O mais novo artigo de Hernani Dimantas traz a construção (ou reconstrução) do conceito de redes sociais, no qual a internet não está necessariamente ligada a computadores e sim às pessoas que o utilizam como ferramenta para a comunicação.
01. A potência
David Weinberger[1] entende a web como um mundo compartilhado, que estamos construindo juntos. Esse processo de construção seria caracterizado por uma ruptura dos contêineres do tempo e espaço, ou a ‘desconteinerização da metafísica padrão’. Neste sentido, a internet pode ser entendida como um novo lugar. Um ambiente diferente. Internet não é apenas uma nova mídia, um canal de comunicação. Um novo lugar é propício para as conversações e, como conseqüência, para uma sociedade colaborativa.
Internet não tem nada a ver com computadores. Tem a ver com pessoas. Pois, o recorte que queremos abordar está na compreensão do espaço virtual. Pierre Lévy[2] diz que "A virtualidade não tem absolutamente nada a ver com aquilo que a televisão mostra sobre ela. Não se trata de modo algum de um mundo falso ou imaginário. Ao contrário, a virtualização é a dinâmica mesma do mundo comum, é aquilo através do qual compartilhamos uma realidade". O virtual (de que as pessoas falam tanto sem saber o que realmente é, não é nada etéreo) não é um lugar que as pessoas se utitilizam para não-ser o que são: Nada disso, o virtual é parte do que chamamos de real. Faz oposição ao atual, ao presencial. É um espaço de significado simbólico. Um espaço informacional que representa uma nova geração de sistemas de comunicação.
Virtual é uma palavra mal compreendida. Virtual é tão real como o presencial. Virtual tem raiz no latin. Vir é igual a homem, força, virilidade, virtude. E, dessa forma, virtual é potência. Essa analogia permite pensar a rede como um espaço onde a potência é mais sugestiva e operativa do que o poder. Explica- se, assim, a característica rizomática do espaço informacional que opera novas formas de relação na sociedade; Conhecimento livre, copyleft, contracultura, anarquia, colaboração são as boas sequelas dessa equação. Os meios de translação, de comunicação, de interação, no sentido de que nos possibilitam o trânsito, o viver entre idéias, culturas, informação e conhecimento diversos.
Desde o século XIX, grande parte do esforço científico tem sido aplicada no desenvolvimento de meios de translação e comunicação, ou seja, em novas formas de conectar pessoas. Carros, aviões, rádio e televisão, de uma certa forma, encurtam a distância entre os seres humanos e, ao mesmo tempo, se constituem em poderosos instrumentos estratégicos pelos quais circulam idéias e modos de vida. A internet segue nesta mesma linha: serve para conectar pessoas, idéias, modos de vida e produção social. Weinberger denomina esse esforço como a era da conexão, embora outros termos pareçam descrever igualmente estes tempos marcados pela comunicação, informação, conexão.
Mas, em relação aos demais meios de comunicação e informação, a internet é mais abrangente. Ela não apenas aproxima as pessoas. Ela cria um novo lugar de convivência. A internet é um mundo diferente daquele no qual crescemos.
Tempo e espaço não têm o mesmo significado que aprendemos nas experiências comuns ou mesmo com os demais meios de comunicação. O meio físico caminha para a virtualidade. O paradoxo, assim, se transforma em paradigma.
Sem meios de acesso ficaremos marginais à sociedade virtual. Democracias interconectadas, para existir, precisam de acesso irrestrito para garantir-se enquanto tais. A tendência é de que haja convergência de tecnologias, no sentido de operar a passagem entre a tecnologia anterior para a digitalidade da rede. Telefones conversam com a rede, enviando e recebendo informações. Televisões devem fazer o mesmo. Os portáveis, incluindo celulares e PDAs, deverão estar conectados em rede, propiciando aos usuários uma conexão ao mundo virtual, onde possa ser possível aceder às informações e blogar suas análises, retroalimentando a rede.
Atualmente utilizamos uma tecnologia que remonta há mais de 30 anos. Por que propor avanços? Simples: avanços significam barateamento e massificação da tecnologia. Assim, a grande sacada está em dar vazão a essa conectividade. Buscar o potencial para incrementar o inter-relacionamento dos mercados, ou bazares, para usar o termo de Eric Raymond [3], enquanto mediações entre pessoas, produção, produtos e signos.
Por trás de cada computador há um ser humano buscando uma nova forma de aprender, produzir, se expressar, ensinar, aproveitar e prosperar. E humanos são também sonhos, sentimentos e contradições, não apenas razão, cérebro e máquina. Já disseram que dentro de nós há multidões. Também já disseram que somos símbolos ou signos. Hoje podemos dizer que somos links. Links que se conectam com outros links.
02. O impacto
A sociedade sempre funcionou em rede. Aliás, sociedade e rede são conceitos indissociáveis. Os seres humanos vêm se organizando em redes colaborativas desde o começo dos tempos. Há muito que tal tipo de organização permite que sejamos capazes de transformar o mundo ao nosso redor, criando conhecimento e cultura de maneira coletiva. Não há sociedade, se não houver redes: de amigos, famílias, primos e primas. Conectados por um algum fator que combina os anseios, interesses e desejos das pessoas. Redes não são novidades.
