sábado, 26 de março de 2011

Ecovilas e Comunidades Intencionais: Ética e Sustentabilidade no Viver Contemporâneo

Severiano José dos Santos Jr. (CEFET/BA; CDS-UnB)


Resumo:



Este trabalho pretende refletir sobre as ecovilas enquanto modelos alternativos de sustentabilidade, a partir do primado da ética. Tomamos como base a integração global realizada no seio do que M. Santos chama de meio técnico-científico-informacional, e, as crises que nele se dão. Em torno do pragmatismo secular e mercantil do sistema-mundo atual, vigora um vazio ético, que des-responsabiliza seus agentes diante das sociedades e da Natureza. As ecovilas, em muitos sentidos, são herdeiras dos movimentos emancipatórios das décadas de 60/70, que visavam questionar as múltiplas bases do projeto moderno. Hoje, são propostas de assentamentos sustentáveis, tendo como base a criação de um novo modelo de convivência social e ambiental. Baseando-se num estilo de vida de baixo impacto, e na re-valorização da prática comunitária, primam por uma sustentabilidade social-ambiental, com noções claras de pertencimento e de identidade. No entanto, a sustentabilidade, aqui, deve necessariamente passar por uma revisão política, a partir de princípios como autonomia, diversidade e enraizamento, para citar alguns. Assim, as ecovilas podem ser vistas como respostas possíveis à construção de uma modernidade ética.





A Condição do Mundo Contemporâneo: as Crises

As provocações impostas às múltiplas sociedades pela condição atual do mundo demandam respostas que devem se integrar em vias diversas. Se de um lado, a partir da Revolução Industrial, temos visto um crescimento exponencial da produção da riqueza material no mundo, através do tripé tecnociência, indústria e mercado, de outro, vemos também o aumento dos desequilíbrios sociais, da degradação ambiental e da perda forte de sentidos coletivistas e comunitários. As crises correntes se proliferam em muitas áreas e nas mais diversas escalas. Não são pontuais, já que estão intrinsecamente conectadas às estruturas e dinâmicas do que conhecemos como o sistema-mundo (DOLLFUS, 1994). Parece que estamos, na modernidade contemporânea, diante de uma condição histórica jamais vista, em tamanho e em sentido. Nancy M. Unger (1991) nos fala de uma crise civilizacional, A. Herrera (1984) nos fala de uma crise da espécie.

A modernidade recriou a história ao impor uma cultura laica e autônoma, desprovida de qualquer reverência sacra, livre para a criação de um projeto civilizacional auto-referenciado. O racionalismo de Bacon e Descarte, aos poucos, encontrou rumos sólidos ao se transfigurar em determinações que deram origem à práxis e ao pensamento científico-tecnológico, fundamentos para o proceder político-econômico da democracia, da indústria e do mercado. Em poucos séculos, tomados pelas mãos imperialistas dos novos Estados europeus, esta nova força histórica vai transformar completamente a face do planeta e a forma de viver e de ser dos povos. Cresceu articulando o mundo das culturas e a vida da Natureza a uma ordem racional-materialista, dinamizado pelo industrialismo capitalista, que procedeu artificializando territórios e automatizando as relações do ser humano consigo, com o outro e com o meio.

Hoje, os limites extremos deste projeto se transfiguram naquilo que Milton Santos (1994) chama de meio técnico-científico-informacional. No espaço geográfico globalizado, não apenas os territórios e as pessoas são unificados por um mercado que já começava a se tornar integrado desde o mercantilismo, mas, por uma rede cibernética de informação, tecnologia e cultura. A obediência à operacionalização da excelência científica unifica as idéias, as redes de comunicação e de transporte materializam os circuitos, o design mimetiza o aparelhamento arquitetônico e instrumental dos territórios e objetos, a automação faz o mundo girar e o consumismo dinamiza os desejos ao tempo que os emudecem. No centro, está o “motor único” da mais-valia, imposto ao sistema financeiro-econômico internacional pelas engenharias da competitividade mundial, lideradas pelas grandes corporações e empresas transnacionais (SANTOS, 2003, p. 29-31).

