e comunidades que viveram em harmonia com a natureza e o cosmos.
Um dos principais objetivos do Viver Bem é retomar a unidade de todos os povos
O ministro das Relações Exteriores, David Choquehuanca, explicou que o saber comer, beber, dançar, comunicar-se e trabalhar também são alguns aspectos fundamentais.


Aceitar as diferenças
Viver Bem é respeitar as semelhanças e diferenças entre os seres que vivem no mesmo planeta. Ultrapassa o conceito da diversidade. “Não há unidade na diversidade, mas é semelhança e diferença, porque quando se fala de diversidade só se fala de pessoas”, diz o Chanceler. Esta colocação se traduz em que os seres semelhantes ou diferentes jamais devem se ofender.
Priorizar direitos cósmicos
Viver Bem é dar prioridade aos direitos cósmicos antes que aos Direitos Humanos. Quando o Governo fala de mudança climática, também se refere aos direitos cósmicos, garante o Ministro das Relações Exteriores. “Por isso, o Presidente (Evo Morales) diz que vai ser mais importante falar sobre os direitos da Mãe Terra do que falar sobre os direitos humanos”.


Saber comer
Viver Bem é saber alimentar-se, saber combinar os alimentos adequados a partir das estações do ano (alimentos de acordo com a época). O ministro das Relações Exteriores, David Choquehuanca, explica que esta consigna deve se reger com base na prática dos ancestrais que se alimentam com um determinado produto durante toda a estação. Comenta que alimentar-se bem garante boa saúde.


Saber beber
Viver Bem é saber beber álcool com moderação. Nas comunidades indígenas cada festa tem um significado e o álcool está presente na celebração, mas é consumido sem exageros ou ofender alguém. “Temos que saber beber; em nossas comunidades tínhamos verdadeiras festas que estavam relacionadas com as estações do ano. Não é ir a uma cantina e se envenenar com cerveja e matar os neurônios”.


Saber dançar
Viver Bem é saber dançar [danzar], não simplesmente saber bailar [bailar]. A dança se relaciona com alguns fatos concretos, como a colheita ou o plantio. As comunidades continuam honrando com dança e música a Pachamama, principalmente em épocas agrícolas; entretanto, nas cidades as danças originárias são consideradas expressões folclóricas. Na nova doutrina se renovará o verdadeiro significado do dançar.


Saber trabalhar
Viver Bem é considerar o trabalho como festa. “O trabalho para nós é felicidade”, disse o chanceler David Choquehuanca, que recalca que ao contrário do capitalismo onde se paga para trabalhar, no novo modelo do Estado Plurinacional, se retoma o pensamento ancestral de considerar o trabalho como festa. É uma forma de crescimento, é por isso que nas culturas indígenas se trabalha desde pequeno.


Retomar o Abya Yala
Viver bem é promover a união de todos os povos em uma grande família. Para o Chanceler, isto implica em que todas as regiões do país se reconstituam no que ancestralmente se considerou como uma grande comunidade. “Isto tem que se estender a todos os países. É por isso que vemos bons sinais de presidentes que estão na tarefa de unir todos os povos e voltar a ser o Abya Yala que fomos”.


Reincorporar a agricultura
Viver Bem é reincorporar a agricultura às comunidades. Parte desta doutrina do novo Estado Plurinacional é recuperar as formas de vivência em comunidade, como o trabalho na terra, cultivando produtos para cobrir as necessidades básicas para a subsistência. Neste ponto se fará a devolução de terras às comunidades, de maneira que se produzam as economias locais.


Saber se comunicar
Viver Bem é saber se comunicar. No novo Estado Pluninacional se pretende retomar a comunicação que existia nas comunidades ancestrais. O diálogo é o resultado desta boa comunicação mencionada pelo Chanceler. “Temos que nos comunicar como antes os nossos pais o faziam, e resolviam os problemas sem que se apresentassem conflitos, não temos que perder isso”.
O Viver Bem não é “viver melhor”, como propugna o capitalismo
Entre os preceitos estabelecidos pelo novo modelo do Estado Plurinacional, figuram o controle social, a reciprocidade e o respeito à mulher e ao idoso.


Controle social
Viver Bem é realizar um controle obrigatório entre os habitantes de uma comunidade. “Este controle é diferente do proposto pela Participação Popular, que foi rechaçado (por algumas comunidades) porque reduz a verdadeira participação das pessoas”, disse o chanceler Choquehuanca. Nos tempos ancestrais, “todos se encarregavam de controlar as funções que suas principais autoridades realizavam”.


