Fonte: Nutriredes http://tinyurl.com/28nqrwe
Organizações de todos os tipos estão se empenhando no sentido de ampliarem suas competências para enfrentarem os desafios do novo século; fazer mais com menos, crescendo e superando-se para benefício das pessoas, do planeta e dos seus resultados. Somos desafiados em nossos sistemas humanos a fazer mais, servir mais, criar mais, trabalhar de maneira mais inteligente, trabalhar melhor com menos pessoas, menos recursos e até mesmo com menos tempo para sua realização. Em resposta, os executivos e líderes, nas duas últimas décadas, precisaram trabalhar intensamente para aprimorar a capacidade de suas organizações buscando a solução de problemas, resolver conflitos, transmitir informações, interagir com os clientes e aprimorar, cada vez mais, seus padrões de qualidade.
Esquecida ou ignorada em todos esses esforços para desenvolver e modificar a capacidade organizacional é o que poderia ser chamada de a competência afirmativa de uma organização. Através de um processo de Investigação Apreciativa, esta habilidade coletiva para alinhamento de visões positivas do futuro a partir de um profundo entendimento das forças do passado, o que, mais do que nunca, está desencadeando uma onda gigantesca de formas e atividades inovadoras de organizar para transcender os desafios de hoje.
A Investigação Apreciativa (IA), uma abordagem para a análise organizacional, propõe a descoberta, a compreensão e a promoção de inovações nos acordos e processos sociais. Refere-se tanto à pesquisa e a uma teoria de ações coletivas intencionais, que se destinam a promover a evolução da capacidade cooperativa de um par, grupo, organização ou sociedade como um todo.
A Metodologia da Investigação Apreciativa foi desenvolvida por David Cooperrider, Ronald Fry, Suresh Srivastva e seus colaboradores, no Departamento de Comportamento Organizacional da Case Western Reserve University, localizada em Cleveland – Estados Unidos. - e tem sido estudada, aplicada em organizações e comunidades de todo o mundo: África, Ásia, Austrália, Europa, América do Sul e do Norte. Desde o planejamento estratégico até o desenvolvimento da equipe, desde o estabelecimento de parcerias até a participação em conferências globais, de avaliação de desempenho a coaching, dos valores primordiais a realizar grandiosas mudanças culturais de sistemas, relacionamentos de pessoa para pessoa até a unificação de todas as religiões do mundo, a IA está sendo aplicada para ajudar a organizar o futuro de maneira que venha a desencadear e promover o espírito da cooperação humana em cada um de nós.
Em sua forma mais prática, IA é uma abordagem inovadora que, seletivamente, busca localizar, ressaltar e iluminar as propriedades daquilo “que dá vida” a qualquer organização ou sistema humano. Com referência a esse assunto surgem duas perguntas básicas por trás de cada investigação apreciativa:
(1) O que, neste contexto particular, torna possível organizar (trabalho em equipe, experiências excepcionais com clientes, etc)?
(2) Quais são as possibilidades, expressas ou latentes que propiciam oportunidades para formas mais efetivas ou com valores congruentes de se organizar no futuro?
A arte da apreciação é a arte da descoberta e de valorizar aqueles fatores que dão vida ao um fenômeno ou ocorrência. Através de entrevistas ou contando histórias, o melhor do passado pode ser revelado estabelecendo-se o estágio para uma visualização efetiva daquilo que poderia ser. A IA procura pelo melhor de: “o que é” (a experiência de alguém até o momento) para proporcionar a base para a imaginação “do que poderia ser”. O objetivo é gerar um novo conhecimento, que possa expandir “o domínio do possível” e ajudar os membros de uma organização a visionar juntos um futuro desejado.
Tais imagens futuras, baseadas em esperança – uma imagem antecipada positiva – e conectada à experiência real de ser o melhor, são naturalmente interessantes e atraentes. Elas atraem energias e mobilizam intenções. Grupos e organizações passam a se comportar de maneira a alcançarem essas visões.
