terça-feira, 24 de julho de 2012

Preservem este espaço: discurso de Vladimir Safatle aos manifestantes do Ocupa Sampa‏


Vladimir Safatle apresentou, na quarta-feira 26 de outubro, aula pública aos manifestantes do movimento Ocupa Sampa acampados no Vale do Anhangabaú. O texto abaixo foi transcrito pelos integrantes do movimento e originalmente publicado no site do Acampa Sampa. Acompanhe o movimento em suas redes sociais: FacebookTwitterYouTube Livestream.
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Na verdade vocês são uma peça na engrenagem que se montou de uma maneira completamente inesperada e imprevisível em várias partes do mundo. Existem certos momentos na história onde um acontecimento aparentemente localizado, regional, tem a força de mobilizar uma série de outros processos que vão ocorrendo em várias partes do mundo. Ou seja, as ideias, quando elas começam a circular, desconhecem espaço, não conhecem as limitações do espaço, elas constroem um novo espaço. E de uma certa maneira, vocês aqui são uma peça de uma ideia que aos poucos vai construindo um novo espaço, através dessas mobilizações mundiais que tocam várias cidades: Nova York, Cairo, Túnis, Madri, Roma, Santiago e agora São Paulo. Gostaria de lembrar para vocês um exemplo que me parece bastante interessante, de como uma ideia pode ignorar o seu espaço original. Existe um fato histórico, muito impressionante e que nos toca de uma maneira relativamente próxima, porque diz respeito a uma coisa que hoje o Brasil esta envolvido, que é a revolução no Haiti em 1804.
Foi a primeira revolução feita por escravos, escravos que se libertaram do domínio francês. Aconteceu um fato bastante impressionante no interior dessa história que é mais ou menos o seguinte: em 1793, a Assembléia Nacional Francesa, Assembléia Revolucionária Francesa – graças aos jacobinos – resolveu abolir a escravidão nas colônias. Era o resultado de um princípio, princípio da igualdade radical. Se nós defendemos a igualdade radical não é possível que a igualdade valha apenas nesse país e não valha em outro lugar, ela deve ser incondicional, deve desconhecer espaço e deve desconhecer tempo, então ela vale tambám para as colônias. Quando Napoleão assume o poder, tenta rever esse decreto, ou seja, fazer com que a escravidão voltasse a operar nas colônias. Os haitianos se sublevam, e Napoleão manda tropas ao Haiti. E acontece um dos fatos mais impressionantes da história nos últimos 200/300 anos. No momento da guerra, quando as tropas francesas estão de um lado e as tropas haitianas do outro, os franceses comecam a ouvir, cantado do outro lado, a Marselhesa – o hino francês, hino da revolução francesa. Isso arrebentou moralmente com as tropas francesas, eles perderam a guerra. Começaram a se perguntar “Afinal de contas, contra quem estamos lutando? Nós estamos lutando contra nós mesmo, contra nossos ideiais que agora se voltam contra nós. Porque na boca desses ex-escravos esses ideais são mais verdadeiros do que na nossa própria boca.”
Essa é a força impressionante das ideias, elas explodem contextos, explodem espaços, constroem novos espaços, rearticulam uma relação radical, fundamental de igualdade. Por que é interessante lembrar disso agora? Porque de uma certa maneira é o que vocês estão fazendo aqui. Vocês estão conseguindo fazer com que uma ideia, que apareceu inicalmente em um determindado lugar, no mundo árabe, na Tunísia, começe a circular de uma maneira tal que ela vai mobilizando populações absolutamente dispersas e diferentes em torno de uma noção central: nossa democracia não existe ainda, nossa democracia ainda não chegou, nós ainda esperamos uma democracia por vir. O que nós temos pode não ser uma ditadura, não ser o sistema totalitário, mas ainda não é uma democracia. E nenhum de nós quer viver nesse limbo, nesse purgatório entre um regime de absoluto autoritarismo e uma democracia que nós esperamos. Não queremos uma democracia em processo contínuo, incessante de degradação, que já nasce velha. Por isso, quando as colocações das manifestações dos quais vocês fazem parte insistem na ideia de que ainda falta muito para alcançarmos a democracia real, vocês colocam uma questão que até então não podia ter direito de cidadania. Se vocês criticassem a democracia parlamentar, tal como ela funciona hoje, olhariam vocês como arautos do totalitarismo. Se vocês não querem isso, vocês querem o quê? Vocês não querem o Estado Democrático de Direito? Vocês não querem a segurança do Direito Democrático? Então vocês querem o quê? E essa é a questão interessante, vocês recolocam a questão dizendo “Onde vocês estão vendo Estado Democrático de Direito? Eu não encontrei! Como assim, o que isso significa?”.