Trabalhar em reciprocidade
Viver Bem é retomar a reciprocidade do trabalho nas comunidades. Nos povos indígenas esta prática se denomina ayni, que não é mais do que devolver em trabalho a ajuda prestada por uma família em uma atividade agrícola, como o plantio ou a colheita. “É mais um dos princípios ou códigos que garantirão o equilíbrio nas grandes secas”, explica o Ministro das Relações Exteriores.


Não roubar e não mentir
Viver Bem é basear-se no ama suwa e ama qhilla (não roubar e não mentir, em quéchua). É um dos preceitos que também estão incluídos na nova Constituição Política do Estado e que o Presidente prometeu respeitar. Do mesmo modo, para o Chanceler é fundamental que dentro das comunidades se respeitem estes princípios para conseguir o bem-estar e confiança em seus habitantes. “Todos são códigos que devem ser seguidos para que consigamos viver bem no futuro”.


Proteger as sementes
Viver Bem é proteger e guardar as sementes para que no futuro se evite o uso de produtos transgênicos. O livro Viver Bem, como resposta à crise global, da Chancelaria da Bolívia, especifica que uma das características deste novo modelo é preservar a riqueza agrícola ancestral com a criação de bancos de sementes que evitem a utilização de transgênicos para incrementar a produtividade, porque se diz que esta mistura com químicos prejudica e acaba com as sementes milenares.


Respeitar a mulher
Viver Bem é respeitar a mulher, porque ela representa a Pachamama, que é a Mãe Terra que tem a capacidade de dar vida e de cuidar de todos os seus frutos. Por estas razões, dentro das comunidades, a mulher é valorizada e está presente em todas as atividades orientadas à vida, à criação, à educação e à revitalização da cultura. Os moradores das comunidades indígenas valorizam a mulher como base da organização social, porque transmitem aos seus filhos os saberes de sua cultura.


Viver Bem e NÃO melhor
Viver Bem é diferente de viver melhor, o que se relaciona com o capitalismo. Para a nova doutrina do Estado Plurinacional, viver melhor se traduz em egoísmo, desinteresse pelos outros, individualismo e pensar somente no lucro. Considera que a doutrina capitalista impulsiona a exploração das pessoas para a concentração de riquezas em poucas mãos, ao passo que o Viver Bem aponta para uma vida simples, que mantém uma produção equilibrada.


Recuperar recursos
Viver Bem é recuperar a riqueza natural do país e permitir que todos se beneficiem desta de maneira equilibrada e equitativa. A finalidade da doutrina do Viver Bem também é a de nacionalizar e recuperar as empresas estratégicas do país no marco do equilíbrio e da convivência entre o ser humano e a natureza em contraposição à exploração irracional dos recursos naturais. “Deve-se, sobretudo, priorizar a natureza”, acrescentou o Chanceler.


Exercer a soberania
Viver Bem é construir, a partir das comunidades, o exercício da soberania no país. Isto significa, segundo o livro Viver Bem, como resposta à crise global, que se chegará a uma soberania por meio do consenso comunal que defina e construa a unidade e a responsabilidade a favor do bem comum, sem que nada falte. Nesse marco, se reconstruirão as comunidades e nações para construir uma sociedade soberana que será administrada em harmonia com o indivíduo, a natureza e o cosmos.


Aproveitar a água
Viver Bem é distribuir racionalmente a água e aproveitá-la de maneira correta. O Ministro das Relações Exteriores comenta que a água é o leite dos seres que habitam o planeta. “Temos muitas coisas, recursos naturais, água e, por exemplo, a França não tem a quantidade de água nem a quantidade de terra que há em nosso país, mas vemos que não há nenhum Movimento Sem Terra, assim que devemos valorizar o que temos e preservá-lo o melhor possível, isso é Viver Bem”.


Escutar os anciãos
Viver Bem é ler as rugas dos avós para poder retomar o caminho. O Chanceler destaca que uma das principais fontes de aprendizagem são os anciãos das comunidades, que guardam histórias e costumes que com o passar dos anos vão se perdendo. “Nossos avós são bibliotecas ambulantes, assim que devemos aprender com eles”, menciona. Portanto, os anciãos são respeitados e consultados nas comunidades indígenas do país.


Daqui: http://permaculturabr.ning.com/profiles/blogs/viver-bem-proposta-de-modelo

SER(ES) AFINS