sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Taz - Zona Autônoma Temporaria e outros manifestos... Conrad Editora

TAZ: Zona Autônoma Temporária
Hakim Bey

A coleção Baderna se inicia com TAZ, um dos mais polêmicos livros do mundo contemporâneo. Seu autor, Hakim Bey, nunca foi fotografado, recusou-se a ser entrevistado pela Time, e quando mais jornalistas começaram a caçá-lo, desapareceu.

Apesar de seu anti-marketing, TAZ tornou-se um best seller. A partir de seu lançamento, no final dos anos 80, foi reproduzido infinitamente na Internet (com a bênção do autor, que é contra direitos autorais) e ganhou edições em dezenas de países. Surgiu até uma versão em disco, em uma parceria de Hakim Bey com o músico Bill Laswell (e não é o único disco de Bey: ele também gravou com William Burroughs e Iggy Pop).
É tamanha a “popularidade” que até um livro apócrifo de Bey foi lançado na Itália, no que ao final se revelou mais uma das ações de contra-informação de Luther Blissett (outro dos autores da coleção Baderna).

Os conceitos lançados por Bey tornam-se cada vez mais difundidos no universo do ativismo radical de esquerda. Principalmente o conceito de Zona Autônoma Temporária, mais conhecida pela sigla TAZ (de Temporary Autonomous Zone). A idéia de combater o Poder criando espaços (virtuais ou não) de liberdade que surjam e desapareçam o tempo todo.

Usando de sua inusitada erudição, Hakim Bey cruza as referências mais inesperadas: da filosofia sufi aos situacionistas franceses, de Nietzsche aos dadaístas. E vai buscar precedentes para a TAZ entre os piratas dos séculos XVI e XVII, nos quilombos negros da América e nas efêmeras repúblicas libertárias do início do século XX.

O conceito de TAZ foi imediatamente adotado por ativistas das mais diversas tendências e das mais diversas áreas. Inspirou, por exemplo, muitas das táticas de rua dos manifestantes já nos famosos acontecimentos de Seattle. Mais de uma autoridade policial constatou aterrorizada que era muito difícil acompanhar a estratégia dos manifestantes de formar grupos aleatoriamente, atacar e depois desmanchar aquelas formações para formar outros grupos, com novos objetivos.
A TAZ também foi adotada com entusiasmo por hackers mais politizados em seus combates virtuais contra as autoridades. E também foi adotada, em uma maneira menos virtual, nas raves inglesas, quando o governo inglês criou uma lei que reprime as festas ao ar livre não chanceladas.

Ao mesmo tempo que esses manifestos e ensaios de Hakim Bey passaram a receber a atenção de ativistas e das autoridades (algumas teorias conspiratórias, talvez não tão delirantes, dizem que um departamento do FBI teria sido criado para descobrir sua identidade e acompanhar seus passos), passaram também a receber elogios entusiasmados por sua qualidade literária. E foram elogios vindos de escritores de respeito como Allen Ginsberg, William Burroughs e Robert Anton Wilson.

Seja por sua importância histórica, seja por sua qualidade como literatura, TAZ é uma leitura obrigatória para entender o mundo atual.

O AUTOR
Não há fotos de Hakim Bey. Milhares de histórias a respeito de quem seria ele correm soltas pela Internet. A história mais freqüente diz que Hakim Bey teria sido um poeta em algum lugar do norte da Índia, que por questões políticas teria sido obrigado a fugir para a Inglaterra e depois, por causa do envolvimento em uma ação terrorista, teria fugido para Nova York. Outros dizem que ele seria a ovelha negra de uma família de milionários. A informação mais segura diz que ele seria um americano que viveu muito tempo no Irã, mas fazendo o quê é um mistério.




PROVOS - Amsterdam e o nascimento da contracultura
Matteo Guarnaccia

PROVOS é a forma reduzida de "provocadores", um dos grupos-chave no surgimento daquilo que nos anos 60 acabou tomando o nome de Contracultura.

"A revolta Provo foi o primeiro episódio em que os jovens, como grupo social independente, tentaram influenciar o território da política, fazendo-o de modo absolutamente original", conta Matteo Guarnaccia. "Caminhando contra a corrente do `cair fora` beatinik, os Provos holandeses empenharam-se descaradamente em permanecer `dentro da sociedade`, para provocar nela curto-circuito."

Herdeiros do dadaísmo e da tradição anarco-comunista, os provos inauguraram novos formatos de ação política e da luta ecológica. Deram nova dimensão à idéia de desobediência civil.