A uniformização técnica do espaço mundial tem gerado grande pressão sobre o ambiente planetário, bem como tem ampliado em muito os desníveis sociais no mundo. Seu potencial criativo é enorme, tanto quanto seu potencial de impactos nocivos sobre povos e naturezas. Em meio a maior pujança material jamais observada, crises se proliferam não como disfunções momentâneas dos mecanismos do sistema, mas como conseqüência inexorável (mas não desejável) da forma de seu proceder. A relutância em reconhecer esta ambigüidade como fato inerente, pois que atrelada aos ditames da mais-valia global, instaura uma não responsabilização generalizada de mentores, agentes e consumidores. O não comprometimento com as bases de sustentação do presente gera perspectivas incertas. Assim, O projeto civilizatório dinamizado pelo “poder científico-tecnológico se desenvolve na modernidade no interior de um ‘vácuo ético’ que potencializa o risco de auto-destruição do homem alienado de seu vínculo com a Natureza” (BARTHOLO, 1986, p. 104).

No entanto, no centro do meio técnico-científico-informacional não necessariamente existem apenas uniformidades e consentimentos. A história conhece também revoluções, contestações e inconformismos: classes, grupos e pessoas, que, oprimidas ou inquietas, apaixonadas, buscaram e buscam novas formas de sociabilidades e socializações.





Inconformismo, Movimentos Contestatórios e as Comunidades Alternativas



Nos países centrais, duas décadas após o fim da II Grande Guerra, o sistema capitalista atingiu um nível de pujança material que em muito dava a impressão de que as promessas da Revolução Industrial estavam sendo plenamente cumpridas. O american way of life difundiu-se pelos países ricos e em meio às elites burguesas dos países periféricos como a quinta essência do projeto moderno. Porém, foi neste período, e nesses países, que surgiram movimentos contestatórios e libertários que visavam questionar todos os setores constituídos da sociedade da época: hábitos, idéias, corporeidade, arte, organização política, espiritualidade, estrutura produtiva e social, tecnologia. Nada escapou ao espírito inquieto e inconformista da época. A contracultura, como assim ficou conhecida (ROSZAK, 1969), almejava um novo sentido societário, “[...] cuja direção de mudança apontava para a autonomia como valor central” (CARVALHO, 2002). Visava tanto uma reestruturação do organismo social, como clamava por mudanças de valores e atitudes na relação das sociedades consigo mesmas e para com a Natureza (McCORMICK, 1992, p. 75-77).

Os movimentos emancipatórios dos anos 60/70 desenvolveram novos projetos, incitaram novas idéias, experimentaram novos estilos, agiram politicamente, tomando para si a responsabilidade diante de um mundo visto como cativo e decadente. Tiveram maior repercussão entre jovens burgueses das grandes cidades, mas não se deteve aí. Estenderam-se pelas sociedades da época em ações coletivas e pessoais que, apesar de diversas entre si, buscavam transformações radicais na sociedade hegemônica: pacifismo, feminismo, ecologismo, movimento negro, Hippies, novo espiritualismo, nova esquerda, direitos dos cidadãos, novo psicologismo, revolução corporal-sexual, etc. Todas elas se opunham e questionavam na raiz as crises vigentes. “Cada uma das correntes mencionadas emerge de uma oposição determinada a certas manifestações da crise atual. Cada uma desenvolve uma crítica determinada ao sistema vigente, que se articula às idéias alternativas e a projetos correspondentes” (HUBER, 1985, p. 13). Em muitos dos seus aspectos fundamentais, apontou para um novo sentido na relação entre indivíduos e suas coletividades.

Muitas das expressões de rebeldia da época se davam como oposições “silenciosas” ao estilo de vida proposto pelo consumismo. Nestes casos, a oposição se dava como forma de desapego, de experimentação e de busca de novos horizontes, muitas vezes, por meio de uma saída radical dos contextos em que viviam. Muitos começaram a experimentar uma maior aproximação à Natureza como volta a um lar perdido, a uma casa originária de onde haviam se exilado pela distância imposta pelo artificialismo tecnológico urbano/industrial. Neste sentido, a busca por formas mais “simples” e orgânicas de se alimentar, de vestir, de se curar, de morar, fizeram surgir diversas experiências e práticas, onde a inovação estava na busca por uma forma de viver comunitária, mais integrada ao ambiente e às pessoas a sua volta. Miravam, também, para as experiências dos antigos e para as diversas tradições culturais espalhadas pelo mundo como fonte de inspiração. Porém, a tarefa demandava engajamento, comprometimento, ações concretas.

