segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Redes são engenhos do Futuro - Gilson Schwartz

Núcleo de Estudos do Futuro

Redes são engenhos de sinapses sociais

Autor(es): Gilson Schwartz

Se as sinapses estão na comunicação entre os neurônios, que tipo de conexão é estabelecida quando se conectam inteligências? Essas "sinapses sociais" têm uma manifestação elétrica e material (as redes de máquinas), mas a sua utilização coletiva é o que faz a diferença, criando tanta ou mais distância que a existente entre um osso e uma flauta.

Os horizontes do desenvolvimento humano estão atualmente condicionados pela capacidade das comunidades de produzir, trocar e gerenciar conhecimentos por meio de novas tecnologias de informação e comunicação. A utilização das novas mídias digitais para a colaboração na produção de conhecimento é um objetivo estratégico, que vai além da inclusão digital no sentido habitual.

Se, de fato, as organizações aprendem, como afirma a literatura contemporânea sobre gestão do conhecimento e cultura organizacional, então o desenvolvimento de redes entre as organizações pode equivaler, sobretudo por meio do adensamento de processos de educação a distância, à criação de um "colaboratório" de dimensões nacionais e mesmo internacionais feito de espaços públicos de aprendizagem permanente e de renegociação recorrente de possibilidades de produção de bens, serviços e valores.

Políticas de renda e de demanda sustentáveis -e que estejam associadas a projetos sociais, econômicos e culturais focados na difusão transversal de cadeias produtivas de conhecimento- são uma condição necessária para o desenvolvimento equilibrado da sociedade da informação. A referência geopolítica é também crucial. Está em jogo a redefinição das fronteiras e participações relativas das diferentes línguas e culturas no acervo digital global.

O marco tecnológico é o da emergência da televisão digital interativa, do amadurecimento de novos padrões de uso da telefonia e de uma nova onda de desenvolvimento da indústria nacional de software e hardware. As fronteiras de desenvolvimento se ampliarão com a diversificação das culturas de uso, das linguagens, dos modelos de negócio e dos padrões de financiamento (a começar pelo microcrédito).

Para que essas novas políticas públicas possam se viabilizar, é preciso construir não apenas a infra-estrutura física, logística e tecnológica (processo que já tem avançado) mas também induzir a criação de cultura e conteúdo, indicadores e métricas, interfaces, produtos e serviços capazes de fecundar os elos estratégicos. Sinapses estruturantes da nossa vida social.

Sobre o autor:
Gilson Schwartz, 43, é diretor acadêmico da Cidade do Conhecimento da USP e membro do Comitê Diretor da Rede Internacional de Pesquisa sobre Inteligência Coletiva. Participa da formação de uma nova rede de comunicação de alcance nacional, a Spin. Artigo originalmente publicado na Folha de S.Paulo/Sinapse, de 26/08/03.

fonte: http://www.icoletiva.com.br/secao.asp?tipo=artigos&id=65

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