(Ignacio Muñoz Cristi (Meta-tradução de Luiz Algarra)
O humano surge, evolutivamente, no conversar e se conserva habitando em redes de conversações que se constituem como um fenômeno cultural. Assim nos fazem os humanos, convivendo com humanos. O humano não é apenas a corporalidade Homo Sapiens, é um modo de vida que se realiza em uma matriz de relações sociais na qual, conversando, pessoas se encontram e se realizam como tal.
As redes de conversações formais são todas aquelas que surgem como espaços relacionais especificados com algum propósito, orientados a algum resultado, seja político, educativo, religioso, etc. Estes espaços são especificados, estabelecidos, desenhados a partir de critérios determinados. Dependendo de como se vive e convive nestes espaços, surgirão as propriedades da matriz relacional definida no conversar das pessoas que a compõe. Pode-se então seguir na confiança e na colaboração, ou na desconfiança e na obediência, gerando assim derivas completamente distintas, uma social e a outra instrumental.
As redes de conversações informais são todas aquelea que ocorre em espaços sem formato, ou com um meta-formato que simplesmente abstrai e transpõem as coerência básicas do âmbito social. Os que as caracteriza as redes de conversações informais é que não estão orientadas a consolidação de um resultado, e não tem nenhum propósito além do próprio prazer do encontro entre pessoas que querem falar e ser escutadas. Como estas redes estão abertas às possibilidades de coinspirar coordenações de ações conjuntas, sempre poderão gerar resultados, porém num aspecto espontâneo.
Do mesmo modo que as conversações em espaços formais, o que define o rumo seguido pelas conversações informais será o modo das pessoas se relacionarem, seja por meio de conversas de colaboração no sentir da confiança, ou conversas de obediência a partir do controle.
Então, se podemos dizer que os espaços formais ou informais de conversação geram bem-estar ou mal-estar conforme os vivemos ou convivemos, então a convivência humana, historicamente neste presente tem ocorrido e ocorre fundamentalmente em espaços informais de conversação, nos quais tem surgido a maior parte das criações humanas fundamentais, assim mesmo, sem formato, estabelecidas consensualmente no calor da convivência e no prazer de fazermos coisas juntos.
Por outro lado, nossa história nos últimos 10 mil anos tem sido centrada em relações culturais (redes de conversação) de desconfiança, controle, autoridade, obediência, apropriação e competição. A partir disto se tem tentado formalizar insidiosamente os espaços conversacionais das mais diversas maneiras para tornar possível a manipulação de pessoas na a realização de inúmeros objetivos, sejam políticos, ideológicos, econômicos, etc. Assim, isto vem gerando dor e sofrimento, bem como desarmonia ecológica ao se romper a dinâmica indivíduo-sociedade e biosfera-antroposfera.
As redes de conversações informais surgem com o propósito de restaurar o potencial educativo espontâneo dos encontros livres entre pessoas que desejam compartilhar, colaborar e coinspirar em torno da aprendizagem, gerando matrizes relacionais-sociais que aspiram a ampliação da autonomia reflexiva e de ação de pessoas e comunidades, bem como seus espaços de bem-estar psíquico-corpo
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