Foi assim que, para por em prática esses ideais, e re-criar vínculos e projetos comuns, que um grande número de pessoas começou a deixar os espaços urbanos para agrupar-se naquilo que ficou conhecido como comunidades alternativas. Para eles, um espaço possível de mudanças e de realização de sonhos, aqui e agora. Roszak (1973, p. 393, p. 394) nos traz alguns anúncios do início da década de 70, presentes no jornal “The Mother News” dos EUA. Um homem de Nova York escrevia:

(...) Usando a alegria com poder, eu e minha esposa pretendemos nos manter saudáveis praticando yoga, comendo alimento orgânico, aderindo a uma dieta de baixo impacto, comprometidos com o amor. Nós temos U$ 1.000,00 (mil dólares) para compartilhar e gostaríamos de conhecer uma comunidade na Natureza composta de pessoas que sejam buscadores de uma vida natural.



Era necessário se fazer diferente, dos pais, dos homens e mulheres que governavam as sociedades ricas e o mundo. Nas comunidades que surgiam, diversas pessoas decidiram se colocar a provar, tomar uma posição ativa em prol da construção de um mundo que eles acreditavam. Alguns membros da comunidade urbana Magic, surgida em 1972, em Palo Alto na Califórnia, nos relatam:



Como muitos de nossos iguais naquela época, nós vislumbrávamos talhar um pequeno nicho de sanidade naquela que nós considerávamos como uma crescente sociedade insana. Nós queríamos amizades sustentáveis e amorosas. Queríamos ganhar a vida tendo como base os valores humanos fundamentais. BARTSCH et alli, 2000, p. 24.



Em muitos aspectos, as ecovilas, hoje, são herdeiras desse movimento.





Comunidades Intencionais: o Desejo de Estar Juntos, Criando, Cultivando ...



O modelo espacial inaugurado pelo capitalismo industrial teve como base a polarização produtiva, de mão-de-obra, de cultura, de insumos e de capital em torno, fundamentalmente, das grandes cidades. A urbanização (e metropolização) se tornou a base de territorialização do meio técnico-científico-informacional. São nas grandes metrópoles que estão os núcleos do poder contemporâneo e por onde passam todos os circuitos (produtivos, financeiros, técnicos, culturais) do sistema-mundo. Nelas se encontram as matrizes e filiais das grandes corporações transnacionais. Além do que, mais de 50% das pessoas vivem em cidades, a maioria nos grandes centros urbanos do assim chamado Terceiro Mundo. Assim, diante da crescente metropolização, podemos pensar que o viver comunitário tem se tornado cada vez mais debilitado, bem como a busca pela construção de novas experiências comunitárias como algo inusitado ou obsoleto.

Robert Gilman faz uma revisão nas múltiplas formas de organização dos assentamentos e grupos humanos na história, tentando entender a condição da vida comunitária, hoje. Nos diz que “(...) até a chegada da industrialização, nenhuma sociedade tinha mais que 20% de sua população vivendo em cidades - normalmente apenas uma pequena percentagem” (GILMAN, 1983, p. 8). Numa trajetória de mais de 7 mil anos, os assentamentos humanos, em sua grande parte, eram formados por pequenas coletividades: bandos, tribos, aldeias, vilas, cidadelas. Por milênios, os grupos humanos desenvolveram estruturas e relações societárias em restritas bases territoriais, com a presença de pequeno número de pessoas, se comparadas com os índices atuais. No entanto, o viver comunitário “arcaico” ou “tradicional” se deu como a base mesma da estrutura social desses grupos, sendo condicionados por modelos institucionais, sociais, culturais, tecnológicos de suas épocas. Não se deram como opção ou a partir de uma intenção específica.

Porém, a história conhece experiências comunitárias que se deram como força de revolta ou de re-significação dos laços identitários de certos grupos com o seu tempo e a sua geografia. Buscaram se diferenciar dos contextos hegemônicos de onde surgiram, sustentando-se em visões elevadas ou “utópicas”. Nesses casos, o viver em conjunto se dá como uma opção fundamentada em princípios comuns, uma “causa” ou “missão”, pelos quais, as pessoas compartilham um forte senso de serviço e comprometimento. A despeito do contexto social mais geral em que viviam, esforçam-se em recriar coletivamente suas vidas, compartilhando práticas e crenças tidas como radicais. Para alguns autores, essas comunidades se diferenciam das experiências comunidades tradicionais, devido à intenção pela qual são formadas. Elas são chamadas, assim, de comunidades intencionais (METCALF, 1996; KOZENY, 2000).