O autor, Matteo Guarnaccia, conta aqui a história do grupo que inspirou toda a chamada contracultura dos anos 60 e transformou Amsterdam na cidade mais livre e tolerante do Ocidente.

Jogo, magia, e anarquia, nisso foi centrada a atividade do movimento Provo. Um grupo de divertidos agitadores que se reuniram no "Centro Mágico" de Amsterdam para celebrar ritos coletivos contra o fetiche da sociedade consumista. Ali surgiram as primeiras campanhas antipublicidade e anti automóvel. Ali surgiu aquilo que passamos a chamar de Contracultura e se desenvolveu a idéia de que a subversão funciaonava melhor quando misturada com humor inesperado.

O exemplo dos Provos antecipou e inspirou os diversos movimentos de contestação jovem nos anos 60, inclusive a esquerda hippie norte-americana e os manifestantes do maio de 68 francês.

Matteo Guarnaccia nasceu em Milão em 1954 e é um dos principais representantes da psicodelia européia, seja com seu trabalho como ensaísta e escritor, seja com seu trabalho como artista



MANIFESTO CONTRA O TRABALHO
Grupo Krisis

Há séculos está sendo pregado que o deus-trabalho precisaria ser adorado porque as necessidades não poderiam ser satisfeitas sozinhas, isto é, sem o suor da contribuição humana. E o fim de todo este empreendimento de trabalho seria a satisfação de necessidades. Se isto fosse verdade, a crítica ao trabalho teria tanto sentido quanto a crítica da lei da gravidade. Pois, como uma "lei natural" efetivamente real pode entrar em crise ou desaparecer? Os oradores do campo de trabalho social - da socialite engolidora de caviar, neoliberal e maníaca por eficiência até o sindicalista barriga-de-chope - ficam em maus lençóis com a sua pseudo-natureza do trabalho. Afinal, como eles querem nos explicar que hoje três quartos da humanidade estejam afundando no estado de calamidade e miséria somente porque o sistema social de trabalho não precisa mais de seu trabalho?"

Num mundo ainda atordoado pela queda do Muro de Berlim, no momento em que todas as mídias decretavam com seus "sábios" de momento o "fim das ideologias", uma "nova ordem" ou "a vitória do capitalismo", um grupo levantou sua voz. Uma crítica na contracorrente, o Grupo Krisis apresenta seu manifesto de resgate da radicalidade. Hoje, após o fracasso dos planos de ajuste neoliberais no mundo, com multidões da Argentina à Venezuela se levantando para dizer não a esses sistemas econômicos. Numa situação marcada ainda pelo fatos do 11 de setembro e pela continuidade da guerra de longa duração iniciada no Afeganistão. E que agora pelo interesse das multinacionais do petróleo e das bolsas de valores que querem as riquezas do Iraque e os preparativos para uma nova guerra. E contra ela milhões se levantam em todos os continentes.
Ao resgatar a mais viva e profunda contraposição ao culto do "deus-trabalho" o Manifesto Contra o Trabalho leva ao debate e à prática a tradição crítica e emancipatória daqueles que gerações antes se dispunham a "assaltar os ceús".

Dando o ponta-pé inicial da difusão mais séria do pensamento frente a sociedade do trabalho e sua crise. Indo além da vulgar contraposição aos capitalistas, o Manifesto Contra o Trabalho ataca todos os representantes do culto ao trabalho, do sindicalista ao patrão. Não ficando preso aos limites da "fraseologia" vazia da esquerda tradicional, nem das amarras e dos muros da academia, o Manifesto aponta um caminho: o fim do trabalho.

GRUPO KRISIS
Tendo como principal expoente o sociólogo alemão Robert Kurz, o grupo Krisis é, em primeiro lugar, uma revista teórica que reúne contribuições para a crítica à sociedade da mercadoria. Mas é, na realidade, mais do que isso, a saber, um ponto de encontro pouco organizado para a discussão entre pessoas, grupos e movimentos que não aceitam a alegada falta de alternativa ao sistema mundial capitalista.]

A Krisis existe desde 1986 e compreende-se como um fórum teórico para a reformulação da crítica social radical. O fracasso do marxismo tradicional não é para o Krisis, de maneira nenhuma, uma razão para nos tornarmos "realistas" relativamente à economia de mercado. Pelo contrário, remete-nos à necessidade de ultrapassar os seus limites e constrangimentos teóricos e práticos.