Esse método de análise organizacional – ou simplesmente uma forma de estar no mundo ao nosso redor – é diferente da solução administrativa de problemas convencionais. A básica suposição de que se vai solucionar um problema pode dar a impressão de que o fato de organizar consiste em problemas a serem solucionados. A tarefa subseqüente para o aprimoramento então passa a ser a remoção das deficiências, obstáculos ou problemas de raízes. Este processo inclui basicamente (1) identificação dos problemas-chave ou deficiências; (2) análise das causas; (3) análise das soluções e (4) desenvolvimento de um tratamento ou plano de ação.
Em contraste, a base da IA não preconiza que organizar seja “um problema a ser resolvido”, mas uma “solução a ser abraçada”. Quando nós ficamos maravilhados, cheios de curiosidade sobre o milagre de organizar – quando o processo estiver no seu ponto melhor – ele requer uma mudança radical nos processos e na linguagem. São os 4 passos chamados de 4Ds Este processo basicamente inclui: (1) “Discovery”- descoberta das coisas boas oferecidas verificando-se as melhores práticas existentes; (2) “Dream” (sonhar) sobre as qualidades reais do processo atual e possíveis melhorias (3), “Design” – quando se traça os caminhos para concretizar o sonho e “Destiny” (destino) que é o momento de colocar em prática aquilo que foi planejado.
Primeiro você descobre e valoriza aqueles fatores que “dão vida” à organização quando ela estiver em sua melhor fase. O desafio da valorização é descobrir, por exemplo, o nível de comprometimento da organização e detectar quando esse comprometimento atingiu um ponto máximo. Não importa se os momentos de comprometimento foram poucos, a tarefa é verificar quais foram esses “momentos de pico” e discutir os fatores ou forças que os tornaram possíveis. A lista de tópicos afirmativos ou positivos para a descoberta é imensa: alta qualidade, integridade, trabalho em equipe, resposta do cliente, autoconfiança, parcerias, excelência tecnológica, senso de propriedade, etc. De fato, podemos fazer qualquer tipo de pergunta em uma organização; a escolha é nossa. Qual a pergunta (tópico) que teria a maior probabilidade de indicar os passos em direção ao futuro, para alcançar aquilo que mais queremos?
Segundo, Dream (sonho) – Você sonha com aquilo que poderia ser. Quando o melhor tiver sido descoberto, a mente começa naturalmente a pesquisar, e vai além disso, começando a imaginar novas possibilidades. Sonhar significa “pensar com paixão” sobre imagens positivas de um futuro que se deseja ou prefere.
Em seguida, promover um diálogo sobre Design (elaborar). Um debate aberto sobre descobertas e possibilidades que geram um consenso entre todos os membros “sim, este é um ideal ou visão que temos que valorizar ao máximo e devemos aspirar”. A vontade individual baseada em uma imagem antecipatória positiva – transforma-se em uma vontade coletiva. A IA ajuda a criar, deliberadamente, um contexto de apoio que orientará as conversas. É através do compartilhamento desses ideais que surge a “visão compartilhada”.
Em quarto lugar, você colabora na construção compartilhada do “Destiny” (destino) através da inovação e ação. A IA estabelece um momento propício. Uma vez que os sonhos baseiam-se no passado (as melhores histórias passadas que sempre incluíram a cooperação), há uma crescente confiança para tentar fazer as coisas acontecerem. Os participantes, de maneira natural, encontrarão novas maneiras de aproximar as organizações para que cheguem mais perto da imagem ideal – algumas vezes sem qualquer mudança nas técnicas tradicionais administrativas de planos de ação, forças de trabalho, prazos para projetos e assim por diante.
