A CULTURA DA SOCIOECONOMIA SOLIDÁRIA
Marcos Arruda
Em seu leito de morte, Josias recapitulou sua vida. E descobriu que podia ter vivido
uma vida bem mais feliz se tivesse sabido Colaborar com os outros, em vez de
tomá-los como seus adversários ou inimigos. Procurou as origens deste seu modo
de ser. Visitou mentalmente a igreja e a escola dos seus tempos de infância,
Recordou a gente da sua família, Revisou sua vida profissional, e encontrou em
todas estas relações, e ainda muito mais fundo, explicações para aquele seu modo
de ser e de ver, fonte de tanta infelicidade.. E, talvez tarde demais, desejou ter
outra chance.... Há uma variedade de conceitos de cultura. O que mais me satisfaz
é aquele que abrange o conjunto dos valores, atitudes, comportamentos,
aspirações, modos de relação característicos de um determinado estágio de
evolução de uma sociedade. A cultura está silenciosamente presente nos gestos,
palavras, olhares, ações do nosso cotidiano. Está presente na maneira como nos
vemos e vemos o mundo, e nas maneiras de nos relacionarmos conosco mesmos,
com a Natureza, com a sociedade, com cada pessoa com quem convivemos
diariamente, com os nossos ancestrais e com os seres que nos sucederão em
infindáveis gerações futuras. A cultura está presente até na maneira como
protestamos, nos indignamos, nos revoltamos contra ela e os modos de ela se
expressar em nós e na sociedade. Quando não estamos contentes com nossa
cultura, e queremos substituí-la por outra superior a ela, mais evoluída que ela, é
dessa velha cultura que extraímos elementos para construir a nova, e nela que
encontramos os germes e as sementes da nova que desejamos. A velha cultura,
assim como a velha forma de organização da sociedade, é a matriz e o berço da
nova cultura e da nova forma de organização da sociedade. Quando identificamos
cultura com arte e com estética, nós o fazemos simplesmente porque nelas a
cultura se manifesta abertamente, sem subterfúgios. Uma arte em que as pessoas
são retratadas como seres competitivos, agressivos e violentos é filha de uma
cultura que concebe o ser humano como competitivo, agressivo e violento. Por sua
vez, cada pintura, escultura, poema, peça de teatro, filme, palestra em que
retratamos o ser humano como um ser cooperativo, solidário e amoroso, tem um
duplo impacto: por um lado, lança um grito de negação da cultura da competição,
da agressão e da guerra, assim como do modo de organização social gerado por
ela; por outro, anuncia que uma outra cultura é possível, e já se faz pressentir, da
qual decorre um modo de organização e de relações sociais e interpessoais fundado
na cooperação, na solidariedade e no amor. A cultura da cooperação e da
solidariedade é também a cultura do amor. Não "caridade", não enamoramento,
não paixão instintiva, mas o fenômeno natural e biológico do amor - "a condição
dinâmica, espontânea de aceitação, por um sistema vivo, de sua coexistência com
outro(s) sistema(s) vivo(s)... o fundamento do fenômeno social e não sua
conseqüência... o fenômeno biológico que nos permite escapar da alienação anti-
social criada por nós através de nossas racionalizações." (Maturana, 1997: 184-
185) Este biólogo chileno tem a convicção - e eu a compartilho com ele - de que "a
competição é anti-social... implica a negação do outro... A competição nega o amor.
Membros das culturas modernas prezam a competição como uma fonte de
progresso. Eu penso que a competição gera cegueira, porque nega o outro e reduz
a criatividade, reduzindo as circunstâncias de coexistência. A origem antropolótica
do Homo Sapiens não se deu através da competição, mas sim através da
cooperação, e a cooperação só pode se dar como uma atividade espontânea
através da aceitação mútua, isto é, através do amor." Se isto é verdade, então
podemos afirmar que uma socioeconomia cooperativa é também uma economia
amorosa. E uma globalização cooperativa é também uma globalização amorosa.