Se tem uma coisa que a democracia nos demanda, nos exige, é que só se fale de democracia no futuro, só se fale de democracia como democracia por vir. Quando você acredita que a democracia já está realizada no nosso ordenamento jurídico, já está realizada no nosso Estado, na situação social presente, então todas as imperfeições do presente ganham o peso da eternidade, todas as imperfeições do presente parecem eternas, parecem ser impossíveis de superar, parece ser mais que isso, ser criminoso superá-las, parece se colocar em risco quando você tenta superá-las, discutí-las. Então nesse sentido, a primeira coisa interessante em toda essa discussão, vocês estão dispostos a, no fundo, discutir. Não discutir no sentido de fazer alguns acertos pontuais a respeito de algumas questões que girem em torno de nossa política, por exemplo, existe corrupção, vamos nos mobilizar aqui para pedir que fulano, cicrano e beltrano vão para cadeia! Como se independente disso ser feito ou não, como se isso resolvesse o problema de nossa democracia, como se ações pontuais que não tocam problemas estruturais de processos de decisão de partilha de poder, de participação popular, de densidade popular nas decisões do governo, como se não tocando nesse problema nós conseguíssemos avançar de uma maneira ou de outra. Essa, me parece, é uma questão extremamente interessante, por que quando vocês colocam “nós queremos discussão”, isso toca uma questão extremamente clássica, que é a relação entre teoria e práxis. Por exemplo, vejam que coisa interessante, quem passa por aqui não vê nenhuma palavra de ordem, nenhuma proposta no sentido forte do termo, “nós queremos isso, isso e isso!”. Em princípio isso pode parecer um problema, mas eu diria que não, isso é uma grande virtude, porque, se vocês me permitirem, gostaria de fazer um pequeno parênteses na história da filosofia, lembrando de uma resposta de um grande filósofo do século XX, politicamente equivocado, mas que nem por isso deixou de ser um grande filósofo, Martin Heiddeger em um pequeno texto chamado “Cartas ao Humanismo”. Em um dado momento, um sujeito perguntava a Heiddeger, “Afinal de contas, como o senhor entende a relação entre teoria e práxis?”. Ele responde o seguinte, “Eu nunca entendi a dicotomia, a diferença entre teoria e práxis. Porque o pensamento quando pensa de verdade, ele age. Na verdade, a ação mais forte é ação do pensamento, porque o pensamento quando pensa de verdade” – e vejam, pensar de verdade significa pensar na sua radicalidade, pesar na sua força crítica, utilizar a força crítica e a força radical do pensamento – “quando ele pensa de verdade, ele questiona os problemas, os pressupostos, as respostas.” A história é muito interessante, porque a resposta é uma resposta muito inteligente, a resposta era: a verdadeira ação é feita pelo pensamento, não é verdade essa ideia de que muitas vezes nós pensamos porque não queremos agir, na verdade, muitas vezes nós agimos porque não queremos pensar. Muitas vezes nós procuramos um tipo de ação imediata, rápida, por que não queremos nos confrontar com o verdadeiro trabalho. (…) que é o problema, construir o que é a solução, construir o espaço que nós temos pra conseguir pensar hipóteses e pensar aquilo que pode ser mudado e o que não pode ser mudado. Ou seja, colocar a força crítica do pensamento em ação, quando a força crítica do pensamento começa a agir, então todas as respostas começam a ser possíveis, alternativas novas começam a aparecer na mesa, possibilidades começam a ser repensadas. Isso significa a verdadeira discussão de manifestações como essa, só manifestações como essas são capazes de fazer (…)
Nesses momentos, é como se o espectro das possibilidades aumentassem. Aumentam por quê? Porque vocês estão dispostos a pensar, estão dispostos a recolocar novos esquemas de pensamento em circulação e essa é a questão fundamental. Nesse sentido, quando isso ocorre, novas ações e novas propostas sempre aparecem. Para que novas propostas apareçam, é necessário que saibamos, afinal de contas, quais são os verdadeiros problemas, quais são os problemas reais e concretos, por qual sentimento de desconforto, de insatisfação e de angústia em relação ao presente, vocês estão descobrindo que o mundo inteiro tem. Mesmo nessas sociedades aparentemente tribais que todo mundo gostava de desqualificar como sociedades árabes, estamos descobrindo uma coisa que nos une a eles. Nós também somos insatisfeitos, descontentes, não queremos reproduzir o presente tal como ele aparece agora, também temos a angústia da necessidade de mudança, de ruptura, isso nos faz a mesma ideia, isso nos faz presentes diante e dentro da mesma ideia. Isso que vocês têm (e devem saber guardar por toda vida porque esse é o motor da crítica) é o profundo sentimento de mal estar e de desconforto que todos vocês sentem e é por isso que estão aqui. É o sentimento mais verdadeiro que vocês tem, e o sentimento mais capaz de colocar vocês em ação. No entanto, vivemos numa sociedade onde o desconforto e o mal estar são vistos imediatamente como índice, como sintoma de uma doença, doença que deve ser tratada o mais rápido possível nem que precisemos dopar todos vocês com antidepressivos ou qualquer coisa dessa natureza. No entanto, é isso que vocês têm de mais concreto, de mais real, pois esse é o índice de que há algo errado. Não com vocês enquanto indíviduo, não com o corpo de vocês, há algo errado com a vida social da qual vocês fazem parte e esse problema da vida social da qual vocês fazem parte se manifesta dessa forma, em cada uma das individualidades que compõe cada uma dessas pessoas que estão aqui. Nesse sentido, é muito importante vocês serem capazes de se mobilizar pra dizer que esse desconforto que eu sinto não é um problema meu, é um problema da sociedade, problema da vida social, essa maneira como a impossibilidade estrutural da vida social constituir uma vida bem sucedida se coloca para cada um de vocês.