Diz Deleuze[4]: "A saber: aumentar sua potência é precisamente compor relações tais que a coisa e eu, que compomos relações, só somos duas sub-individualidades de um novo indivíduo formidável" A concepção de multidão deve ser compreendida não como simples reunião de muitas individualidades. A multidão é um monstro revolucionário das singularidades não representáveis; parte da idéia de que qualquer corpo já é uma multidão, e, por conseguinte, a expressão e a cooperação. A multidão é ela própria, uma individualidade, com sua própria potência, maior e diversa que a potência de cada corpo que entra em sua composição. Desta forma, podemos compreender a idéia de inteligência coletiva como proposto por Pierre Lévy.
Até Spinoza[5] , a filosofia caminhou essencialmente por seqüências. E, nessa via, as nuances que concernem à causalidade eram muito importantes. A causalidade original, a causa primeira, ela é emanante, imanente, criativa ou ainda alguma outra coisa?
Spinoza parte da idéia que estamos no mundo para compor. Logo, a idéia de corpo é a de corporificação ou uma relação de implicação. Corpo é estar em relação. Aliás, estamos todos condenados a estar em relação. Mas, o que pode o corpo?. Espinosa entende a essência como a força de existir. O apetite. Então, para ele é impossível o desejo de morrer. Esta é uma idéia inadequada. O que 'pode' está intimamente ligado, por um lado a idéias inadequadas. Mas, por outro, 'o que pode' significa potência. Qual é a potência das relações?
A era industrial, sob o domínio da comunicação de massas, deixou a rede escondida. Em segundo plano. Mas, a internet tem nos levado a reviver a idéia. O sistema torna-se mais abrangente. As redes de amigos cresceram. Hoje em dia, novas redes colaborativas, voltadas para a produção criativa, têm surgido com incrível velocidade, criando bens coletivos de valor inestimável.
A rede dos hackers, um dos exemplos mais evidentes, produz, todos os dias, inovações téecnológicas que prometem revolucionar a economia dominante do mercado de software. São os chamados softwares livres, que podem ser instalados gratuitamente no seu computador, permitindo a realização de uma gama enorme de atividades, desde a conexão com outros 'devices digitais' até editar e mixar uma música. Mas o mais importante é que esses softwares são bens criativos compartilhados em rede, que podem ser estudados e melhorados por todos.
A produção coletiva e descentralizada de bens criativos não se aplica somente ao software. Já começam a aparecer reflexos dessa nova forma de produção em diversas áreas do conhecimento. Um ótimo exemplo é a Wikipedia[6], uma enciclopédia construída coletivamente na web. O software livre é o caso mais conhecido e mais impactante de uma nova dinâmica que demonstra a produção de conhecimento livre como alternativa economicamente viável e sustentável.
A rede indica um futuro libertador. A web só faz sentido quando um se preocupa com o outro. Numa circulação generalizada e libertadora de fluxos de informações e das ondas econômicas. A web é um mundo que nós criamos para todos nós. Só pode ser compreendida dentro de uma teia de idéias que inclua os pensamentos que fundamentam a nossa cultura, com o espírito humano persistindo em todos os nós.
Rogéri da Costa analisa a generosidade a partir do pensamento de David Hume: 'A tese central de Hume é a de que nossa generosidade é limitada por natureza. O que nos é natural é uma generosidade limitada. O homem seria, então, muito menos egoísta do que parcial. A verdade é que o homem é sempre o homem de um clã, de uma comunidade. Sendo assim, a essência do interesse particular não é o egoísmo, mas a parcialidade. Com efeito, os egoísmos apenas se limitariam.'[7]
Essa generosidade limitada está impregnada nos mutirões. No efeito puxadinho colaborativo. É só chegar para ajudar o ser humano ser mais feliz. Uma mobilização que vai além da boa ação. É cotidiana e despretensiosa.
Howard Rheingold, autor do livro ’Smart Mobs’ diz que 'o potencial transformador mais profundo de conectar as inclinações humano-sociais à eficiência de tecnologias da informação é a possibilidade de fazer coisas novas juntamente, o potencial para cooperar numa escala e de maneiras nunca antes possíveis. E mais: multidões inteligentes (smart mobs) emergem quando a comunicação e as tecnologias da computação amplificam o talento humano para cooperação.'[8]
As redes da mobilização englobam a rede do conhecimento. São mais factíveis, reais, e com resultados rápidos. A sociedade civil se organiza, compra, vende, troca, aprende e ensina mobilizando as bases para o interesse comum. Desenvolver a comunidade, criar filhos, conviver com amigos, trabalhar e tentar ser feliz. Dizemos que estar em rede não há mais necessidade de operar a mudança social, ela se faz permanente.[9]
03. As redes são por demais reais
"Redes sempre tiveram o poder de produção de subjetividade e pensamento. A sociedade, o capital, o mercado, o trabalho, a arte, a guerra são hoje, definidos em termos de rede".
