segunda-feira, 17 de maio de 2010

Diálogo: Uma pratica da cultura de paz - www comitepaz.org.br

diálogo 
uma prática da cultura de paz




diálogo: etimologia da palavra
  • a palavra diálogo vem do grego
    • logos – sentido, palavra
    • dia – através de
  • ou seja, diálogo significa: quando um significado perpassa, atravessa um grupo




diálogo
  • o diálogo é uma prática que busca superar a separatividade que caracteriza a “mente menor”, ou “mente pequena”:




“mente pequena”:
  • posições e concepções pessoais ou grupais de cunho egoísta, proselitista, sectário, de orientação competitiva-destrutiva, que buscam atender a interesses PARCIAIS e que afastam o grupo, a sociedade, do sentido de inteireza, de unidade, de totalidade




“mente pequena”:
  • a mente pequena conta de demandas que buscam excluir o outro ou parte da sociedade do acesso aos bens materiais ou imateriais, aumentando a separatividade, a destrutividade, a ansiedade, a angústia...




o outro
  • por causa da “mente pequena”, não percebemos o outro enquanto tal:
  • ou projetamo-nos sobre ele, crendo que ele “deve” se comportar, em última análise, como nós, ou como achamos que é certo
  • ou o excluímos, por ser “diferente” e portanto “desviante”, errado...




o diálogo e o outro
  • reduzindo o outro ao que pensamos dele, acabamos por não ouvi-lo e não vê-lo, esquecendo da sua própria inteireza, daquilo que lhe é intrinsecamente verdadeiro como ser que é
  • preferimos verdades gerais, coletivas, ignorando as diferenças – porque é mais cômodo...
  • o problema é que, de modo mais amplo,isso não funciona




o outro
  • o outro tem seu próprio modo de ser, sua própria verdade, tão importante quanto a nossa
  • o outro é ao mesmo tempo diferente e igual a nós...
  • o diálogo é uma prática em que se busca OUVIR o outro, para com isso recuperar a inteireza de ambos numa totalidade que tudo abrange (inclusive o ambiente!)




ouvir, pensar junto 
  • ouvir o outro é a única maneira de pensar junto
  • recuperar a capacidade de pensar junto é o objetivo do diálogo
  • não é fácil! ouvimos o outro através de uma tela mental de conceitos, pressupostos, que logo se tornam, descaradamente, preconceitos e ideologias




Para ser capaz de realmente ouvir, a pessoa deve abandonar ou pôr de lado todos os preconceitos.
Quando você está em um estado mental receptivo, as coisas podem ser facilmente compreendidas.
Mas, infelizmente, a maioria de nós ouve através de uma tela de resistência.
Somos cobertos por preconceitos, quer religiosos, quer espirituais, psicológicos ou científicos; ou por preocupações, desejos e temores diários.
E com esses temores como tela, ouvimos;
portanto, na realidade, ouvimos nosso próprio ruído, nosso próprio som,
não aquilo que está sendo dito.
 
 Krishnamurti,
A primeira e última liberdade.





ouvir
  • ouvir é muito difícil, em um ambiente em que todos querem falar
  • ouvir é um sentido mais totalizante do que a visão: esta apresenta, por exemplo, “ilusões de ótica”...
  • ouvimos algo à distância, ouvimos numa abertura de 360 graus...




ouvir
  • ouvir é um sentido MUITO ATIVO (a qualidade da escuta se sobrepõe à da fala!)
  • normalmente confundimos a RECEPTIVIDADE do ouvir com passividade!
  • para ouvir é preciso despir-se do que é conhecido:




Não sei se você já prestou atenção ao modo como ouve – não importa o quê, um pássaro, ao vento nas folhas, as águas correntes, ou como escuta num diálogo consigo mesmo, à sua conversação em várias relações com seus amigos íntimos. Ouvir é extraordinariamente difícil, porque estamos sempre projetando as nossas opiniões e idéias, nossos preconceitos, nossa formação, nossas inclinações e impulsos; quando estes dominam, não ouvimos quase nada do que está sendo dito. Somente ouvimos, e portanto aprendemos, em um estado de atenção, um estado de silêncio, em que todo esse fundo está em suspensão, está calmo; então, me parece, é possível comunicar.  (Krishnamurti, sobre o ouvir)




preconceitos, pressupostos
  • o problema com os pressupostos e com as ideologias que derivam deles é que eles têm“núcleos duros”
  • núcleos duros são aspectos do pensamento que se transformam em verdades que não são questionadas e não se abrem ao questionamento (dogmas)
  • eis um exemplo:




3 de Junho de 1997
A politica externa e a de defesa dos Estados Unidos estão à deriva. Conservadores criticaram as políticas incoerentes da Administração Clinton. Resistiram também aos impulsos isolacionistas vindos de suas próprias fileiras. Mas os conservadores não tiveram a confiança suficiente para levar à frente uma visão estratégica do papel da América no mundo. Não estabeleceram princípios condutores para a política externa americana. Permitiram que diferenças táticas obscurecessem potenciais concordâncias quanto aos objetivos estratégicos. E não lutaram para um orçamento de defesa que pudesse manter a segurança da América e defender os interesses americanos no novo século.
Nosso objetivo é mudar isto. Visamos marcar presença e obter apoio para a liderança global da América.
Com o século vinte chegando ao fim, os Estados Unidos surgem como o poder proeminente no mundo. Tendo conduzido o ocidente à vitória na Guerra Fria, a América está frente a uma oportunidade e um desafio. Têm os Estados Unidos a visão para seguir as realizações das décadas passadas? Têm os Estados Unidos a determinação para moldar um novo século favorável aos interesses e princípios americanos?
Estamos em perigo de deixar passar a oportunidade e perder o desafio. Vivemos do capital — tanto os investimentos militares e as realizações na política externa — amealhado pelas administrações passadas. Cortes nos gastos com os assuntos exteriores e com a defesa, falta de atenção aos assuntos de Estado, e uma liderança inconstante tornam cada vez mais difícil sustentar a influência americana no mundo. E a promessa de benefícios comerciais a curto prazo ameaça suplantar considerações estratégicas. Como conseqüência, estamos pondo em jogo a capacidade da Nação de fazer frente às ameaças atuais e de lidar com desafios ainda maiores que estão à frente.
Parece que esquecemos os elementos essenciais do sucesso da administração Reagan: forte poder militar, pronto para enfrentar desafios presentes e futuros; política externa que acentuada e propositalmente promove os princípios americanos no exterior; e uma liderança nacional que aceita as responsabilidades globais dos Estados Unidos.




É claro que os Estados Unidos devem ser prudentes na maneira de exercer seu poder. Mas não podemos evitar em segurança as responsabilidades da liderança global ou os custos associados com seu exercício. A América tem um papel vital na manutenção da paz na Europa, Ásia e no Oriente Próximo. Se fugimos às nossas responsabilidades, convidamos desafios aos nossos interesses fundamentais. A história do século 20 deveria nos ter ensinado que é importante moldar as circunstâncias antes que surja a crise, e a enfrentar ameaças antes que se tornem grandes demais. A história deste século devia nos ter ensinado a abraçar a causa da liderança americana.
Nossa meta é lembrar os americanos destas lições e tirar delas conseqüências para hoje. Há quatro conseqüências:
- precisamos aumentar significativamente os gastos com a defesa, se quisermos estar à altura das nossas responsabilidades de hoje, e modernizar as nossas forças armadas para o futuro.
- precisamos fortalecer nossos laços com os aliados democráticos e desafiar os regimes hostis aos nossos interesses e valores;
- precisamos promover no exterior a causa da liberdade política e econômica;
- temos que aceitar a responsabilidade pelo papel único que tem a América em preservar e estabelecer uma ordem internacional condizente com a nossa segurança, nossa prosperidade e nossos princípios.
Uma política tão “a la Reagan” de força militar e clareza moral pode não estar na moda, hoje. Mas é necessária se os Estados Unidos quiserem consolidar os sucessos deste século que passou e assegurar nossa segurança e grandeza no que virá. 
Elliott Abrams    Gary Bauer    William J. Bennett    Jeb Bush
Dick Cheney    Eliot A. Cohen    Midge Decter    Paula Dobriansky    Steve Forbes
Aaron Friedberg    Francis Fukuyama    Frank Gaffney    Fred C. Ikle
Donald Kagan    Zalmay Khalilzad    I. Lewis Libby    Norman Podhoretz
Dan Quayle    Peter W. Rodman    Stephen P. Rosen    Henry S. Rowen
Donald Rumsfeld    Vin Weber    George Weigel    Paul Wolfowitz




preconceitos, pressupostos
  • como esses pressupostos não se abrem à verificação, ao exame, são frágeis – e defendem-se através de meios violentos
  • concepções fechadas sempre procuram se impor pela força, pela persuasão, pelo convencimento, e não se estabelecer a partir da coerência, da reflexão, do compartilhamento de significados





se uma opinião é correta, não necessita ser defendida emocionalmente;  
 se não é,
por que deve ser defendida??? 





o diálogo e a coerência
  • coerência significa estar junto; é o oposto deaderência, em que a pessoa compra sem saber por que está levando!
  • o diálogo busca esse estar junto, a coerência




o diálogo e a coerência
  • ninguém pode ser forçado a estar junto
  • basta olhar para ver: a maior parte das “comunicações” de massa, dos discursos ideológicos, busca a aderência e não a coerência




o diálogo e a coerência
  • etimologicamente, aderir significa “estar preso, atado, ligado”...
  • alguém que adere compensa sua fragilidade com a aparência de uma certeza alheia – que por sua vez também é frágil, já que conta com “adesões” inconsistentes interiormente!




