sábado, 28 de novembro de 2009

Educação, economia do amor e as nove dimensões do FIB - Marcos Arruda

O amor nasce do entendimento de que não podemos ser plenamente nós sem
o Outro. Amar pressupõe, portanto, plena aceitação e aprendizado.

O amor nasce do entendimento de que não podemos ser plenamente nós sem
o Outro. Amar pressupõe, portanto, plena aceitação e aprendizado. Exige
de nós total apoio e cuidado para com o Outro. Um cuidado que não se
limita ao Outro humano, mas abrange a Terra e o Cosmos. Sem a práxis
amorosa, toda ideologia, toda filosofia e toda retórica são vãs.

Economia, em grego, quer dizer gestão da casa. Todos precisamos
gerir e cuidar de cada uma das casas que habitamos, bem como aspirar ao
desenvolvimento integral. Mas isso nada tem a ver com o acúmulo de bens
materiais. O objetivo último da atividade econômica é o mais-ser
(Teilhard) e não o bem-estar. Se a economia solidária é a construção do
bem-estar para todos, a educação solidária é a construção permanente do
mais-ser, do impulso permanente de ir sempre mais além.

É nesse sentido que o índice Felicidade Interna Bruta (FIB) do
Butão oferece um cenário possível para uma economia do amor, pois toma
como referência o ser humano & pessoa e sociedade & e o sentido
maior da sua existência, a felicidade. Seus indicadores cobrem nove
campos da vida familiar e social. Cabe a nós pesquisar como melhor
definir Felicidade na nossa cultura e desenhar os melhores indicadores.

1. Padrão de vida ou desenvolvimento socioeconômico. O FIB
identifica a proporção de padrão de vida digno que a sociedade logrou
alcançar para toda a população, e as carências a preencher através de
políticas públicas e de uma estrutura equitativa e sustentável de
consumo, produção e distribuição. Padrão de vida digno é aquele que
permite a satisfação das necessidades básicas para todos. Concluído o
índice FIB, abre-se outra etapa em que tais carências passam a fazer
parte do plano de desenvolvimento socioeconômico.

2. Boa governança. A boa governança é a sábia gestão do poder
econômico e político que garanta as condições materiais, sociais,
culturais e ecológicas de viver em harmonia, alegria, paz e Felicidade.

3. Educação. Nesse campo há que se pesquisar elementos como
abrangência, qualidade e alcance da educação para estabelecer o FIB.

4. Saúde. O FIB considera a autogestão da saúde individual e
comunitária. Para isso a medicina preventiva tem lugar de relevo, assim
como as atividades produtivas da saúde.

5. Resiliência Ecológica. O FIB propõe que se encontre o justo
equilíbrio entre este campo de indicadores e o do padrão de vida,
sobretudo no aspecto da soberania e segurança alimentar.

6. Diversidade Cultural. No Brasil a diversidade cultural resulta
de uma dolorosa construção histórica: genocídio colonial, escravismo,
barbárie contra as populações autóctones, imigração maciça no
pós-guerras. Neste campo a homogeinização e a incessante competição são
substituídos pelo princípio da complementaridade do diverso.

7. Vitalidade Comunitária. Como ser social, relacional e
interdependente que se realiza na comunicação e na cooperação, o ser
humano necessita de vitalidade comunitária para ser feliz. Sem carinho,
afeto e amor o Ser Humano se desfigura, adoece, morre... ou passa a
matar.

8. Uso equilibrado do tempo. Ao FIB interessa saber se estamos
usando nosso tempo de modo equilibrado. O tempo disponível, como toda
outra riqueza, é função do modo de distribuição de todas as riquezas de
uma sociedade. Tempo é desenvolvimento mental, psíquico, espiritual!
Nesta ótica, tempo é riqueza!

9. Bem estar psicológico e espiritual. O bem estar psíquico e
espiritual consiste em vivenciar encontros gratificantes entre pessoas,
ter o sentido de comunhão com os outros e com o meio natural, o sentido
de pertencimento, o acesso à tradição e à integridade cultural e a paz
com justiça e equidade.

Marcos Arruda

Director of Políticas Alternativas Para o Cone Sul (PACS)

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