O fato de que pensar é pensar em rede.[10]
Para Deleuze, "pensar é experimentar, é problematizar. O saber, o poder e o si são a tripla raiz de uma problematização do pensamento. E, primeiramente, considerando-se o saber como problema, pensar é ver e é falar, mas pensar se faz no entremeio, no interstício ou na disjunção do ver e do falar. É, a cada vez, inventar o entrelaçamento, lançar uma flecha de um contra o alvo do outro, fazer brilhar um clarão de luz nas palavras, fazer ouvir um grito nas coisas visíveis. Pensar é fazer com que o ver atinja seu limite próprio, e o falar atinja o seu, de tal forma que os dois estejam no limite comum que os relaciona um ao outro separando-os".[11]
Heidegger pergunta: "O que é pensar?". E, responde: "Nós nunca chegamos aos pensamentos eles vem a nós. É a hora conveniente para a conversação. Isto nos dispõe para a meditação em comum, esta nem considera o opinar contraditório, nem tolera o concordar condescendente. O pensar permanece firme ao vento da coisa. De uma tal maneira convivência talvez alguns surjam como companheiros no oficio do pensar. A fim de que inesperadamente um deles se torne mestre".[12]
Pensar em rede não é apenas pensar na rede, que ainda remete à idéia de social ou a idéia de sistema, mas sobretudo pensar a comunicação como lugar da inovação e do acontecimento, daquilo que escapa ao pensamento da representação.
A rede apresenta dois lados, um voltado para a construção de modelos que constituem como totalidades das relações imanentes e outro para a singularidade e paisagens irredutíveis. De fato, máquinas infocomunicacionais estariam engendrando profundas transformações nos dispositivos de produção das subjetividades. Vivemos um tempo de mudanças.[13]
A relação é paradoxal. A mistura, a miscigenação cultural resulta num processo de enriquecimento e empobrecimento, singularização e massificação, desterritorilização e reterritorialização, potencialização e despotencialização da subjetividade em todas as dimensões.
04. Tecnologia maquínica
Guatarri, em Caosmose, denomina "maquínico o estrato de sentido formado por matérias expressivas heterogêneas, não-linguisticamente formadas, mas ainda assim de natureza semiótica. Substâncias de expressão heterogêneas como as codificações biológicas ou as formas de organização própria ao socius - como aquelas derivadas de instituições como a família ou a escola - atravessam, transversalmente, os domínios de sentido propriamente linguísticos."[14].
Para Guatarri, a informática e a tecnociência não são nada mais do que formas hiperdesenvolvidas da própria subjetividade. Aqui entram fatores subjetivos das atualidades históricas (componentes semiológicos significantes que se manifestam através da família, educação, esporte, cultura, meio ambiente, arte e religião,) o desenvolvimento em escala das produções maquínicas de subjetividade (elementos fabricados pela indústria das mídias, cinema, máquinas lingüísticas etc. e por último, os aspectos etológicos e ecológicos relativos a subjetividade humana, a ecologia social e a ecologia mental. E, são trabalhado por agenciamentos coletivos de enunciação.
"Uma máquina que não fosse investida de desejo e alimentada de subjetividade seria um corpo sem vida. Todo corpo tem sua artificialidade e toda máquina tem sua virtualidade. A tecnologia é, portanto, a prótese"[15]. É o corpo sem orgãos, que para Deleuze é como o mecânico supõe uma máquina social. O próprio organismo supõe um corpo sem órgãos definido por suas linhas, seus eixos e seus gradientes. Todo um funcionamento maquínico distinto das funções orgânicas sociais tanto quanto das relações mecânicas.
Nesse contexto, podemos perceber que é a primeira vez na história da humanidade que a realidade do aqui e agora se encontra imersa nas tramas de uma temporalidade maquínica. A tecnologia como fato cultural multitemporal. Heidegger diz que "a finitude do tempo só se tornava plenamente visível, quando o tempo sem fim se explicitava, por contraposição à finitude"[16]. Vivemos, então, nesta contraposição. E assim, percebemos a desconteneirização não só do tempo, mas do espaço, do ser e do conhecimento. Serres[17] diz que "o tempo multitemporal passa e não passa. ele percola".
Segundo Serres, o tempo funciona como um filtro, que ora faz passar, ora impede a passagem. É desta forma que as tecnologias remetem ao duplo movimento de aceleração e desaceleração, inovação e tradição, desterritorialização e territorialização. A contemporaneidade se caracteriza cada vez mais pela edição ou a forma como as partes do sistema são montadas ou articuladas. Esta é a cultura do remix.
E, nessa cultura remixada, misturada e miscigenada. Uma cultura que se desenvolve em rede exige o reconhecimento por parte da consciência. A partir de então, a filosofia ficou diferente, não pôde mais ignorar o estar-com-os-outros. Não se pode ignorar as relações em rede.