preconceitos, pressupostos
  • com base nos pressupostos, preconceitos ou ideologias nós julgamos o mundo, a vida, os outros e não mais percebemos a realidade como ela é
  • por trás de um julgamento sempre há um pressuposto que, se exposto, aumenta o conhecimento que o participante e o grupo têm da realidade




preconceitos, pressupostos
  • para um grupo que quer se desenvolver através do diálogo, os preconceitos, pressupostos e ideologias “núcleo duro” necessitam ser expostos e examinados abertamente
  • um grupo que se abre para isso cresce extraordinariamente!




pensamento linear e
pensamento complexo

  • na base do problema dos pressupostos, está o funcionamento linear do pensamento
  • na linearidade, o máximo que se pode fazer é julgar em oposições, como “certo e errado”
  • o pensamento criativo não cabe dentro do modelo linear




pensamento linear e complexo
  • o pensamento linear é ótimo para gerar repetições: fazer com perfeição sempre o mesmo computador, o mesmo automóvel, ensinar aquilo que já se sabe
  • o pensamento sistêmico procura verificar o que uma coisa é na posição em que ocupa em um sistema de relações com outros elementos (rede)




pensamento linear e complexo
  • o pensamento complexo é a totalidade do campo formado pelo pensamento linear e o pensamento complexo
  • trata-se de aprender a usar a linearidade quando é necessária, e o pensamento sistêmico quando é necessário




linearidade e pensamento sistêmico: uma circularidade
pensamento linear 
pensamento sistêmico




diálogo e discussão
  • a forma de conversação típica do pensamento linear é a DISCUSSÃO, o DEBATE
  • a forma de conversação típica do pensamento complexo é o DIÁLOGO




diálogo e discussão
  • discussão etimologicamente tem a mesma raiz que percussão, concussão: quebrar,fracionar, analisar
  • o movimento do diálogo é sintetizar, amalgamar, recuperar a totalidade
  • mas aqui também é importante perceber que há uma circularidade necessária entre diálogo e discussão:




diálogo e discussão: uma circularidade
diálogo 
discussão ou debate




diálogo e discussão
  • quando é necessário repetir, lidar com o que já se sabe, decidir uma forma melhor excluindo outras, a ferramenta é a discussão;
  • quando é necessário criar, inovar, sintetizar, mediar, incluir todas as partes em um todo abrangente, a ferramenta é o diálogo




diálogo e discussão
  • o problema com a discussão é que achamos que podemos resolver todos os problemas através dela
  • a mente linear perde compreensão dos aspectos relacionais da realidade (interdependência)
  • na verdade, tudo ocorre no âmbito da interdependência – nunca estamos isolados!!!!




diálogo e discussão
  • por causa do nosso modo compulsivo de discutir, logo que começamos uma conversação entramos em um automatismo:

CONCORDO / DISCORDO




a discussão e a competição
  • a discussão, como a fazemos, liga-se a outro problema da nossa civilização: acompetitividade destrutiva, da mente pequena, que isola, separa, exclui, aumenta a discriminação, a injustiça, a concentração de renda
  • competição e cooperação também formam uma circularidade:




competição e colaboração: uma circularidade
cooperação 
competição




competição: etimologia
  • a palavra competição tem duas raízes:
  • uma está ligada à “competência”, capacidade de melhorar o próprio desempenho, tornar-se cada vez mais eficiente e melhor
  • a outra é “competere”, ligada à cizânia, à encrenca, à difamação, à injúria, à calúnia, a vencer derrotando o outro, e não sendo melhor do que ele...




diálogo e cooperação
  • o diálogo serve à cooperação com algo maior, com a totalidade do indivíduo, do grupo, da sociedade, com a interdependência
  • na verdade, o diálogo busca exatamente trazer à consciência e à prática do grupo ou sociedade esse inter-relacionamento real e prático que existe entre tudo e todos




para finalizar: respeito
  • se o diálogo busca ouvir o outro e não ignorá-lo;
  • busca compartilhar com ele e não impor-lhe coisas;
  • se busca a coerência dos participantes de um grupo ou sociedade e não a aderência
  • só pode basear-se fundamentalmente norespeito ao outro




respeito
  • respeito, etimologicamente, vem derespecere, que significa

OLHAR NOVAMENTE 
  • respeitar é observar atentamente, não pressupor verdades nem “tem-ques” no outro!
  • sempre gosto de brincar:
        não tem-que nada!




diálogo, mente grande e mente pequena
  • retornando ao início da nossa conversa, o diálogo busca superar o estágio de consciência da mente pequena
  • o diálogo busca a mente ampla, em que o todo inclui a individualidade e a individualidade inclui o todo
  • é um estado de consciência, e está sempre presente, mas não prestamos atenção nele!




modelos mentais
  • o que o diálogo propõe é um novo modelo mental, em que a participação e a responsabilidade são elementos chave
  • para ser responsável, para responder, é preciso conhecer




modelos mentais
  • para conhecer, é preciso atenção, percepção, intuição, e não julgamentos:

JULGAMENTOS SÃO PASSADO, e 
                ATENÇÃO É AMOR!!!

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