domingo, 20 de junho de 2010

Manifesto da Planetarização - J. E. Romão - Moacir Gadotti - Peter Lownds

INSTITUTO PAULO FREIRE
SEMINÁRIO BINACIONAL LUSO-BRASILEIRO
GLOBALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO


26 e 27 de maio de 2005

São Paulo

Considerando que, longe de se limitar a registra-la, a linguagem desempenha um
papel ativo na produção da realidade, modelando a percepção que uma sociedade tem de
si mesma e dos grupos e pessoas que a compõem;
considerando que a ambigüidade terminológica leva, na maioria das vezes, à confusão
conceitual e ideológica;
considerando que as elites e grupos hegemônicos, em todas as épocas da História da
Humanidade, valeram-se e valem-se dessa ambigüidade e dessa confusão para
plasmarem homogeneidades que eclipsam identidades epistemológicas e políticas;
considerando que as homogeneidades culturais e políticas têm por objetivo anular as
auto-afirmações e os protagonismos dos “outros”, transformando-os, por meio do
tráfico ideológico e do parasitismo, em hospedeiros conformados de suas idéias,
projeções, aspirações e valores que esclerosam a História e a Utopia;
considerando que “Globalização” é um termo ambíguo, cuja semântica é um
eufemismo se entrincheira por trás da acumulação capitalista, que deseja construir um
mundo com um único centro de decisão;
considerando que os reais fenômenos de mundialização, dentre outros fenômenos,
dos fluxos de capital, das comunicações e das novas tecnologias, acaba sendo
confundida com o “globalismo”, que é uma contrafação ideológica hegemônica desses
fenômenos, que tenta a legitimação de uma ordem mundial que pretende ter um
mandato monocultural, com um claro compromisso com a desigualdade, e
considerando, finalmente, que toda resistência à globalização que assuma
denominações tais como “globalização alternativa” e “globalização contrahegemônica”,
acabam se enfraquecendo enquanto contraposições ao “globalismo”,
Nós, os freirianos de todo o mundo, manifestamos:
nosso repúdio à Globalização, que é a expressão da hegemonia capitalista;
a afirmação de nosso incondicional compromisso com o processo de construção da
cidadania planetária;
nosso propósito de luta pela universalização da igualdade que não descaracterize os
diferentes e que respeite as diferenças que não causem sem causar desigualdades;
a assunção do conceito e do termo “Planetarização”, em lugar de “Globalização”, para
dele se distinguir explicitamente.
Comprometem-se, também, com a luta pelo processo de aceleração da transformação do
Planeta Terra de fenômeno astronômico para fenômeno histórico, isto é, para a criação
de um sujeito coletivo comum, voltado para um protagonismo que restaure o
humanismo nas sociedades e no processo civilizatório.
OBS: Para assinar o manifesto da planetarização, mande e-mail para
alencar@paulofreire.org , com as seguintes informações: a) nome completo; b)
cidade/país; c) instituição a que está vinculado (se houver).
Ex: João Pedro da Silva, São Paulo (Brasil), Instituto Paulo Freire.

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