Os relatos de experiências de comunidades intencionais ao longo da história são inúmeros. Eles expressam um sentido de propósito comum que ata as pessoas a um viver produtivo, compartilhado e solidário. Bill Metcalf (1996, p. 11) diz que já na “República”, Platão aponta para uma sociedade alternativa reinada por reis filósofos, com fortes princípios de partilha. Geoph Kozeny (2000, p. 17-22) nos traz o exemplo dos seguidores de Buda que, no séc. VI A.C., abandonam a riqueza e vão viver, comunitariamente, em ashrams, uma vida meditativa e produtiva. Ambos lembram das comunidades espirituais essênias nos desertos da Palestina, no séc. II A.C. Também, rememoraram a reunião comunitária dos primeiros seguidores de Cristo, para viver segundo os seus ensinamentos. Já ali, criaram um movimento de contracultura na medida que se opuseram ao materialismo do Império Romano (METCALF, op. Cit., p. 12). Roszak (1984, p. 367) considera a experiência monástica medieval como um modelo (paradigma) que foi capaz de, em meio a uma sociedade em crise, formar “comunidades civilizadas e duradouras que puderam abarcar um novo sentido de identidade e destino humano”.

O Renascimento conheceu tanto autores como Thomas. More e Francis Bacon que deram um sentido laico ao utopismo comunitário, bem como viu surgir o movimento comunitário-espiritual europeu Anabatista, contrário à Igreja e ao Estado. Mais tarde, pensadores considerados “socialistas utópicos” como Fourier, Owen, Cabet e Noyes, renovaram o ideário comunitário a partir de visões libertárias, “não ascéticas”, opostas ao industrialismo nascente. No século XIX, diversas experiências comunitárias, tanto seculares quanto espirituais, principalmente nos EUA, ganham forma: New Harmony, Shakers, Amana, Rappites, Oneida, Brook Farm, Icaria. O movimento sionista fez do comunitarismo uma ação política, ao aglutinar grande número de judeus em comunidades na Palestina, como retorno à “terra prometida”. No Brasil, as largas experiências de formação de quilombolas por negros fugidos da escravidão, durante o período colonial, são significativas, tanto por suas essências libertárias, quanto por suas longevidades. Muitas dessas comunidades sobrevivem até hoje, nas franjas da sociedade hegemônica. O século XX também viveu fortes momentos de formação de comunidades intencionais de vários tipos, culminando com o comunitarismo alternativo dos Hippies, nas décadas de 60/70.

Apesar de surgirem de formas diversas e adversas, na maioria das vezes em oposição aos contextos hegemônicos de suas épocas, as comunidades intencionais vigoram como experiências sociais ricas e inauditas, na tentativa de tornarem reais sonhos e utopias. Assim, ao espírito comunitário alia-se um forte sentimento de comprometimento com a realização de um viver humano que se coadune com forças criativas e sublimes da própria Vida. O devir histórico do humano em parceria com a Terra e com o Mistério.

Martim Buber diz que o desejo por comunidade é algo orgânico no ser humano. Pertence à própria condição de humanidade, nos vínculos que as pessoas estabelecem entre si e com a Vida. Ele fala de um novo tipo de comunidade, a qual se diferencia de antigas formas coletivas, por ser animada por princípios vitais e estar liberta da dominação de limites e conceitos. Duas finalidades estão no fundamento desta nova comunidade: “a si mesma e a Vida”. Na finalidade pela comunidade está a doação e a entrega criativa e madura que seus membros estabelecem entre si, cingidos “por um e mesmo laço, por causa da liberdade maior” (BUBER, 1985, p. 34). Na finalidade pela Vida está a vida vivida na ação, além dos dogmas e imposições societárias, na unificação da pessoa ao propósito da própria Vida. Assim, para ele:

(...) Comunidade e Vida são uma só coisa. A comunidade que imaginamos é somente uma expressão de transbordante anseio pela Vida em sua totalidade. Toda Vida nasce de comunidades e aspira comunidades. A comunidade é fim e fonte de Vida. Idem, ibidem.