Terminaria lembrando o seguinte: hoje, nem acredito, estou chegando aos 40 anos. Lembro que na idade de vocês, 18, 19, 20 anos, nós ouvíamos a seguinte questão: não há mais luta a ser feita, o mundo está globalizado, agora o que vale é a eficácia, o que vale é a capacidade que você tem de que essa forma da proximidade, assumir risco, de ser criativo, de assumir a inovação, de preferência em uma agência de publicidade ou departamento de marketing de uma grande empresa. Mas essa capacidade que vocês têm – o que eu ouvia há 20 anos atrás – levaria vocês a um futuro radiante onde só há vencedores, onde os perderdores ficam pra trás, porque os perdedores têm também um problema moral que não têm a coragem de assumir o risco, ou teriam a coragem de assumir a necessidade de inovação e blá blá… Todos esses caras, foram exatamente esses caras que quebraram o mundo, esses que tinham 20 e agora 40 e que foram todos trabalhar no sistema financeiro e conseguiram arrebentar completamente com uma crise maior que a de 1929, da qual ninguém sabe sair. Mas por que, não era só o problema (…) simplesmente na seguinte questão, eram pessoaas que não acreditavam que o futuro podia ser diferente do presente, que em hipótese alguma acreditavam na capacidade de transformação da participação popular, acreditavam que isso era ideologia velha, envelhecida, no limite do rídiculo. Como assim, participação popular? Isso não existe mais! Manifestações, isso não existe!. Vocês não existiriam aqui, não teriam nenhuma razão de estar aqui presente. Porque a história já tinha acabado, não tinha muto mais o que fazer, então é muito engraçado que essas pessoas que vêem essas manifestações como a que vocês estão organizando perguntem “Afinal de contas, o que eles querem?” E quando vocês falam o que vocês querem eles dizem “Vocês estão loucos! O que é isso!”. Isso me lembra uma amiga psicanalista, que atende em seu consultório mulheres que eram massacradas pelos maridos. Quando elas ficavam insatisfeitas, os maridos perguntavam “O que você quer?” e elas não sabiam e quando falavam o que queriam os maridos chegavam e arrebentavam e é isso que está acontecendo agora. Trata-se de desqualificar, não a pretensa incapacidade de manifestações como essa de conseguir colocar pautas em ação, mas trata de desqualificar o tempo que essas manifestações exigem para que o pensamento possa começar a operar da maneira como ele é realmente capaz de fazer. Porque, percebam bem, se pensarem muito bem, as manifestações que ocorreram esse ano trouxeram pautas extremamente precisas. Vejam, Santiago do Chile parou 400 mil pessoas na rua para pedir educação pública de qualidade, para todos e gratuita – porque só o Chile tem essa capacidade de conseguir ter educação pública que não é gratuita. Então vejam, o que é interessante numa proposta como essa, proposta que parece ser muito regional: um problema da educação pública, mas que no fundo modifica radicalmente a estrutura econômica do país, porque para garantir a educação pública o Estado tem que ter mais dinheiro. E como o Estado faz isso? Taxando mais, tem de cobrar mais impostos. De quem? De vocês que não têm mais dinheiro ou dos ricos que não pagam impostos em lugar nenhum da America Latina? Ou seja, você paga 27%, eu 27% e o banqueiro 27% do imposto de renda. Não existe nenhum lugar no mundo onde isso aconteça. Ou seja, significa uma radical redistribuição de renda através do uso democrático do Estado como aparelho de constituição de uso conjunto de serviços públicos que consigam melhorar a vida do cidadão. Ou seja, uma proposta extremamente precisa.