Na realidade este não é um exercício para a solução de problemas, mas sim para um aprendizado antecipado. Quando a IA é aplicada e experimentada, ocorrem muitas asserções importantes que podem ser feitas em relação à natureza do organizar quando observada em relação a essa perspectiva afirmativa e investigadora:
• Destino e conhecimento organizacional estão entrelaçados. Para que se possa ser eficiente - como administradores, agentes de transformação, ou líderes – todos nós precisamos ser adeptos da arte de entender, ler e analisar organizações como construções humanas vivas. Os líderes “lêem o mundo” de suas organizações (departamentos, seções, etc.) de uma forma que possam atrair pessoas que queiram engajar-se em ações cooperativas. Conhecer bem a organização é o ponto principal de qualquer atividade gerencial. A maneira como nos comportamos ao tomarmos conhecimento de alguma coisa é muito importante; portanto, as organizações seguem a direção daquilo sobre o que mais foi discutido.
• As sementes da mudança organizacional estão implícitas na primeira pergunta que fazemos, (“quem”? versus “o quê”? “versus por quê ?”) estabelecem o estágio para aquilo que encontramos e o que encontramos (os dados) torna-se o material sobre o qual o futuro é concebido e realizado. As indagações começam no momento em que fazemos uma pergunta. Assim, nossas perguntas são extremamente persuasivas.
• O recurso mais importante que temos para transformar organizações é a nossa imaginação cooperativa e nossa capacidade para desencadear a mente coletiva de grupos. A investigação apreciativa é uma forma de reivindicar nossa competência imaginativa. As mudanças profundas têm origem na primeira mudança de nossas imagens antecipatórias do futuro.
• As organizações, como construções humanas, são altamente afirmativas em sua natureza e, portanto, respondem a pensamentos, linguagem e conhecimento positivos. As pessoas e as organizações são, portanto, “heliotrópicas”. “Elas crescem em direção à luz” de uma imagem antecipatória positiva. Imagens positivas geram ações positivas.
Consideremos o exemplo do planejamento estratégico. Geralmente, reunimos pessoas-chave do sistema para se reunirem e começar algum exercício no “céu azul” pensando ou vislumbrando o futuro. São fornecidas informações adicionais para ajudar a compreensão das tendências e características do ambiente para que as pessoas possam calcular as condições e limitações. Tudo isso assumindo que, com base em nosso passado, já temos condições de saber tudo o que podemos realizar. Sabemos que nosso passado determina aquilo que antecipamos para o futuro, mas raramente paramos para perguntar: “há mais alguma coisa a ser descoberta em relação ao nosso passado que pudesse nos ajudar a vislumbrar um futuro que seja desejável e possível”? Quando a IA é aplicada para ajudar o pensamento estratégico, os participantes descobrem novas informações sobre suas melhores experiências no passado, antes de formar uma imagem do futuro. A diferença entre a ousadia e a difusão de suas imagens é muito grande. A tendência natural para que eles queiram agir para fazer com que o futuro se concretize incorpora o milagre do empowerment (empoderamento), aprendizado auto-dirigido, e um alto desempenho que desejamos para o momento atual.
É importante observar que a prática da IA está ainda na infância. Como uma criança curiosa que fica maravilhada com o mundo ao seu redor, uma ampla rede de professores, cientistas e pesquisadores está realizando experiências com princípios apreciativos, fazendo novas perguntas decisivas e documentando suas histórias diariamente. O que realmente vem emergindo de toda essa atividade pioneira é uma tese, ou proposição provocativa: já conseguimos alcançar os limites para a solução dos problemas como um modo de investigação capaz de inspirar, mobilizar e sustentar a mudança no sistema humano; o futuro do desenvolvimento organizacional pertence a métodos que afirmam, compelem e aceleram o aprendizado antecipatório envolvendo níveis cada vez maiores de participantes.
Esses novos métodos prometem vislumbrar a “realidade” como mais radicalmente racional, ampliando os círculos de diálogos para grupos de 100, 1.000 e mais – com relacionamentos no espaço cibernético chegando aos milhões. A tarefa mais intensa das mudanças organizacionais abrirá caminho para a velocidade da imaginação e inovação. Em vez de negativismo, críticas, cinismos e usando vocabulário sobre deficiências, haverá (4ds) descobertas (discovery) sonho (dream), elaboração (design) e destino (destiny): estaremos realmente preparados para entrar no novo milênio sem limites para a cooperação.
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