Quando assim se coloca, Buber nos desafia a pensar os vínculos verdadeiros que mantém os seres humanos atados uns aos outros, bem como estabelecem o vínculo com sua própria vida e a vida vivida coletivamente. Em muitos aspectos, esse anseio por comunidade estava na base de muitas das experiências de grupos diversos que se reuniram e ainda se reúnem para compartilhar uma vida comum.



As Ecovilas

Hoje, as assim chamadas ecovilas são tipos de comunidades intencionais que tomaram como legado muitos dos ideais e das práticas comunitárias desenvolvidas ao longo da história, em especial das grandes experiências realizadas por grupos alternativos nos anos 60/70. Porém, enquanto conceito e enquanto experiências vividas, elas surgem nos contextos da atual sociedade técnica-científica-informacional, na década de 90 do século XX, realizando uma nova síntese a partir daí. Buscam acompanhar o debate que se desenvolveu no final do século passado em torno dos limites de esgotamento do sistema global, em função da possível exaustão da Natureza e de seus recursos, bem como dos fortes desníveis entre as sociedades e suas gentes. Ademais, tendo se expandido para além dos horizontes “alternativos”, têm, paulatinamente, se tornado experiências comunitárias mais institucionalizadas, abertas a um diálogo (possível) com a sociedade hegemônica.

À base da busca do sonho de uma vida comunitária baseada em princípios auto-gestionários, de simplicidade, de interação direta com a Natureza, entre tantos outros, dos anos Hippies e de seus antecedentes, junta-se uma consciência da necessidade de transformação sócio-ambiental, tendo como parâmetro fundador a sustentabilidade. Este aspecto de preocupação explícita em torno da base ambiental e social, local e global, confere um caráter diferenciado às ecovilas. Assim, desde a origem, diversas tentativas de definição do conceito de ecovila são feitas. Em todas, prevalece uma visão comunitária, integrada, sustentável e plural. Svensson (2002, p. 10) coloca:

Ecovilas são comunidades de pessoas que se esforçam por levar uma vida em harmonia consigo mesmas, com os outros seres e com a Terra. Seu propósito é combinar um ambiente sócio-cultural sustentável com um estilo de vida de baixo impacto. Enquanto nova estrutura societária, a ecovila vai além da atual dicotomia entre assentamentos rurais e urbanos: ela representa um modelo amplamente aplicável para o planejamento e reorganização dos assentamentos humanos no séc. 21.



Muitas das comunidades, hoje, consideradas como ecovilas surgiram ainda nas décadas de 60/70, a partir de um processo de adaptação às novas condições apontadas pelo advento histórico dos anos 90 (fim da Guerra Fria, globalização, realização da ECO-92, etc.). É correto, também, que uma boa parte delas, hoje, não passou pela radicalidade e originalidade das experiências daquelas que a precedeu. Porém, a despeito da multiplicidade de influências e filosofias que professam (não existe uma ecovila igual a outra), bem como das diversas formas de estruturação física e organizacional que as compõem, partilham ideais singulares de comunitarismo e de sustentabilidade. E, esta é uma proposição que unifica as ecovilas: em suas matrizes, são necessariamente comunidades intencionais e sustentáveis.

De acordo com Dawson (2005), o conceito de ecovila (örkdorf, em alemão) foi primeiramente utilizado de forma ampla pelo movimento ativista alemão anti-nuclear, na década de 80. No entanto, ele é difundido internacionalmente pela primeira vez, em 1991, por Robert e Diane Gilman, por meio de um relatório, encomendado pela organização Gaia Trust da Dinamarca, intitulado “Ecovilas e Comunidades Sustentáveis”. Foi a partir de um encontro entre comunidades sustentáveis, em 1995, na Fundação Findhorn, Escócia, que ele foi melhor sistematizado e popularizado. Na ocasião, foi criada a Rede Global de Ecovilas (GEN – Global Ecovillages Network), dando maior visibilidade e dinâmica ao movimento (DAWSON, op. cit.). Este fato foi fundamental para a criação de um movimento das ecovilas, que fizesse frente aos desafios impostos à criação e expansão de experiências comunitárias em base sustentáveis. Ademais, servindo-se da recém criada rede mundial de computadores (internet), o movimento não só pôde se tornar mais integrado regional e globalmente, bem como ajudou a espalhar a idéia para um número bem maior de pessoas, dando início a uma forte onda de criação de novas ecovilas.