Este é o ponto de encontro entre cultura e economia, e tem implicações
importantes para a maneira como concebemos as duas numa perspectiva
inovadora. O cooperativismo autogestionário é a afirmação de que o ser humano
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pode se tornar sujeito da sua própria economia, pode deixar de ser objeto e
marionete de outros e das suas próprias criações - o capital, as riquezas, o
dinheiro, as máquinas, a tecnologia. Ele mostra que pode haver uma cultura
diferente e superior à cultura da ganância, da usura e da avareza. Ele também
mostra que o capitalista é uma figura descartável. Da cultura da competição
emerge uma ética terrível: é bom tudo aquilo que ME ajuda a ter, possuir, controlar
outros e acumular riquezas; é mau tudo aquilo que ME impede de fazer isto. (O ME
em maiúsculas tem a ver com o culto do indivíduo tomado como um absoluto e
isolado dos seus contextos social e histórico, a pessoa vista como um "eu-sem-
nós"). É a ética do CADA UM POR SI, E DEUS POR MIM... Já a cultura da
cooperação e da solidariedade tem uma ética construtiva: é bom tudo aquilo que
NOS ajuda a compartilhar os meios de sobrevivência e as riquezas. Tudo que eu
fizer em favor da promoção dos outros é bom para els e traz benefícios também
para mim. (O NOS em maiúsculas tem a ver com o conceito do indivíduo interligado
(solidário com) outros indivíduos e inserido nos seus contextos social e histórico,
portanto, o indivíduo-relação, "eu-e-nós" ao mesmo tempo). É a ética do UM POR
TODOS, TODOS POR UM. Na cultura da modernidade globalizada a Economia está
distorcida ao ponto de não mais ser possível reconhecê-la. De "administração e
gestão da casa" para o bem dos seus habitantes, passou a crescimento ilimitado e
acumulação infinita de riquezas, para o bem daqueles que conseguirem apossar-se
delas, mesmo às custas dos outros e da Natureza. A casa é o nosso corpo, é o
nosso lar, é a terra ou outro espaço em que trabalhamos, é a nossa comunidade,
bairro, cidade, estado, Nação. É também, e num sentido muito real, o nosso
Planeta e todo o Cosmos. A cultura capitalista vê tudo isto como instrumentos para
acumulação de riquezas, mesmo ao custo de sua degradação e destruição. É uma
cultura da morte. A cultura humanista, ao contrário, vê tudo isto como presentes
da Vida colocados sob o nosso poder e, portanto, sob a nossa responsabilidade,
para os cultivarmos e cuidarmos de maneira que dêem frutos e resultem em
benefício para todos e para cada um. E no mais íntimo de nós, todos sabemos que
um dia serão pedidas contas da gestão que temos feito destes bens que a Vida nos
dá. A Economia, na cultura humanista, exige o cuidado e a boa gestão de cada uma
daquelas "casas". Não é por acaso que associamos no nome Cultura a
Socioeconomia Solidária ao denominar os dois Encontros que realizamos sobre
estas questões - o Encontro Latino (Porto Alegre, agosto de 1998) e o Encontro
Brasileiro (Mendes, RJ, junho de 2000).* Eles focalizaram a Socioeconomia - isto é,
a Economia como a definimos acima, a Economia dedicada ao bem estar social e
humano, a Economia em que eu quero o bem estar do Outro porque o outro
também mora na mesma casa que eu, e estando ele melhor, eu também estou
melhor. Mais ainda, o Outro é parte de mim e do meu mundo, o Outro é um
prolongamento de mim, e se o Outro não está bem, eu também não posso estar
bem. Este é o princípio fundamental da Socioeconomia Solidária. Mas os Encontros
focalizaram também a Cultura da Solidariedade. Ela envolve diversos valores que
merecem ser mencionados aqui: reciprocidade, cooperação, compaixão (=sentir
com o outro), respeito à diversidade, complementaridade, comunidade, amor. O
desafio é sério. Nosso coração, nossa psique estão ancorados nos valores da
cultura dominante. A única maneira de não apenas falarmos, mas principalmente
vivenciarmos os novos valores é tomar-nos a nós próprios como arena de luta,
como espaço em que se trava o combate entre a velha e a nova cultura, os velhos
e os novos valores, atitudes, comportamentos, aspirações e modos de relação. E
esta é uma luta cotidiana, a ser travada em todos os espaços, instantes e relações.
É a luta para nos reeducarmos como novas mulheres, novos homens e novas
crianças. É a luta para buscarmos uma nova forma de liberdade, na qual somos
livres porque conquistamos o controle sobre nossos impulsos e instintos, porque
nossa consciência está se iluminando e nossa vontade se fortalecendo, e ambas
permitindo que possamos fazer as melhores escolhas. É a luta para ajudar-nos uns
aos outros neste processo de autoconquista e auto-educação. Afinal, a conversão
de seres competitivos e agressivos, alienados pela cultura capitalista, em seres
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cooperativos e amorosos, emancipados e irmanados no soerguimento de uma
cultura humanista, envolve luta de morte, vida e ressurreição! REFERÊNCIAS:
Maturana, Humberto, 1997, "Reflexões sobre o Amor", em A Ontologia da
Realidade, Editora UFMG, Belo Horizonte. * Referência ao Encontro Latino de
Cultura e Socioeconomia Solidárias (Porto Alegre, agosto de 1998) e ao Encontro
Brasileiro de Cultura e Socioeconomia Solidárias (Mendes, RJ, junho de 2000). Este
artigo foi escrito como leitura preparatória para o Encontro Brasileiro. PALAVRAS-
CHAVE: ALIENAÇÃO; AMOR; AUTOGESTÃO; AUTOREGULAÇÃO;
COMPLEMENTARIDADE; COMPAIXÃO; COMUNIDADE; CONSCIÊNCIA; CULTURA;
DOMINAÇÃO; PARTILHA; PODER; RECIPROCIDADE; RESPONSABILIDADE;
SOCIOECONOMIA; SOLIDARIEDADE; SOCIEDADE. FONTE: PACS - Instituto
Políticas Alternativas para o Cone Sul - Rua Joaquim Silva, 56 - 8º andar - Centro -
Rio de Janeiro, RJ, Brasil - 20241-110 Tel.: + 55 21 252 03 66 - Fax: + 55 21 232
63 06 - c.el: pacsadm@alternex.com.br - sítio web: www.alternex.com.br/pacs.