A Krisis quer contribuir para a formação de um discurso amplo e aberto de crítica ao capitalismo, que crie uma ligação entre diferentes propostas, iniciativas e atividades oposicionistas radicais atravessando todas as fronteiras nacionais. Esta é uma condição fundamental para a possível formação de um novo movimento social de cooperação - e não hierarquizado - contra a atual situação. Com este objetivo, são organizados seminários públicos e sessões de debate e intervenções de diversas formas como publicistas na discussão aberta (com a própria Krisis, com artigos em jornais e revistas, com a publicação de livros, etc.).

O grupo Krisis não é de modo algum uma organização semelhante a um partido que pretende "angariar seguidores". Ele vive de atividades autônomas dos grupos e pessoas interessadas, seja com a promoção de debates e seminários, a intervenção em discussões públicas, a produção de textos ou a sua difusão e outras semelhantes.

SITE
http://www.baderna.org



A ARTE DE VIVER PARA AS NOVAS GERAÇÕES
Raoul Vaneigem

"Aqueles que falam de revolução e luta de classes sem se referir explicitamente à vida cotidiana, sem compreender o que há de subversivo no amor e de positivo na recusa das coações, esses têm na boca um cadáver."


A Arte de Viver para As Novas Gerações é mais do que um mero manifesto. É uma brilhante e devastadora análise daquilo que se convencionou chamar "nossa civilização". Em cada página a mais radical crítica à sociedade. Nada nem ninguém é poupado na primorosa narrativa do autor.

É considerado o segundo principal livro dos situacionistas (mais informações no livro Situacionista - Teoria e Prática da Revolução, publicado também na Coleção Baderna). Os escritos de Vaneigem serviram de inspiração para as palavras de ordem que infestaram os muros parisienses em 1968. Sua base é o cotidiano e todas as expressões sociais e políticas nele inscritas. Um chamado à prática revolucionária no cotidiano. Um texto militante da causa da emancipação total.

Para Raoul Vaneigem, "se o antigo grito `Morte aos exploradores` não ecoa mais nas ruas, é porque ele deu lugar a outrogrito, vindo da infância, proveniente de uma paixão mais serena e não menos tenaz: `A vida antes de todas as coisas!`"

Um tratado atual da radicalidade contemporânea, A Arte de Viver para As Novas Gerações é o extremo da densidade teórica daqueles que "sendo realistas, exigiam o impossível". Hoje seus textos ganham nova dimensão, ressurgindo com os confrontos anticapitalistas em todo o mundo.

O AUTOR
Raoul Vaneigem nasceu na Bélgica e, desde sua juventude, vive na França. Junto com Guy Debord, é considerado o principal teórico dos situacionistas. Foi editor da revista Internacionale Situacioniste.

WEBSITES
Dossiê de artigos situacinistas:
http://www.geocities.com/autonomiabvr/situacio.html

Biblioteca de artigos da Internacional Situacionista em lingua portuguesa:
http://www.geocities.com/debordiana/portugues.htm

Arquivo situacionista internacional:
http://www.nothingness.org/SI/vaneigem.html



ESTAMOS VENCENDO! Resistência Global no Brasil

Num mundo onde o marketing e o consumo estão em todas as partes. A revolta e a subversão cada vez mais parecem peças publicitárias.

O protesto hoje tem seu lado estético e bem-humorado. Se fotógrafos como Sebastião Salgado conseguem ver a beleza no meio das situações mais difíceis, "Estamos Vencendo!" é um verdadeiro álbum de luxo que capta toda força das manifestações populares no Brasil. O livro é um documento histórico, porém, mais do que isso, é um álbum de arte.

O livro

Em 1999, dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas de Seattle com ações cinematógraficas que bloquearam todos os acessos ao centro e impediram a realização da ambiciosa rodada do milênio da Organização Mundial do Comércio. Em meio aos protestos, os muros apareceram grafitados: "Estamos vencendo!"

"Estamos Vencendo! Resistência Global no Brasil" é um livro que documenta e reflete sobre o movimento antiglobalização no Brasil. Numa época em que ainda se falava do "fim da história" e os esquerdistas eram chamados de "dinossauros", uma série de manifestações articuladas em todos os cantos do mundo colocou em xeque o consenso neoliberal e virou uma página da história. "Se o século XX terminou com a queda do muro de Berlim", escreveu o sociólogo Edgar Morin, "o século XXI começou com Seattle".