Aos poucos, tanto o conceito de ecovila como as experiências comunitárias que o sustenta têm adentrado circuitos político-institucionais mais abrangentes, dialogando, inclusive, com estruturas decisórias locais, regionais, nacionais e internacionais. Em 1996, membros da GEN participaram do encontro Habitat II, em Istambul, promovido pela ONU, fazendo com que tanto o conceito de ecovilas quanto a Rede passassem a ser melhores conhecidas pelo público e por instituições públicas em geral. Em 1998, as ecovilas Cristal Waters da Austrália, Lebensgarten da Alemanha e Findhorn da Escócia foram consideradas oficialmente pela ONU como “modelos de excelência de vida sustentável”, ao entraram na “Lista das 100 melhores práticas” editada bi-anualmente pelo Programa Habitat. No ano de 2000, mesmo sendo uma organização não governamental nova, a GEN-Global consegue obter o reconhecimento de “organização oficial” da ONU, com status consultivo no Conselho Econômico e Social do Comitê das Organizações Não-Governamentais (ECOSOC) (R. JACKSON, 2004).

Diante das crises contemporâneas, o movimento das ecovilas chama à atenção pelas respostas concretas que tem realizado no sentido de se criar assentamentos humanos compatíveis com o bem-estar comunitário e com o meio. Diversas experiências e pesquisas têm sido realizadas tomando como base o seu caráter inovador, sustentável e, eminentemente, viável. São construções bem possíveis do ponto de vista técnico e relativamente de baixo custo. Neste sentido, oferecem as mais amplas formas de inspiração para as mais diversas estruturas sociais. Neste sentido, o interesse da ONU e de outros organismos, bem como de muitos pesquisadores, gestores e pessoas em geral, em todo o mundo, em relação às ecovilas é justificável.

Por serem enraizadas localmente e tendo como base o estabelecimento de laços identitários entre seus membros, surgem nas múltiplas regiões do globo sob a base das mais diversas orientações culturais ou tradições. As aplicações tecnológicas e a base dos conhecimentos utilizados nos diversos aspectos da vida comunitária, ecologicamente orientadas, tendem a se inspirar em procedimentos tradicionais ou em pesquisas das chamadas “tecnologias limpas”. O que prevalece é um forte entendimento e diálogo com os ecossistemas locais e com os grupos que tradicionalmente neles habitam ou habitaram.

Nelas, prevalecem práticas que “não interfiram com a habilidade inerente à Natureza de manter a vida” (ENA-BRASIL, 2005). Em geral, os membros das ecovilas buscam aliar uma vivência comunitária solidária a uma existência produtiva, holística e cooperativa, estabelecendo uma administração partilhada de tarefas, serviços e recursos. As idéias de integração e integridade no saber/fazer cotidiano unificam as práticas e dinâmicas do grupo pela crença na criação de novas estruturas do viver. Além do que, a realização das práticas é corroborada por um forte sentido de inclusão e de aprendizagem. Fazem aprendendo, aprendem fazendo. E, como colocado, os ecovileiros tendem a redimensionar o proceder tecnológico-científico moderno, vivenciando propostas inovadoras e sustentáveis de manufatura, de cultivo, de negócios, de construção, de saneamento, de energia, de saúde, de educação, de arte, dentre outras.

Do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, as ecovilas propõem estruturas físicas e tecnológicas comprometidas com a capacidade de suporte e de resiliência dos ecossistemas, com o uso não excessivo de recursos, dentro de uma permanente visão de reciclagem e respeito à biodiversidade. Dentre algumas práticas que fortalecem este objetivo estão: produção local e orgânica de alimentos, uso de sistemas de energia renováveis, recuperação ambiental e revegetação, uso de materiais de baixo impacto ambiental nas construções, práticas permaculturais, sistemas de reaproveitamento de dejetos e materiais, entre outras. O respeito à Natureza é um princípio básico demonstrado tanto nas práticas cotidianas da comunidade como em formas constantes de reverência à Vida. Nas ecovilas, a sustentabilidade ambiental deve pressupor tanto mudanças de hábitos e ações de apoio à vida, quanto uma mentalidade aberta à sacralização da Natureza e da Terra e à visão de uma unidade cósmica que permeia todos os seres.