AUTOR: Marcos Arruda, coordenador geral do PACS, animador do Polo de
Socioeconomia Solidária, da Aliança por um Mundo Responsável e Solidário. O
PACS é uma das seis entidades eleitas no Encontro Brasileiro para participar da
equipe nacional de animação da Rede Brasileira de Socioeconomia Solidária. Rio,
junho de 2000.
* EL TRUEQUE DEL OTRO LADO DE LA CORDILLERA
Françoise Wautiez, Instituto de Ecología Política, Santiago de Chile Titulo de
experiencia: Permutando talentos para alcanzar la equidad Tipo de proyecto:
Establecimiento de una red de multitrueque Mes/ano de lanzamiento: 7 de Abril
2000 (Nodo Ecocentro de Santiago de Chile), 7 de mayo (Nodo Aconcagua de San
Felipe), 21 de junio (Nodo Quintin de Valparaiso) Mensaje principal:
Establecimiento de una red de multitrueque dentro de la cual promovemos la
solidaridad, la reciprocidad, y el empoderamiento de las personas por el intermedio
del desarrollo de los talentos y capacidades que tenemos. Actores sociales
involucrados: Hay una gran variedad de participantes dentro de la red
(profesionales, estudiantes, pequeños productores…para nombrar algunos). La
iniciativa misma nació dentro de la Programa de Economía Ecológica del Instituto
de Ecología Política en Santiago. Cantidad de participantes: Hasta esta fecha (Junio
2000) hay casi 100 personas inscritas en el nodo Ecocentro, cerca de 50 en el nodo
Aconcagua y 15 en el recién nacido Nodo Quintin en Valparaíso. Tipos de roles,
actividades, o variedad de intervenciones: Además de las ferias del trueque, hemos
realizado consisten en algunos talleres (compostaje), charlas (de astronomía), y
clases (inglés, francés, yoga, teatro de improvisación). Principales logros: Las ferias
que se realizan son eventos muy entretenidos (y a veces, con muy buena comida)
dentro de las cuales se han creado amistades, entusiasmo, y donde han nacido
varias iniciativas, clases, y talleres. Se destaca una mayor accesibilidad a varias
servicios que resultan ser muy caros en el mercado formal. Principales dificultades:
a) Falta de constancia en la participación por parte de la mayoría de los inscritos. b)
Falta de comunicación por parte de los participantes en el desarrollo de soluciones
de problemas. c) Dificultades en registrar/monitorear el flujo y circulación de
"talentos" (dinero). d) Falta de abastecimiento consistente de productos de alta
demanda y de alta calidad. Pedidos específicos a los miembros de la red: Se pide
un respaldo en productos para inscribirse en el nodo. Un mínimo de compromiso de
asistir a las ferias, siendo está una instancia de aprendizaje para luego poder
duplicar la experiencia en su barrio. Se requiere más iniciativa por parte de las
personas, desde el uso de los servicios que se están ofreciendo hasta participar en
la organización y generar iniciativas para ampliar el nodo. Oferta especifica a los
miembros: El nodo Ecocentro ofrece el espacio, las mesas etc para realizar las
ferias, una base de datos actualizada de los miembros, un boletín con las ofertas y
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demandas de los participantes, además de noticias sobre la red y anuncios sobre
talleres o clases. También ofrece espacio y ayuda en la coordinación de talleres o
cursos, contactos e información con lo que pasa en otros países. En un nivel más
profundo, ofrecen la oportunidad de mejorar su calidad de vida mediante el acceso
a productos y servicios, pasar momentos agradables en las ferias, vincularse más y
conocer más gente del barrio. Como contactarnos: El Instituto de Ecología Política
tiene una página web, donde nos pueden encontrar, en el Area de Economía
Ecológica. La dirección es: www.iepe.org Nuestra dirección electrónica es:
iep@reuna.cl (Heidi o Francoise), Johanachile@hotmail.com (Johana, nodo
Aconcagua); itinerante@terra.cl (Cristián, nodo Quintin) Francoise Wautiez y Heidi
Marchetti, Un abrazo cariñoso a todos El 7 de abril 2000 se inició la primera
experiencia de multitrueque, impulsada por el Area de Economía Ecológica
(Instituto de Ecología Política), en Santiago de Chile. La idea era replicar la
experiencia argentina de la Red Global de Trueque, adaptándola a las
características propias de este país. El nombre de la experiencia: "Permutando
talentos para alcanzar la equidad", resume las principales ideas del proyecto:
establecer una red de multitrueque, que promueva relaciones solidarias y de
reciprocidad, como alternativa a las relaciones competitivas que caracterizan la
