quinta-feira, 22 de abril de 2010

Notícias de Cochabamba - Envolverde

DECLARACIÓN de la
III Feria Internacional del Agua dirigida a la

Conferencia Mundial de los Pueblos sobre el Cambio Climático y los Derechos de la Madre Tierra



El cambio climático es resultado de un modelo productivo extractivista, depredador y contaminante ejemplificado en la explotación de la minería de gran escala, petróleo, carbón, gas, represas de agua, orientadas a satisfacer un consumo energético derrochador, que incluye la industria militar. Por otra parte, la agricultura industrial que fomenta el monocultivo en enormes extensiones territoriales, profundiza el cambio climático, que margina a la gran mayoría de los pueblos de las tomas de decisiones y del producto de su trabajo.

Estas actividades concentran y se apropian de las aguas superficiales y subterráneas y destruyen los ecosistemas generadores de agua; son altamente consumidoras de agua dulce, y devuelven a la naturaleza agua contaminada, trastornando así el ciclo hidrológico natural.

A este problema generado por los países industrializados y las multinacionales se han propuesto falsas soluciones dentro de la lógica del mercado, como son: los agrocombustibles, las plantaciones forestales para sumideros de cabono, las represas hidroeléctricas y la energía nuclear dentro del mal llamado Mecanismo de Desarrollo Limpio (MDL). A esto se agregan nuevas “propuestas” como el mecanismo de Reducción de Emisiones por Deforestación y Degradación Evitada (REDD). Estos mecanismos profundizan el problema climático y ambiental, pero sobre todo son medidas de recolonización territorial que quitan el derecho de uso, manejo y gestión del agua, la biodiversidad y el territorio a las comunidades locales.

PROPONEMOS

Impulsar la transición de un modelo extractivista a uno basado en principios de solidaridad, justicia, dignidad, respeto a la vida, reciprocidad y equidad, recuperando la visión andina del agua como energía, ser vivo, fuente de vida, regalo generoso de la Pacha Mama, que por tanto no puede ser apropiada por nadie.
Revocar permisos a las corporaciones trasnacionales y nacionales, decir basta en particular a las empresas mineras, gaseras, petroleras, de monocultivos, agroindustriales y ganadería intensiva. Estas actividades son voraces consumidoras de agua que termina convertida en mercancías para satisfacer un consumismo creciente.
Exigir a los gobiernos la aplicación de políticas de estado que preserven el patrimonio natural, los bosques y la biodiversidad, acorde con el equilibrio de los ecosistemas, poniendo énfasis en el agua y en especial el reconocimiento de los derechos de la madre tierra, los bienes comunes y al agua como un derecho humano.
Promover la recuperación de las prácticas de nuestros ancestros en tecnologías nuevas, alternativas y milenarias, que sean ambiental y socialmente justas y favorezcan el equilibrio en el relacionamiento humano satisfaciendo las necesidades para el “buen vivir” del pueblo. Impulsar la producción agrícola orgánica, el saneamiento básico amigable con la naturaleza y un manejo adecuado de residuos.
Exigir el reconoconocimiento y el respeto a los derechos de los pueblos originarios, campesinos y pequeños productores a sus territorios como la mayor garantía para la preservación del agua y las fuentes que la generan. Sólo así se conseguirá evitar y enfrentar las catástrofes del cambio climático.
Rechazar las falsas soluciones al cambio climático y atender las verdaderas necesidades de las comunidades.
Reclamamos a nuestros gobiernos, presentes en la cumbre de Cochabamba, la salida del Foro Mundial del Agua por ser una instancia que promueve la privatización del agua y es liderada por las multinacionales del agua.

Los participantes de la III Feria Internacional del Agua reunidos en Cochabamba del 14 al 18 de Abril de 2010 nos solidarizamos con las luchas de nuestros pueblos por el agua, en particular saludamos la resistencia del pueblo hondureño y su lucha por la democracia. Destacamos que la justicia climática no es posible sin una justicia del agua y nos declaramos parte del movimiento social global.