Podemos nos lembrar das teses de Leibniz e dos muitos caminhos possíveis que podem ser percorridos. São diferentes os percursos para cada indivíduo. Diferentes, portanto, a forma como cada um pode perceber onde vive, como vive e, escolher seu tempo. Se somarmos todos os percursos, teremos reconstituído uma pluralidade de mundos dentro de um mesmo e único mundo.
O fato de estar trilhando por caminhos obscuros, pela bifurcação da vida nos faz um experimentador de diferentes sentidos. <"...eu sentia que o mundo é um labirinto, do qual era impossível fugir, pois todos os caminhos, ainda que fingissem ir ao norte ou ao sul, iam realmente à Roma"[18]. Cá está o paradoxo!
05. Subjetividade
Subjetividade, segundo Houiass, é "realidade psíquica, emocional e cognitiva do ser humano, passível de manifestar-se simultaneamente nos âmbitos individual e coletivo, e comprometida com a apropriação intelectual dos objetos externos". O campo conceitual de subjetivação surge no trabalho de Foucault e é retomado por Deleuze e Guatarri. A subjetividade é engendrada, produzida, pelas redes e campos de força social (aqui entra o conceito de multidão, de Hardt e Negri[19]).
"Por subjetividade entendemos um conjunto de condições que torna possível que instâncias individualistas e/ou coletivas estejam em posição de emergir como território existencial auto-referencial em adjacência ou em relação com uma alteridade ela mesma subjetiva"[20]. A subjetividade, de fato é plural, polifônica, para retomar uma expressão de Mikhail Bakhtin. O que importa aqui não é unicamente o confronto com uma nova matéria de expressão. É a constituição de complexos de subjetivação: indivíduo-grupo-máquina-trocas múltiplas, que oferecem a pessoa possibilidades diversificadas de recompor uma corporeidade existencial, de sair de seus impasses repetitivos, e de, alguma forma, se re-singularizar.
Guatarri coloca, mesmo que provisoriamente, que a definição da própria subjetividade é o conjunto das condições que torna possível que instâncias individuais e/ou coletivas estejam em posição de emergir como território existencial auto-referencial, em adjacência ou em relação de delimitação comum a alteridade, ela mesma subjetiva.
06. Controle e liberdade
Deleuze aponta para a sociedade de controle; a passagem da sociedade disciplinar para a sociedade de controle, pois não precisamos mais da forma de enclausuramento das instituições disciplinares, o controle pode ser exercido ao ar livre, sobre os fluxos. Isso significa que não precisamos mais de muros para controlar. O controle se faz pela interação e em rede.
A pergunta é: será que a sociedade não estaria engendrando uma espécie de prisão ainda mais aperfeiçoada do que todas as outras, por intermédio da conexão ao ciberespaço, pela virtualização das relações humanas, pela ubiqüidade, ou por qualquer outra tecnologia que nos permite ir a todos os lugares sem sair do lugar?
Para Virílio, isso é a geração da inércia polar; para Serres a pantopia (todos os lugares em um só lugar e cada lugar em todos os lugares). Segundo Virílio, esse movimento é negativo, para Serres é positivo.
Se o espaço do enclausuramento tende a migrar para as relações com o ciberespaço, para Virílio significa o fim do espaço. Pois, 'chegaremos ao tempo em que não haverá mais campo de tênis, mas um campo virtual; não haverá passeio de bicicleta, mas exercícios em um home-trainer (...) o espaço não se estenderá mais.[21]
Essa idéia que ciberespaço é o fim do espaço, ou que a ubiqüidade absoluta é capaz de anular todo o espaço é uma utopia tecnológica. David Weinberger[22], inspirado em Heidegger, aponta para a desconteinerização da metafísica padrão. A internet rompe com espaço, com o tempo, com a individualidade e com o conhecimento. Logicamente que isto não nos torna mais humanos, mas numa simples navegação pelos sites e blogs podemos perceber que essa ruptura nos leva a um novo bom senso. Muito mais humanista, que potencializa a colaboração entre as pessoas. Pois, a conexão e a preocupação nos fazem humanos.[23]
Para Serres a relação de mistura e conexão que a rede forma cria um espaço diferente. Uma reconfiguração do espaço que iguala o físico e o virtual: todos os lugares num só lugar e cada lugar em todos os lugares. Na Internet, a informação é o mundo, se a informação é mundo e se este mundo está em rede, então temos tanto a possibilidade de ter todos os lugares quanto a de estar em todos os lugares. Pantopia remete tanto à utopia quanto ao espaço heterotópico, que em Foucault aparece como o diversos agrupamentos dos diferentes tempos e espaços.
O ciberespaço, ou o espaço informacional não significa anulação do espaço, mas apenas a realização tecnológica do espaço topológico. Ou seja, no ciberespaço vivemos relações de vizinhança, espaço de conexões, heróptico e pantópico. O espaço, segundo Foucault, passa a ser definido pelas relações de vizinhança entre pontos e elementos, e forma séries, tramas, grafos, diagramas, redes.
Remixando Spinoza: Liberdade é uma conquista, não um direito.
07. Transformação
A rede sociotécnica de grande complexidade é composta da riqueza dos nossos sentidos e faculdades, como também dos objetos, suportes, dispositivos e tecnologias.
