quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Um Mundo novo é possível - Ervin Laszlo

Um mundo novo é possível...

Momentos decisivos
( Matéria publicada na revista Bons Fluídos, edição de Janeiro )

Clube de Budapeste
Você pode mudar o mundo.

Esse é o lema de um movimento mundial para melhorar a vida no planeta, iniciado pelo Clube de Budapeste, uma associação humanista que reúne cientistas, escritores, empresários, líderes políticos e espirituais. O presidente do clube, o filósofo Ervin Laszlo, húngaro de 70 anos, esteve no Brasil, onde lançou o Prêmio Planeta Casa 2003, da revista Casa Claudia, e falou a Bons Fluidos sobre os desafios que enfrentaremos nesta década.

Gente como o líder budista Dalai-Lama, o cantor inglês Peter Gabriel e o ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev fazem parte do Clube de Budapeste, criado para analisar as grandes questões mundiais que afetam a sobrevivência de cada um de nós e do planeta. Escassez de água e energia e desenvolvimento sustentável são temas de discussão permanente nesse clube, que tem propostas concretas para melhorar a qualidade de vida hoje e no futuro. Segundo Ervin Laszlo, presidente da entidade, nossas escolhas - como consumidores e cidadãos - nos próximos dez anos serão fundamentais para evitar o caos.

Bons Fluidos - O que está acontecendo com o mundo hoje?

Ervin Laszlo - Estamos num momento que chamo de macrotransição, um processo de mudança que ocorre em vários níveis ao mesmo tempo: em todos os países, na economia, na sociedade, no ambiente, na natureza. E o resultado é imprevisível. Pode ocorrer uma nova organização do sistema, melhor e mais sustentável. Ou um colapso, o caos, com o fim de muitas espécies e culturas.

BF - Em que ponto desse processo estamos agora?

EL - É a primeira vez que o mundo enfrenta o fato de que não é sustentável. Quer dizer, não há recursos suficientes para todos. É só ver como o clima está mudando, como não há água potável nem comida para todos, como as doenças se alastram. O primeiro documento sobre isso foi elaborado em 1972 e já apontava que os recursos naturais não eram inesgotáveis. Mas só 30 anos depois estamos nos dando conta de que isso é real.

BF - Por que esta primeira década do século 21 é crucial?

EL - O tempo para mudar é muito curto, o colapso pode acontecer a qualquer momento - pode ser uma guerra nuclear ou a escalada do terrorismo, que é uma das manifestações do nível de estresse mundial. Há cinco, dez anos, não dava para imaginar que alguém estivesse disposto a fazer ataques como os de 11 de Setembro, nos Estados Unidos. As pessoas estão tão perturbadas e sentem tanta raiva que se dispõem a sacrificar suas próprias vidas para promover mudanças.

BF - Qual é o papel dos valores espirituais em tudo isso?

EL - Não estamos falando apenas de religião. Na verdade, são valores éticos e humanitários, que estão além do egoísmo e da ganância. Se você for uma pessoa espiritual, sabe que faz parte da natureza e, então, tem mais apreço por sua vida, mais noção de responsabilidade sobre o que faz. O que interessa é que você faz parte da criação e do Universo.

BF - Como é possível incorporar esses valores no dia-a-dia?

EL - Gandhi (líder pacifista indiano) dizia: "Seja a mudança que você quer ver no mundo". Para ser uma pessoa mais profunda e mais responsável, dedique um tempo de seu dia para pensar em seu papel na vida e agir com mais consciência. Não dá para ter paz no mundo sem ter paz de espírito.

BF - O senhor afirma que o planeta precisaria ter três vezes mais água e terra para dar conta das necessidades da população mundial. É possível reverter esse quadro?

EL - Sim, porque as coisas podem mudar muito rapidamente. Graças aos sistemas de comunicação, o que se faz aqui afeta as pessoas do outro lado do mundo. Se for possível unir todos os movimentos positivos que surgem ao redor do globo, na prática o potencial de mudança será poderoso.

BF - Essas mudanças positivas existem de fato?

EL - Há um novo espírito, que está crescendo. Vejo gente de classes mais abastadas do mundo todo adotando um estilo de vida em que não se consome em excesso. Pois, pessoas muito pobres não podem ter esse tipo de preocupação. Mas, quando a sobrevivência está garantida, fica a critério de cada um decidir coisas simples, como reciclar ou não o lixo.

BF - As organizações não-governamentais ajudam a mudar o mundo?

EL - O problema é que existem ONGs demais. Milhares de organizações fazem coisas boas, mas sem força política e econômica suficiente porque não estão trabalhando juntas. Se agissem de maneira integrada, teriam mais influência.

BF - Uma pesquisa recente feita nos Estados Unidos mostrou que a proteção à família é o que as pessoas mais valorizam nesse momento. O que o senhor acha disso?

EL - Com tantas ameaças de ataques terroristas e instabilidade no emprego, é claro que a preocupação vai ser com a segurança pessoal. Mas é preciso tomar cuidado com pesquisas de opinião porque as pessoas dizem o que causa boa impressão. É preciso analisar em que tipo de políticos elas votam, que tipo de produto compram, como trabalham e como se relacionam. O que conta é ter mais consciência em cada atitude.

BF - Qual nosso maior desafio?

EL - É começar a viver de maneira que o planeta continue sustentável. Daqui a dez anos vamos estar vivos. Em 20 anos também. Mas, se não mudarmos o modo de fazer as coisas, se não tivermos mais consciência em nossas escolhas, quando nossos filhos e netos ficarem mais velhos, este planeta estará em um estado lamentável.

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