terça-feira, 8 de junho de 2010

A Arte do Consenso: Uma proposta para decisões comunitárias - Beatrice Briggs

1. O que é o Consenso?
2. Etapas do processo de tomada de decisões
3. Funções no processo do Consenso
4. Procedimentos para chegar ao Consenso
5. Acordos básicos no processo de Consenso

1. O que é o Consenso?
O Consenso é um processo para tomar decisões que buscam resolver os conflitos de forma pacífica e para desenvolver decisões que todos possam apoiar de maneira conciliadora. Para o Consenso funcionar é necessário reunir cinco elementos básicos: uma intenção comúm, estar dispostos a compartilhar o poder, o compromisso consciente e informado com o processo de Consenso, agendas sólidas, uma facilitação efetiva.

Crença básica: cada pessoa tem uma parte importante da verdade.
Valores: respeito, confiança, cooperação, não-violencia, boa vontade, veracidade, diversidade, inclusividade, responsabilidade compartilhada pelas ações do grupo.

Capacidades: paciência, a capacidade de escutar e falar de maneira disciplinada, participação ativa, creatividade, desejo de experimentar, resolusão de problemas.

2. Etapas do processo de tomada de decisões:
Introdução >>>>Discussão >>>>Tomada de decisão

3. Funções no processo de Consenso

Funções essênciais:
Facilitador - Guardião das memórias - Guardião do tempo - Planejador da agenda - Patrocinadores de pontos da agenda
Funções optativas:
Escrivão - Guardião da entrada - Equipe para instalar e limpar - Sensor de vibras do processo - Tradutor

Facilitador:
- Reflexiona sobre as necessidades do grupo como um todo
Antes da reunião participa na recopilação de informações e na preparação da agenda
- Prepara o lugar da reunião, traz todo o equipamento necessários (canetas, papel. etc)
- Solicita voluntários para as demais funções que se necessite cobrir
- Cria um ambiente de confiança e segurança
- Procura que todos os membros do grupo participem igualmente
- Assegura que se respeite a agenda concordada
- Mantém a concentração do grupo e a energia enfocada no que se estou fazendo
- Expõe o conflito quando surge e sugere processos para resolvé-lo
Vem recompilando os acordos e verificando se há consenso
- Encerra a reunião
- Dirige as atividades de continuidade pertinentes
- Um bom facilitador pode economizar até 50% de tempo do grupo. Um mal facilitador pode custar a mesma porcentagem de seu tempo.

Guardião das Memórias:
- Anota todas as decisões com as mesmas palavras com as que se acordaram, anotando as pessoas que se apartaram junto com a intenção detrás de sua desição (em três orações ou menos), além de um resumo da discussão (só as idéias chave sem incluir os nomes das pessoas que as tenham expressado)
- Leva as memórias do grupo num caderno
- O facilitador deve apoiar ao guardião das memórias, certificando-se de que está anotando todo com precisão
- É difícil encontrar bons guardiões da memória. Tem que cuidá-los!!
- Rotacionar esta função entre os homens e as mulheres do grupo

Guardião do Tempo:
- Não perde de vista os limites de tempo que o grupo se tenha imposto
- Adverte à pessoa que tem a palavra que estão ao ponto de concluir seu tempo e anúncia quando se acaba o tempo
- É frustrante para o guardião do tempo quando reiteradamente ignoram-se os limites de tempo.
- Planejador da Agenda:
Não perde de vista os pontos a serem discutidos em reuniões futuras assim como as decisões condicionadas ou com limite de tempo
- Participa no planejamento da agenda para a seguinte reunião.

Patrocinador:
- Asume a responsabilidade de apresentar os pontos da agenda ao grupo
- Consegue informacão, prepara presupostos, anuncios, quadros, etc. antes da reunião

4. Procedimentos para chegar ao consenso
Nunca se vota no processo de consenso. Antes de chegar a tomar uma decisão, se introduzem as idéias ou propostas, se discute e, sendo necessário, se modifica. Não se pode introduzir, discutir e tomar uma decisão com respeto a uma questão importante numa só reunião. Se não se chega a consenso, não se pode passar à ação. A intenção é resolver qualquer pre ocupação ou conflito em torno a uma proposta de maneira pacífica para que assim todos possam dar seu apoio a uma decisão. Ao tomar uma decisão os participantes de um grupo de consenso tem três opções:

Bloquear. Esta medida evita que se siga avanzando com a tomada de decisões, por lo menos por un tempo. Bloquear uma decisão é algo sério que não se deve fazer quando realmente se acredita que la aceitação da proposta pendente implicaria uma violação dos valores, a ética ou segurança do grupo como um todo. Se deve usar o direito de bloquear uma decisão com extremo cuidado, é provável que ao longo da vida de um grupo aconteçam não mais de três ou quatro bloqueios. Quando alguém descobre que frequentemente deseja bloquear uma decisão é muito provável que esteja no grupo equivocado.

Apartar-se. Alguém se aparta quando pessoalmente não pode apoiar uma proposta mas sente que seria bom que o resto do grupo a adotasse. Apartarse é uma postura de não partecipação por princípio que absolve o individuo de qualquer responsabilidade na implementação da decisão em questão. Deve-se anotar os nomes das pessoas que se apartam nas memórias da reunião. Se há várias pessoas que decidem apartar-se de uma decisão, então não se pode considerar de ter chegado ao consenso.

Dar consentimento. Quando todos os membros do grupo (exceto aqueles que tenham decidido apartar-se) dizem "sim" a uma proposta, se considera ter alcançado o consenso. Dar o consentimento a uma proposta não implica necessariamente que esteja de acordo em cada aspeto da proposta, mas implica que, apesar dos desacordos, se está disposto a apoiar a decisão e permanecer solidário com o grupo. Só se podem mudar as decisões alcançadas por consenso através de outro consenso. Os grupos que tomam decisões desta maneira terão a incomparável capacidade de ser agentes efetivos de transformação social.

5. Acordos básicos no processo de consenso:
- Iniciar e terminar a reunião a tempo
- Usar um facilitador
- Contar com uma agenda pre-estabelecida e manter fidelidade a ela
- Todos participam
- Só fala uma pessoa de cada vez
- Não pode interromper
- Cada qual fala à titulo pessoal
- Escutar com respeito
- Não vale atacar verbalmente nem culpar
- Buscar a solução
- Confidencialidade (quando corresponda)
- Silêncio = consentimiento (Se não fala significa que está de acordo)

A informação contida nesta página foi tomada do Manual de Toma de Decisiones por Consenso, escrito por Beatrice Briggs.
E-Mail: beabriggs@aol.com

Traduzido em Abra144

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