Tendo em vista as recentes manifestações apartidárias estudantis em Fortaleza, Salvador e Florianópolis, muitos especialistas falam de um renascer da juventude contestatória e esse livro é fundamental para entender o período. Estamos Vencendo! - Resistência Global no Brasil apresenta uma cronologia desses eventos além de ser uma preciosa coletânea de documentos originais como registro deste movimento marcado pela irreverência.

As fotos destacam três dimensões constitutivas desse novo movimento: a ação direta das ruas, a criatividade auto-expressiva das manifestações e a constituição de um novo tipo de coletividade onde a massa homogênea é substituída pela diversidade individualizada da multidão.

Os autores

Pablo Ortellado é ativista do Centro de Mídia Independente e doutor em filosofia pela USP, seu texto reflete suas motivações e sublinha os seus impasses.

André Ryoki é fotógrafo e historiador pela USP, suas fotos propõem uma narrativa que tenta entender essa explosão de ativismo que se espalhou por todo o mundo.

O que estão falando sobre o livro:

"Brutalmente autocrítico e maravilhosamente comemorativo, Estamos Vencendo conta a história de um movimento muito grande e diversificado para caber em qualquer livro. As questões nele apresentadas certamente vão saltar das páginas para as ruas, inflamando debates que irão refinar nossas táticas, aprimorar nossos argumentos e fortalecer nossa resistência. Um presente para todos os ativistas."
Naomi Klein, autora de Sem Logo (Record, 2001)

"A crença, amplamente proclamada, pelos atos-manifestos reportados neste livro pioneiro, de que existe vida depois do capitalismo ainda é uma idéia nova e escandalosa na esquerda brasileira."
Paulo Eduardo Arantes (Filósofo, autor do livro Zero À Esquerda - Conrad, 2004)

Este livro não captura somente uma parte de uma história importante. Ele busca dar uma contribuição para a próxima fase, e também para a fase que virá depois dela.
Michael Albert, autor de Parecon: Life after Capitalism (Verso Books, 2003, UK).




GUERRILHA PSÍQUICA
Luther Blisset

Qualquer um poder ser Luther Blissett, basta adotar o nome Luter Blisset. Seja você também Luther Blissett!" Este convite absurdo lançado em meados dos anos 90, na Itália, transformou-se em uma das idéias mais transgressoras da atualidade.

Uma espécie de clonagem suberversiva tomou forma. se todoa podem ser Luther Blissett, podem ser em qualquer lugar. Então começaram a acontecer aparições simultâneas de Blissett em diversos contos da Itália, e da Alemenha, Espanha, EUA, Inglaterra, Potugal, Brasil, etc. Alguns foram presos faztrndo festa em ônibus(e na frente do juiiz todos confirmaram: "eu sou Luther Blisset"). Outros tem se dedicado a humilhar a mídia com notícias falsas (um jornalista reclamou resignado depois de tantos golpes: "até este texto que você está lendo, caro leitor, pode não ser meu: pode ser Blissett usando meu nome"). Outros, ou os mesmos, lançaram Q, um best seller de tamanho sucesso na Europa que correu um boato que aquele Luther Blissett fosse o próprio Umberto Eco. Um Blisset no Brasil criou uma maneira de potencializar o uso suversivo dos arquivos sonoro na internet.

"A idéia é criar uma 'situação aberta' na qual ninguém em particular é responsável" diz Stewart Home, autor do livro Assalto à Cultura. "Alguns proponentes também defendem que isto é uma maneira de analisar prticamente, e botar abaixo, as noções ocidentais de identidade, individualidade, valor e verdade."

Se todos podem ser Luther Blisset, todos podem fazer qualquer coisa. o que Luther Blisset quer é promover a sabotagem cultural e a guerrilha tecnológica contra a cultura dominate. Revelar so mecanismos da indústria cultural, cobrir de ridículo as instituições. Blisset trabalha há anos para colocar em crise cada preconceito e cada lugar comum sobre a mídia, o ativismo, a identidae,os direitos autorais,o trabalho intelectual, a figura do autor,e para conquistar espaços culturais para uma nova cráitica prática ao capitalismo, análoga àquela que encontrou um primeiro momento de síntese na batalha de Seattle de 30 de novembro de 1999.

Exatamente desta sintonia com o espírito dos tempos deriva a "felicidade" do Luther Blissett Project, máquina de guerra psíquica cujo aperfeiçoamento o leitor pode acompanhar nos textos da antologia ( fluorescente, elétrica digressiva, rítmica e circular) que é aqui apresentada.

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