20/04/2010 - 10h04 -www.envolverde.com.br
Os direitos humanos e os direitos da natureza são dois nomes da mesma dignidade

Por Eduardo Galeano*

Montevidéu, abril/2010 – Lamentavelmente, não poderei estar com vocês. Um pau atravessou na roda, o que me impede de viajar. Mas quero acompanhar de alguma maneira esta reunião de vocês, esta reunião dos meus, já que não tenho outro remédio do que fazer o pouco que posso e não o muito que quero.

E por estar assim, ao menos lhes envio estas palavras. Quero dizer-lhes que oxalá se possa fazer todo o possível, e o impossível também, para que a Cúpula da Mãe Terra seja a primeira etapa para a expressão coletiva dos povos que não dirigem a política mundial, mas a sofrem.

Oxalá sejamos capazes de levar adiante estas duas iniciativas do companheiro Evo, o Tribunal da Justiça Climática e o Referendo Mundial contra um sistema de poder baseado na guerra e no desperdício, que despreza a vida humana e põe bandeira de remate em nossos bens terrenos.

Oxalá sejamos capazes de falar pouco e fazer muito. Graves danos nos fez, e continua causando, a inflação de palavras, que na América Latina é mais nociva do que a inflação monetária. E também, e sobretudo, estamos fartos da hipocrisia dos países ricos, que estão nos deixando sem planeta enquanto pronunciam pomposos discursos para dissimular o sequestro.

Há quem diga que a hipocrisia é o imposto que o vício paga à virtude. Outros dizem que a hipocrisia é a única prova da existência do infinito. E a discurseira da chamada “comunidade internacional”, esse clube de banqueiros e guerreiros, prova que as duas definições são corretas.

Quero comemorar, por outro lado, a força de verdade que irradiam as palavras e os silêncios que nascem da comunhão humana com a natureza. E não é por acaso que esta Cúpula da Mãe Terra acontece na Bolívia, esta nação de nações que está se redescobrindo ao fim de dois séculos de vida mentirosa.

A Bolívia acaba de comemorar os dez anos da vitória popular na guerra da água, quando o povo de Cochabamba foi capaz de derrotar uma todo-poderosa empresa da Califórnia, dona da água por obra e graça de um governo que dizia ser boliviano e era muito generoso com o alheio.

Essa guerra da água foi uma das batalhas que esta terra continua travando em defesa de seus recursos naturais, ou seja: em defesa de sua identidade com a natureza.

Há vozes do passado que falam ao futuro.

A Bolívia é uma das nações americanas onde as culturas indígenas souberam sobreviver. E essas vozes ressoam agora com mais força do que nunca, apesar do longo tempo da perseguição e do desprezo.

O mundo inteiro, aturdido como está, perambulando como cego em tiroteio, teria de ouvir essas vozes. Elas nos ensinam que nós, os humanitos, somos parte da natureza, parentes de todos os que têm pernas, patas, asas ou raízes. A conquista europeia condenou por idolatria os indígenas que viviam essa comunhão, e por acreditar nela foram açoitados, degolados ou queimados vivos.

Desde aqueles tempos do Renascimento europeu, a natureza se converteu em mercadoria ou em obstáculo ao progresso humano. E até hoje esse divórcio entre nós e ela persiste, a ponto de ainda existir gente de boa vontade que se comove pela pobre natureza, tão maltratada, tão lastimada, mas vendo-a de fora.

As culturas indígenas a veem de dentro. Vendo-a, me vejo. O que faço contra ela, faço contra mim. Nela me encontro, minhas pernas também são o caminho que a anda.

Celebremos, pois, esta cúpula da Mãe Terra. E oxalá os surdos ouçam: os direitos humanos e os direitos da natureza são dois nomes da mesma dignidade.

Voam abraços, desde Montevidéu. (IPS/Envolverde)

* Eduardo Galeano é jornalista e escritor uruguaio, autor do livro "As veias abertas da América Latina".


(IPS/Envolverde)

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