O importante é pensar não na tecnologia em si, como prótese ou extensão, mas como um processo contínuo de delegação e distribuição das atividades cognitivas que formam uma rede com os diversos dispositivos não humanos. Em outras palavras, uma rede de aprendizado, de circulação da informação.
A informação permite resolver de forma prática - por meio de operações de seleção, de extração, de redução e de inscrição - o problema da presença e da ausência em um lugar. A informação estabelece uma interação material entre o centro e a periferia.
Como qualquer um pode interagir com a informação da maneira que quiser a partir da sua ponta, sites de busca competem entre si, o que significa escolha para os usuários e inovações constantes. Não é necessário pedir permissão para estabelecer essa interação. Se você tem uma idéia, basta executá-la. E toda vez que você faz isso, o valor da Internet (rede) aumenta. Todo o valor da Internet cresce na sua periferia. [24]
"A circulação da informação estabelece uma 'zona de comunidade', isto é, a descoberta daquilo que nos outros corpos convém ao nosso. Aquilo que nos afeta. Que nos é relevante. Este é o primeiro patamar de uma relação consistente. Naturalmente, por mais raro que tenha se tornado, este ainda é o patamar mais fácil de alcançarmos e aquele que, talvez, nos dará a força necessária para conhecer o que é mais difícil: aquilo que nos outros é diferente e corresponde a sua "zona de singularidade". Porque é preciso uma potência ainda maior para se conhecer, nos outros corpos, aquilo que não nos convém."[25]
08. Rizoma
Um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança. A árvore impõe o verbo "ser", mas o rizoma tem como tecido a conjunção "e... e... e..." Há nesta conjunção força suficiente para sacudir e desenraizar o verbo ser.
Entre as coisas não designa uma correlação localizável que vai de uma para outra e reciprocamente, mas uma direção perpendicular, um movimento transversal que as carrega uma e outra, riacho sem início nem fim, que rói suas duas margens e adquire velocidade no meio'.[26]
Deleuze e Guatarri contrapõem rizoma a árvore. A metáfora das ramificações arborescentes nos ajuda a entender uma espécie de programa mental, nos plantam árvores na cabeça: a da vida, a do saber, etc. E o poder, na sociedade, é sempre arborescente – a metáfora visualiza, comunica melhor o sentido dessa estrutura que representa a hierarquia. Mas na organização do saber, quase todas as disciplinas passam por esquemas de arborescência: a biologia, a informática, a lingüística (os autômatos ou sistemas centrais). Na realidade, não se trata de uma simples metáfora (no sentido lingüístico) e sim o que nos faze entender essa metáfora é que existe todo um aparato que se planta no pensamento, um programa de funcionamento para obriga-lo a ir pelo "bom" caminho, das idéias "justas". A metáfora da árvore clareia a maneira de como se articulam, na comunicação social, os esquemas de poder: A contraposição "árvore" / "rizoma" pode assim se valer da revisão crítica das estruturas de poder vigentes na sociedade.[27]
Essas características das redes podem ser aplicadas aos organismos, às tecnologias, aos diispositivos, mas também à subjetividade. Somos uma rede de redes (multiplicidade), cada rede remetendo a outras redes de natureza diversa (heterogênese), em um processo auto-referente (autopoiésis).
Esse rizoma se regenera continuamente por suas interações e transformações. A subjetividade é como a cognição, o advento, a emergência de um afeto e de um mundo a partir de suas ações no mundo.
Pensamos rizomas. Não só nas raízes que se bifurcam, crescem aleatoriamente sem comando e controle. O rizoma nos mostra o comportamento das redes, onde a trama de nós não mais identifica o ser, o corpo, o autor. Somos um produto rizomático. Multidões dentro de todos nós. Dentro e fora, fora e dentro. O corpo não tem limite. Distende-se para o infinito e para o além.
É complicado? Bem, esqueça aquilo que te faz se enxergar como ser humano. Estamos nos referindo a uma outra tradição filosófica. Isso implica na maneira de sentirmos a vida. Para que tanto racionalismo? Por que pensar no homem como centro do mundo? E para que tanto esforço? O corpo se distende para um todo. As relações corpo- máquina (e todas as relações que derivam dessas aproximações) nos fazem entender que não mais importa diferenciar as partes. O ser natural, aquele desprovido dos males tecnológicos, jamais existiu. Ou melhor, não existe desde que as funções do homem se distendem na relação com o ambiente. E isso data da idade da pedra lascada. Nossa cultura é hibrida (e miscigenada?).
09. Produção biopolítica
Biopolítico foi o termo forjado por Foucault para designar uma das modalidades de exercício do poder sobre a população enquanto massa global. Negri e Lazzarato propõem uma pequena inversão conceitual. Biopolítica deixa de ser a perspectiva do poder sobre o corpo da população e suas condições de reprodução, sua vida. A própria noção de vida deixa de ser definida apenas em termos dos processos biológicos que afetam a população.