economía de mercado. En este espacio alternativo, se plantea la posibilidad de
empoderar a las personas, desarrollando sus capacidades emprendedoras y
solidarias y sus múltiples talentos, que han sido desvalorizados por el mercado. Es
por ello que hemos decidido llamar nuestros vales, "Talentos". La iniciativa de
Santiago ya se ha duplicado. Se creó un nodo en San Felipe, una ciudad pequeña al
norte de Santiago, a principios de mayo y en Valparaíso, el famoso Puerto que está
en el alma de todos los chilenos, este miércoles pasado. Tal como en Argentina,
esta economía alternativa gira en torno a ferias que se realizan ya sea una vez a la
semana, ya sea dos veces al mes, donde los participantes tienen la oportunidad de
intercambiar sus productos, comer, escuchar música o enterarse de los servicios y
cursos que se están ofertando. Se publica un boletín mensual que lista todos los
bienes y servicios ofrecidos y demandados dentro del nodo, y los teléfonos de los
miembros de manera de agilizar los intercambios más allá de la feria. Si bien son
cerca de 100 las personas inscritas en el nodo Ecocentro (Santiago), y cerca de 50
las del nodo Aconcagua (San Felipe), la participación en las ferias no supera las 25
a 40 personas. Esto es un de los problemas mayores que tenemos que enfrentar: la
constancia (o falta de) en la participación de los miembros. Durante los tres
primeros cuartos de hora de la feria, se inicia generalmente un tiempo de tertulia
que permite tomar las decisiones referentes a la organización, exponer y debatir
problemas, sugerir soluciones y darse a conocer a los otros miembros del nodo. Sin
embargo la falta de constancia en la participación (no son nunca las mismas
personas que llegan) y de retroalimentación dificultan la resolución de problemas o
la emergencia de iniciativas que permitan ampliar los intercambios de los que ya
participan o ampliar la red, conectándola a otras iniciativas de economía solidaria.
También se observa una falta de constancia en los productos que se ofrecen, pocas
son las personas que ofrecen productos realmente de calidad. Se observa una
diferenciación importante entre las personas que son "productores" (y a menudo
viven de ello en el mercado formal) y las personas asalariadas que no tienen ni el
tiempo ni la creatividad para producir. El mercado ha confinado a estas últimas en
meros "consumidores", atrofiando su papel de productor en la sociedad. Por
supuesto esta situación está generando frustración entre los "productores" que no
encuentren en qué "gastar" sus talentos. A pesar de las dificultades (una de ellas
siendo la época del año, este invierno es particularmente frío y lluvioso en Chile),
las ferias son un momento muy entretenido, donde la gente lo "pasa" muuuuy bien
y han permitido encuentros, amistades e intercambios más allá de los productos
que circulan. Existe mucho entusiasmo acerca de la experiencia y ya se nos han
pedido la presentación en varias partes, lo que permite replicar la experiencia a
otros barrios. Varios cursos están funcionando en forma regular: inglés, francés,
yoga, teatro de improvisación. Se han realizado un curso de compostaje y una
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charla de astronomía. También se han realizado varios intercambios entre los nodos
de Santiago y de San Felipe. Está en los planes un viaje a Mendoza para conocer y
aprender de la experiencia de nuestros vecinos. Recuadro: cómo iniciamos el
proceso ∙ Se realiza una invitación a personas que podrían estar interesadas ∙ Se
pide en la invitación llevar productos para intercambiar este primer día ∙ Se diseñan
los vales que sirven para el intercambio, los "Talentos". En la primera reunión,
Francoise Wautiez realiza una presentación formal sobre el rol del dinero en la
economía, los defectos de nuestro sistema de dinero, el porqué de esta iniciativa y
se presenta un video de la televisión chilena sobre la experiencia de las Horas de
Ithaca. El video está muy bien hecho y permite responder a muchas de las dudas
de los invitados. ∙ Se procede a la primera miniferia. Para ello, cada participante
recibe 10 "Talentos" (un Talento equivale a 500 pesos chilenos o sea 1 $US, o un
Credito) y llena una ficha con sus ofertas y demandas. La ficha está siempre a
disposición para eventuales correcciones. ∙ Los participantes exponen sus productos
y se realizan los intercambios ∙ Se decide un día regular para la feria.
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