Ademais, a forma de abordagem da sustentabilidade pelas ecovilas não se restringe apenas ao seu caráter ecológico ou ambiental, mas engloba uma visão que incorpora outras dimensões e uma nova ética de sociabilidade. Karen Svensson (2002) observa que a partir da idéia de que as ecovilas estão “fundamentadas no profundo entendimento de que todas as coisas e criaturas estão conectadas, e que os pensamentos e as ações têm impactos no ambiente”, os múltiplos desenhos (sócio-espaciais) apresentados por elas dependem da combinação entre três dimensões básicas (H. JACKSON, 2002): ecológica (comentada acima), social, cultural-espiritual.

Para Svensson, a dimensão social incorpora tanto um nível comunitário quanto econômico. No nível comunitário estariam as relações e trocas entre os membros, processos de tomada de decisão e gestão de conflitos, práticas holísticas de saúde, formas significativas de trabalho, educação permanente, expressões culturais e respeito às diferenças, as crianças, aos idosos e grupos marginais. O nível econômico é formado por geração de renda local como negócios “verdes” e consultorias, bancos e moedas alternativas, simplicidade voluntária e economia informal expandida. A dimensão cultural-espiritual das ecovilas enfatiza um senso de alegria e pertencimento através de celebrações e rituais, expressões criativas e artísticas, respeito às diversas manifestações de espiritualidade e das tradições culturais, visão holística e crescimento pessoal (SVENSSON, 2002, p. 10-12).

Assim, para as autoras, cada ecovila se apresenta de forma singular, tendo em vista as priorizações feitas por seus membros, em menor ou maior escala, em relação aos aspectos de sustentabilidade com os quais se sentem mais vinculados. Neste sentido, existem ecovilas mais “comunitárias”, outras mais “ecológicas”, algumas mais “produtivas” ou mais “espirituais”, e assim por diante. Porém, não podemos pensar em ecovila sem que todos esses aspectos estejam presentes, de forma integrada, mesmo que um deles se sobressaia aos demais. Esta reflexão é importante, na medida em que tanto oferece uma base comum para o reconhecimento do fenômeno das ecovilas, como demonstra as múltiplas possibilidades e singularidades presentes nas mais diversas experiências espalhadas pelo mundo. No entanto, a visão de sustentabilidade por trás das experiências ecovileiras deve, necessariamente, estar vinculadas a princípios éticos e emancipatórios.





Ecovilas, Ética e Sustentabilidade



O crescente interesse com relação às ecovilas enquanto modelos de assentamentos humanos sustentáveis, no contexto atual do meio técnico-científico-informacional, não deve se distanciar de seus sentidos intencionais, políticos e éticos. A incorporação do discurso da sustentabilidade no mundo globalizado da racionalidade industrial pode esconder o desejo latente de tudo transformar em objeto (minuciosamente esmiuçado pelo saber científico) programado como produto para venda. Assim, pensar as ecovilas sob o ponto de vista da instrumentalidade técnica-mercantil contemporânea pressupõe uma descaracterização, pois seria concebê-las como protótipos capazes de serem reproduzidos em função de regras e interesses hegemônicos. Novas formas de territorialidades a serem mimetizadas como projetos “modernos”, capazes de dá respostas aos desequilíbrios atuais entre as sociedades e destas com a Natureza, para que o sistema continue.

Não é disto que se trata. Pois, corre-se o risco de vermos a criação de estruturas arquitetônicas e espaciais perfeitas, sob o ponto de vista da sustentabilidade, sem levarmos em consideração o motivo e o significado que vinculam as pessoas entre si, com o seu lugar e com as estruturas gerais da sociedade nas quais estão inseridas. Corre-se o risco de se desconsiderar a história e os propósitos que as tornaram significativas e singulares pela opção por uma vida comunitária, mais simples e comprometida com a Terra, em meio a um mundo ocupado com a crescente produtividade e consumismo.

Neste sentido, é fundamental que se pense a lógica da sustentabilidade, presente nas ecovilas, para além da modernidade técnica, subordinando-a a uma modernidade ética (BARTHOLO, 2001, p. 19). Para Bartholo, o desafio de uma possível sustentabilidade ética pressupõe duas premissas fundamentais. A primeira é marcada pela compreensão de que vivemos em um mundo dissociado em muitos aspectos (político-econômica-socialmente) e que, “o cerne da questão é a tarefa de se fornecer um enquadramento ético para as relações de poder assimétricas e, no limite, unilaterais e não-recíprocas” (Idem, Ibidem). A segunda diz da ética como “regulação do poder de agir”, que tem na responsabilidade (Jonas) seu princípio fundante, a partir de um compromisso explícito com a preservação do ser, ou seja, uma obrigação para com a “perenização da vida” (Idem, Ibidem, p.19-20).