"É preciso insistir sobre o fato que a atividade implicada no trabalho imaterial permanece, ela mesma, material – ela engaja nosso corpo e nosso cérebro, como todo trabalho. O que é imaterial é seu produto. E, desse ponto de vista, nós admitimos que a expressão 'trabalho imaterial' é bastante ambígua. Talvez, por isso, seja preferível falar de 'trabalho biopolítico', isto é, um trabalho que cria não somente bens materiais, mas também relações e, em última instância, a própria vida social".[28]. Vida significa afeto, inteligência, desejo e cooperação.
O campo de luta da comunicação está em conter (ou em não abandonar) o monstro das mídias e da comunicação de massa que tornam a maioria da sociedade zumbis prisioneiros.
10. Redes de colaboração
Em 'The hacker Ethic and the spirit of the information age', Peka Himanen identifica o hacker como: ‘A questão principal, então, passou a ser como seria se o hackers começassem a ser analisados sob uma perspectiva mais abrangente. O que significa o desafio lançado por eles? Sob essa ótica, a palavra hacker é utilizada para descrever uma pessoa com uma determinada obsessão pelo trabalho, relação essa que está ficando cada vez mas aparente na Era da Infomação.
Desse ponto de vista, a ética dos hackers é uma nova ética de trabalho que desafia o comportamento em relação ao trabalho, conforme explica Max Weber em seu clássico A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. (...) Contudo, a ética dos hackers é, acima de tudo, um desafio para nossa sociedade e para nossa existência. Além da ética do trabalho, o segundo aspecto é a ética do dinheiro – um aspecto definido por Weber como outro componente da ética protestante. É certo que o compartilhamento das informações mencionado na definição da ética dos hackers não é a forma predominante pela qual se faz dinheiro. Ao contrário, as pessoas ganham dinheiro, na maior parte dos casos, quando detém a informação.’[29]
Continuando nessa linha de raciocínio, Himanen define o mundo hacker e suas motivações pelo desejo de construir algo para a comunidade. Algo que seja valoroso. A reputação aparece aqui como uma forma de 'remuneração'. Mas ninguém vive de reputação.
Os hackers surgiram no ambiente universitário. Com as contas balanceadas é fácil, muito fácil, romper com as estruturas impostas pelo capitalismo. Stallman11 podia priorizar o desenvolvimento de um driver para a impressora. E quebrar com os modelos da indústria de software. No Brasil ele morreria de fome.
As originalidades das conversações que acontecem no baixo hemisfério devem ser analisadas por outro viés. Ser hacker é uma forma de sobrevivência. Essa análise se descola da cibercultura e entra nas relações que acontecem na sociedade brasileira. A colaboração é uma estratégia de sobrevivência nas periferias. Não vou me alongar nas perversidades das classes dominantes; vou focar na forma como os brasileiros descobrem o atalho para o futuro.
É lógico que o debate na sociedade virtual está osmoticamente invadindo a sociedade estabelecida. Alguns princípios do ser humano estão sendo transformados. O novo bom senso aceita a revolução digital como propulsora de uma nova ordem. Aceita a anarquia como uma forma viável de balanço entre os poderes. Aceita que o conhecimento deve ser livre, e o direito que as pessoas comuns têm de dividir esse conhecimento. Assim, empresas e o governo se tornam muito mais frágeis frente a essa realidade. Construíram um verdadeiro muro de Berlim, que divide a sociedade em castas dos opressores e oprimidos, dos poderosos e fracos, dos produtores e consumidores, do bem e do mal. Não acredito numa sociedade tão maniqueísta. Assim, a multidão hiperconectada vem promover a ruptura da ética protestante, que ajudou a evolução da sociedade industrial. Pois, na era do conhecimento, esses valores devem ser sobrepujados por uma outra ética. A proposta da sociedade da informação é a ética Hacker, que está sendo adotada pelo movimento do software livre.
Para entender esta ruptura dos paradigmas temos que pensar e participar. Um novo sistema está nascendo. Esqueça o velho comando e controle. Está surgindo uma consciência inequívoca de que a construção de baixo para cima tem muito para oferecer para o desenvolvimento do processo coletivo. Uma sociedade que sobrevive e se recria na sua própria diversidade.
E, assim, tudo muda. Crianças aprendem a colaborar, a desenvolver projetos online e a espelhar os sonhos no ambiente web. O mundo virtual não é diferente do nosso bom e querido mundo real. A internet está ensinando os usuários a se inter-relacionarem neste espaço virtual. Não existe segredo, apenas boa vontade e obstinação.
Criar para a sociedade. Fazer acontecer independentemente do retorno financeiro a curto prazo. É esta a grande novidade. A metodologia de trabalho é simples e virtual. Qualquer pessoa com um computador conectado na rede e com um pouco de conhecimento tem a possibilidade de participar voluntariamente de alguns projetos importantes. E sem dúvida é a melhor opção.