Vejam, por exemplo, as propostas dos indignados na Espanha: “Nossa democacia parlamentar faliu junto com o sistema econômico que ela sustentava”. Por que a crise econômica ficou desse tamanho? Que maldito sistema político é esse que permite uma crise desse tamanho? Que não consegue enquadrar a ala mais terrorista do sistema financeiro? A ala mais canalha do sistema financeiro continua tendo lucros exorbitantes! Façam esse exercício, vá na internet e peguem os balanços dos bancos que estavam quebrados há três anos atrás. Hoje, todos estão extremamente superavitários. De onde vem esse dinheiro? Vem do Estado que pagou! Que tipo de sistema político é esse que é incapaz de colocar contra a parede quem destrói a vida, a propriedade, que destrói toda a inflação? Fala-se em defesa da propriedade privada, esse bancos conseguiram destruir toda a propriedade privada de um número maior do que Lenin tinha tentado fazer em 1917. Alguem devia ter colocado esse pesosal para trabalhar pra gente!
Vejam bem, as pautas são extremamente precisas e conscientes, de uma clareza e visão cirúrgica. Então é mais uma demonstração de quando o pensamento começa a agir, as pautas reais aparecem. É isso que deve acontecer, o que deve acontecer, entre nós no Brasil, nossa situação vai ser uma repetição de um processo que vai acertando a nossas costas, um tempo novo que está se abrindo. Daqui a 5 anos vão se perguntar “Como que nós acreditávamos durante tanto tempo que nenhum acontecimento real pudesse acontecer?”. Daqui a 5 anos, o nível de descontamento vai ser tamanho, a insatisfação vai ser tamanha, que vão se perguntar como que se acreditou durante tanto tempo que a roda da história estava parada, que não havia muito mais a se esperar, a não ser uma espécie de erro geral da nação a partir dos princípios postos pelo liberalismos econômico. Vocês são o primeiro passo de um grande movimento, uma grande corrida que só começou agora. Aqui tem 100 pessoas, daqui a 3 ou 4 anos isso aqui vai estar com 3 mil, 5 mil pessoas falando a mesma coisa. Esses processos são lentos, tudo por uma razão, como diz Freud, “a razão pode falar baixo, mas não se cala”. Processos como esses são lentos, eles nunca param. Agora vocês perceberam uma coisa fundamental: não dá mais pra confiar em partidos, sindicatos, estruturas governamentais que podem ter suas funções em certos momentos, mas não têm nenhuma capacidade de ressoar as verdadeiras necessidades de rupturas, perderam completamente a capacidade de fazer ressoar as verdadeiras necessidades de ruptura. Veja por exemplo o caso da Grécia, qual partido governa a Grécia? Partido Social Democrata, em princípio de esquerda. Qual partido governa a Espanha? Um Partido Social Democrata, dito de esquerda. Com uma esquerda desse tipo, nínguem precisa de direita. Tá ótimo, porque todo mundo joga no mesmo time. A única diferença é que um faz com dor no coração – “olha vou ter que arrebentar seu salário, não gostaria disso!” – enquanto o outro faz cantando “você era um funcionário público inútil” – e por aí vai. Fora isso, a diferença é mínima, é retórica, isso significa simplesmente o quê? A época onde nos mobilizávamos tendo em vista a estrutura partidária acabou, acabou radicalmente. Pode ser que a gente ainda não saiba o que vai aparecer, a gente sabe o que não vai acontecer, a gente pode não saber exatamente como as coisas vão se dar daqui pra frente, como vai se dar esse tipo de organização mais flexível, mais aberta, democrática, e também muito mais difícil de ser gerida. A gente não sabe o que vai acontecer daqui pra frente, a gente sabe onde o aconteimento não ocorre. Com certeza não ocorre nas dinâmicas partidárias. Você tem uma força de pressão enquanto está fora do jogo, porque quando entra, ela diminui. Então, conservem este espaço!

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Vladimir Safatle é professor livre-docente do Departamento de Filosofia da USP, bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), professor visitante das Universidades de Paris VII e Paris VIII, professor-bolsista no programa Erasmus Mundus. Escreveu A paixão do negativo: Lacan e a dialética (São Paulo, Edunesp, 2006), Lacan (São Paulo, Publifolha, 2007), Cinismo e falência da critica (São Paulo, Boitempo, 2008) e co-organizou com Edson Teles a coletânea de artigos O que resta da ditadura: a exceção brasileira (Boitempo, 2010), entre outros.
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Os livros de Vladimir Safatle publicados pela Boitempo Editorial já estão disponíveis para venda em versão eletrônica (ebook):
O que resta da ditadura: a exceção brasileira, organizado por Edson Teles e Vladimir Safatle * PDF (Livraria Cultura | Gato Sabido)
Bem-vindo ao deserto do Real!, de Slavoj Žižek (posfácio de Vladimir Safatle) * ePub (Livraria Cultura | Gato Sabido)

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