Nos dois pressupostos acima, está a idéia de que um projeto político de sustentabilidade deve respeitar a diversidade e diferença entre as pessoas e povos, primar pela construção de estruturas sociais autônomas capazes de se manter com dignidade com base no fruto de seus trabalhos e conhecimentos, bem como manter um respeito fundamental pela Vida no Planeta da forma como a conhecemos hoje. Assim, como exercício do pensamento, propomos algumas sínteses reflexivas em torno da discussão das ecovilas enquanto projetos sustentáveis, vinculados a um caráter político e ético.

Primeiramente, está a idéia de que uma vida comunitária de baixo impacto e saudável pressupõe um não acúmulo exponencial de riquezas e bens, onde desenvolvimento não pode ser confundido com crescimento (GUIMARÃES, 1997, 55-56). Segundo, deve-se alertar para a possível apropriação do discurso da sustentabilidade pelo poder da ordem econômica dominante (LEFF, 2000, p. 263), que poderá “cair na tentação” de transformar as ecovilas em “galhinhas de ovos de ouro” do design ecológico e da arquitetura ambiental. Em terceiro, as ecovilas devem se desenvolver como espaços singulares criativos e de aprendizagem que garantam uma nova racionalidade ambiental que possa incluir um diálogo entre diversos saberes e tecnologias (LEFF, 2004). Em quarto, a autonomia deve ser um valor cultivado com força pelas ecovilas para manutenção de uma vida produtiva, política e de convivência baseada em sentidos identitários e meios de gestão próprios. Em quinto, como o existir pressupõe relações, o verdadeiro desenvolvimento de uma ecovila pressupõe um permanente e largo diálogo com o seu entorno mais imediato, com a sua região e com o mundo. Em sexto, sustentabilidade pressupõe enraizamento, tanto do ponto de vista territorial quanto do ponto de vista cultural, naquilo que H. Zaoual (2003) chama de sítios simbólicos de pertencimento. Por fim, como nos propõe Maurício Ribeiro (2005), a sustentabilidade também diz de uma ecologia do ser, exercida por meio de ações e visões holísticas e integrativas dos seres humanos e da Vida.

As ecovilas são territórios férteis para a realização de uma sustentabilidade ética. São também sementes em sólidos áridos. Hoje, nas tantas ecovilas espalhadas por diversos países, as experiências bem sucedidas se proliferam, não como meras aplicações de procedimentos exógenos, mas pelo sentido vivencial e territorializado com que são praticadas. Em sua grande maioria, são pessoas que decidiram colocar à prova seus ideais e concretamente buscam soluções simples para as questões mais básicas do viver humano na Terra: trabalhar, se alimentar, vestir, morar, educar os filhos, estabelecer relações e vínculos mútuos, bem tratar seus dejetos, buscar significados vivos para o inaudito. Se comprometem, dia a dia, com a construção de um mundo diferente. Como uma árvore, que brotando da casca dura de uma semente vai aos poucos encontrando seu lugar no mundo, aonde antes existia o desterro. Apaixonadamente, nos diz Buber:



(...) Somente quando o alegre ritmo da vida vencer a regra, somente quando a eternamente fluente e variável lei interna da Vida substituir a convenção do vazio e do falso, só então encontrará a verdade, pois ‘só o que é fértil é verdadeiro’. A Nova Comunidade quer preparar ativamente o caminho para esta verdade. BUBER, opus cit., p. 38.



A ecovila ideal não existe. Como também, por viverem em fundamentos tênues de sonhos, nelas há lugar para a diversidade, para erros e conflitos. Constroem, construindo-se, responsabilizando-se, nas bordas da institucionalização contemporânea. Mas, no núcleo do deixar-ser da Vida, em suas possibilidades plenas de gostos e desgostos, de variações e seguimentos, de sins e de nãos. Nas brechas, no fluxo...





Referências:





BARTHOLO, Roberto S. Jr. Os labirintos do silêncio: cosmovisão e tecnologia na modernidade. São Paulo: Marco Zero; Rio de Janeiro: Coppe/UFRJ, 1986. 139 p.



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