Richard Barbrook diz que no fim do século 20, o anarco- comunismo não está mais confinado entre em os intelectuais de vanguarda. O que antes fôra revolucionário agora é banal. Ele diz que as pessoas participam dessa hi-tech gift economy, ou seja, uma economia onde os bens estão disponíveis tão abundantemente que são fluem livremente. Uma economia que, de certa forma, rege a prática do conhecimento livre. Para muitas pessoas a ‘gift economy’ é simplesmente o melhor método de colaboração no espaço cibernético. Nessa economia mista da Rede, o anarco-comunismo se tornou uma realidade do cotidiano.[30]
Colaboração é a palavra do século 21. Linus Torvalds causou um alvoroço enorme ao liberar o código numa lista de debates. ‘Release early and release often’ passou a redesenhar um modelo de produção. Colaboração como capital social. Colaboração para fazer qualquer coisa que o desejo provoque. Colaboração como condição de sobrevivência.
11. TAZ
A nova criatura é tática. Uma TAZ flutuante
Para entender essa ruptura temos que montar um cenário para a contextualização do que significa conversação. Não é tão difícil definir esse movimento. Zonas piratas emergem de uma rede catalisada pela conectividade cibernética. Hakim Bey denomina esse fenômeno como TAZ[31] (Temporary Autonomous Zone). Esse barulho das TAZes identifica e aponta para as mutações provocadas por uma sociedade que começa, sensivelmente, a acrescentar um viés colaborativo aos meios de produção.
TAZ significa zona autônoma temporária. São lugares no espaço, no tempo e nas idéias que escapam dos poderes. Ou melhor: invisíveis aos poderes, durante algum tempo e de uma maneira nunca absoluta –-já que não existe "liberdade total". TAZes são espaços nos quais pessoas desenvolvem autogoverno(s) e expandem desejos múltiplos. Festas, comunas, surubas, invasões ou simplesmente comunidades, livre-associações. A TAZ nos faz retomar a idéia de impermanência.
Essa impermanência é uma atitude de uma sociedade conectada. Uma desconstrução para uma aglutinação com uma outra estabilidade. Assim, não dá para entender esse novo momento sob a ótica e convenções do velho paradigma capitalista. A impermanência é um aspecto da esquizofrenia informacional. Negri e Hardt chama de multidão esse monstro ontológico que aflora de baixo para cima para o enfrentamento do poder imperial.
Como em todos os processos inovadores, o modo de produção que emerge é instalado contra as condições das quais ele deve se liberar. O modo de produção da multidão é instalado contra a exploração em nome do trabalho, contra a propriedade en nome da cooperação, e contra a corrupção em nome da liberdade. Auto-valoriza os corpos no trabalho, se reapropria da inteligência produtiva mediante a cooperação, e transforma a existência em liberdade. A história da composição de classe e a história da militância trabalhadora demonstram a matriz destas sempre novas, e ainda assim determinadas, reconfigurações de autovalorização, cooperação e auto-organização política, como um efetivo projeto social.
A esquizofrenia atinge, assim, seu lugar na estrutura política. Não somos indivíduos. O corpo não dividido foi escorraçado por Freud. As multiplicidades de singularidades formam a multidão hiperconectada.
O 'ser' deixa o centro da existência. O cartesianismo não explica mais o nosso mundo. Está, lentamente, sendo deixado no seu lugar. O pensamento humano está em transformação em tempo real. Não mais pensamos para poder existir. Aliás, como diz Murilo Mendes: “Só não existe o que não pode ser imaginado” [32].
12. 0 impacto
Em World of Ends[33], David Weinberger e Doc Searls colocam: 'quando olhamos para um poste, vemos redes como fios. E vemos estes fios como parte de sistemas: o sistema telefônico, o sistema de energia elétrica, o sistema de TV a cabo. Mas a Internet é diferente. Não é fiação. Não é um sistema. E não é uma fonte de programação. A Internet é um modo que permite a todas coisas que se chamam redes coexistir e trabalhar em conjunto. É uma Inter-net (inter-rede), literalmente.
O que faz a "Net" ser "Inter" é o fato de ela ser apenas um protocolo - o protocolo Internet (IP - "Internet Protocol"), para ser mais preciso. Um protocolo é um acordo sobre como fazer coisas funcionarem em conjunto. Este protocolo não especifica o que as pessoas podem fazer com a rede, o que podem construir na sua periferia, o que podem dizer, ou quem pode dizer. O protocolo simplesmente diz: se você quer trocar bits com outros, é assim que se faz. Se você quer conectar um computador - ou um celular ou uma geladeira - à internet, você tem que aceitar o acordo que é a Internet.'
Esse protocolo não apenas instala o controle (...) Protocolo é fundamentalmente a tecnologia de inclusão, e a abertura é a chave para essa inclusão [34]. A cultura hacker percebe a imaturidade desses protocolos e propõe uma nova ética e bom senso que vem não romper os paradigmas que ainda não existem, mas sim forjar um novo modelo. Esses argumentos e idéias me levam a pensar na internet como um espaço de agenciamento, mas que torna possíveis saltos acentuados tanto da mutação ética como na ação direta da microfísica do poder.
Nessa espuma informacional emergem novas formas de interação. Listas de discussão, blogs, flogs, Orkuts, mensagens instantâneas, ou qualquer outra ferramenta que conecte grupos. Esses grupos formam focos de movimentos sociais. Quanto mais engajado for o projeto mais intensa será a ação coletiva. Esse fuzuê informacional torna possível a catalisação do agenciamento coletivo.
Numa multidão hiperconectada o conhecimento livre tende a se expandir. No entanto, a prática do conhecimento livre traz a reboque uma série de novos paradigmas que dialogam em tempo real com os enunciados que até agora deram sustentabilidade filosófica à humanidade. Estamos presenciando mudanças drásticas nos debates sobre propriedade intelectual, liberdade de expressão, nas políticas de comunicação. Estamos apenas no início desta revolução não televisionada.
A Internet é maquínica. Pois recria um poder nômade no âmago. Um poder que se recria a cada instante. Catalisados pelos nós das redes. Uma reviravolta acontece nos dogmas ocidentais. Onde se lia transcendência, agora se enxerga e se vive a imanência.
Referências
[1] WEINBERGER, D.; The Hyperlinked Metaphysics of the Web;
http://www.hyperorg.com/misc/metaphysics/index.html
[2] LÉVY, Pierre. O que é o virtual? São Paulo: Editora 34, 2001, pg 148
[3] RAYMOND, E.; Catedral e o Bazar, 1998 – Traduzido por Erik Kohler
http://pt.wikisource.org/wiki/A_Catedral_e_o_Bazar
[4] DELEUZE, G., GUATTARI, F.; Mil Platôs - capitalismo e esquizofrenia vol.1; Editora 34; 2004
[5] Deleuze G 1978/1981. Les Cours de Vincennes sur Spinoza. http://www.webdeleuze.com
[6] http://pt.wikipedia.com
[7] Rogério da Costa em 'Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva - http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832005000200003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
[8] RHEINGOLD, H.; Smart Mobs: The Next Social Revolution; Perseus Books, 2003
[9] Pierre Musso. A filosofia da rede. In Tramas da rede. Porto Alegre: Sulina, 2004. Org. André Parente.
[10] André Parente. Enredando o pensamento: redes de transformação e subjetividade. In Tramas da rede. Porto Alegre: Sulina, 2004. Org. André Parente.
[11] DELEUZE, Gilles, Foucault; Coleção Perfis; Vega, 2a edição;1998 p. 124-130.
[12] Heidegger, M. Da experiência do pensar, Globo, 1968, Port Alegre, 35
[13] André Parente. Enredando o pensamento: redes de transformação e subjetividade. In Tramas da rede. Porto Alegre: Sulina, 2004. Org. André Parente.
[14] Guatarri, Caosmose, p.35-38
[15] DELEUZE. Conversações, 1998.p.122
[16] Martin Heidegger,Ser e Tempo, Vozes, Petrópolis,1997,2-II:125,
[17] André Parente. Enredando o pensamento: redes de transformação e subjetividade. In Tramas da rede. Porto Alegre: Sulina, 2004. Org. André Parente.
[18] BORGES, Jorge Luis. Obras completas vol. 1. São Paulo: Globo, 1998.p. 564
[19] NEGRI, A., Hardt, M.; Multitude - war and democracy in the age of empire; The Penguin Press, NY; 2004
[20] GUATTARI. Caosmose, p.19
[21] André Parente. Enredando o pensamento: redes de transformação e subjetividade. In Tramas da rede. Porto Alegre: Sulina, 2004. Org. André Parente.
[22] WEINBERGER, D.; The Hyperlinked Metaphysics of the Web;
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[23] WEINBERGER, D.; Small Pieces Loosely Joined (a unified theory of the web); Perseus Books; 2002
[24] SEARLS, D., WEINBERGER, D.; World of Ends - What the Internet Is and How to Stop
Mistaking It for Something Else; 2003
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[25] Teixeira RR, As redes de trabalho afetivo e a contribuição da saúde para a emergência de uma outra concepção de público, 2006 - http://corposem.org/rizoma/redeafetiva.htm
[26] DELEUZE, G., GUATTARI, F.; Mil Platôs - capitalismo e esquizofrenia vol.1; Editora 34; 2004
[27] André Parente. Enredando o pensamento: redes de transformação e subjetividade. In Tramas da rede. Porto Alegre: Sulina, 2004. Org. André Parente.
[28] NEGRI, A., Hardt, M.; Empire; Harvard University Press; London, 2000
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[30] BARBROOK, R.; Cibercomunismo: como os americanos estão superando o capitalismo no
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http://members.fortunecity.com/cibercultura/vol4/cibercom.html
[31] BEY, Hakim; TAZ - Zona Autônoma Temporária; SP; Editora Conrad; 2001
[32] Murilo Mendes ( poeta - 1901-1975), citado em SODRÉ, M.; Antropológica do Espelho - uma teoria da comunicação linear e em rede; Editora Vozes; 2002
[33] SEARLS, D., WEINBERGER, D.; World of Ends - What the Internet Is and How to Stop
Mistaking It for Something Else; 2003
http://www.worldofends.com
[34] G
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